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Guerra na Ucrânia
Kiev ataca Moscovo. Xi Jinping em visita de quatro dias à Rússia
Xi Jinping chegou a Moscovo numa deslocação de quatro dias, e para assistir à parada militar russa que comemora o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, conhecida na Rússia como Dia da Vitória. A chegada do líder chinês coincidiu com os ataques de drones ucranianos à capital russa.
Esta quarta-feira, o Kremlin afirmou estar a tomar “todas as medidas necessárias” para garantir a segurança das próximas celebrações em Moscovo, que assinalam o 80.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi, nas quais cerca de trinta líderes estrangeiros deverão participar ao lado de Vladimir Putin.
As celebrações ocupam um lugar central no culto patriótico da vitória de 1945, promovido pelo Kremlin, que defende que a ofensiva na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 e que já custou dezenas de milhares de vidas de ambos os lados, é um prolongamento da guerra contra Hitler.Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, foram introduzidas na capital russa “restrições ao funcionamento da internet móvel”, devido às ameaças ucranianas.
As cerimónias culminarão com uma parada militar na Praça Vermelha, na sexta-feira, que contará com a presença do presidente chinês Xi Jinping.
A visita de Xi ocorre no momento em que a China está envolvida numa guerra comercial com os EUA e pouco depois de a Ucrânia ter acusado a China de ajudar diretamente a invasão russa, e sublinha a sua estreita relação com Vladimir Putin.
É a 11ª visita de Xi à Rússia - mais do que a qualquer outro país - desde que se tornou presidente.
O comércio bilateral entre a China e a Rússia atingiu níveis recorde desde a invasão russa da Ucrânia em 2022, proporcionando a Moscovo uma tábua de salvação económica numa altura em que os países ocidentais lhe impuseram sanções. O comércio entre Pequim e Moscovo atingiu 245 mil milhões de dólares em 2024, mais 66 por cento do que em 2021.
A China afirma que é uma parte neutra na guerra e que apoia uma resolução pacífica do conflito. No entanto, nos últimos meses, Kiev tem-se manifestado cada vez mais abertamente sobre o que diz ser a ajuda direta da China aos esforços de guerra de Moscovo.
Dois mercenários chineses, entre centenas que viajaram para combater com o exército russo, foram apanhados na região oriental de Donetsk no mês passado. Não tinham uma ligação direta com o Estado chinês, mas é fácil encontrar vídeos de recrutamento nas redes sociais chinesas, que são fortemente controladas.
Volodymyr Zelensky acusou a China de fechar os olhos à participação dos seus cidadãos na guerra.
Trégua incerta
Para assinalar as comemorações, o presidente russo Vladimir Putin anunciou, a 28 de abril, uma trégua unilateral de três dias, de 8 a 10 de maio.
Poucas horas antes do início do cessar-fogo, o exército russo lançou cinco mísseis balísticos e 187 drones contra a Ucrânia durante a noite, informou a força aérea ucraniana esta quarta-feira, afirmando ter abatido dois desses mísseis e 81 drones, e que 64 outros eram chamarizes que desapareceram sem causar quaisquer danos.
A proposta de Putin foi fortemente criticada por Kiev, cujo país continua quase 20 por cento ocupado pela Rússia.
Volodymyr Zelensky “não acredita” que a Rússia respeite a trégua e afirmou que a Ucrânia não pode garantir a segurança dos líderes que se deslocam a Moscovo.
c/ Agências