Kremlin exclui dois meios de comunicação da oposição e um ucraniano

O Kremlin anunciou hoje a exclusão das suas conferências de imprensa de dois meios de comunicação da oposição russa, o jornal digital Meduza e a rádio Eco de Moscovo, e um ucraniano, a agência de notícias UNIAN.

Lusa /

"Foi necessário limpar o que se conhece como `pool`", explicou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, na sua conferência de imprensa diária.

Peskov especificou que a rádio Eco de Moscovo, muito crítica em relação à atual "operação militar especial" russa na Ucrânia, "não existe mais", pois foi encerrada em 02 de março por ordem da Procuradoria-Geral da Rússia.

Quanto à agência de notícias UNIAN, Peskov explicou que o seu correspondente "sempre participou nas conferências de imprensa, mas partiu há tempos e está incontactável".

"E a Meduza praticamente deixou de ter qualquer relação com a Rússia. Não é um meio de comunicação russo e não tem acreditação", sublinhou Peskov.

Em reação, o jornal Meduza [baseado em Riga, mas formado por jornalistas russos que produzem conteúdo em russo] respondeu que possui uma acreditação concedida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo.

Centenas de meios de comunicação e portais de notícias foram encerrados na Rússia desde o início da campanha militar na Ucrânia em 24 de fevereiro.

Foram encerrados meios de comunicação históricos como o jornal "Novaya Gazeta" ou o canal de televisão "Dozhd", enquanto um grande número de repórteres russos exilou-se em Riga, o refúgio favorito dos jornalistas perseguidos pelo Kremlin.

O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu recentemente defender os jornalistas "patrióticos" depois de acusar a Ucrânia de planear o assassínio de vários famosos apresentadores de televisão.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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