Libaneses estimam em 1.400 ME danos provocados pelos confrontos no sul do país

por Lusa

A dimensão dos danos causados pelos bombardeamentos israelitas no sul do Líbano, após sete meses de violência contra o movimento xiita Hezbollah, ascende a cerca de 1.500 milhões de dólares (quase 1.400 milhões de euros), revelou hoje fonte oficial.

Segundo Hachem Haidar, chefe do Conselho do Sul, instituição oficial responsável pelo levantamento dos danos no sul do Líbano, desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, a 07 de outubro, trocas de tiros diárias têm colocado o exército israelita contra o movimento pró-iraniano, que afirma apoiar o movimento islamita palestiniano.

Nesse sentido, Haidar, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), estimou "em mais de 1.000 milhões de dólares (930 milhões de euros) a dimensão dos danos causados a edifícios e instituições" desde o início da escalada até ao início deste mês.

A escalada causou danos maciços nas infraestruturas, estimados pelo Conselho do Sul em cerca de 500 milhões de dólares (465 milhões de euros). 

Os danos afetaram sobretudo os serviços essenciais e as estradas.

Segundo Haidar, 80% das estatísticas foram recolhidas pelas equipas do Conselho do Sul no terreno.

"O Conselho do Sul obtém as suas informações sobre estes territórios junto de engenheiros, presidentes de câmara e eleitos locais que nos fornecem os dados de que dispõem", acrescentou Hachem.

Os jornalistas não conseguem chegar às zonas fronteiriças devido à intensidade dos bombardeamentos e à destruição das estradas principais. Os condutores de ambulâncias e as equipas de salvamento relatam a destruição maciça de aldeias que ficaram completamente desertas.

No seu mais recente relatório, as Nações Unidas indicaram que a escalada tinha deslocado mais de 93.000 pessoas no Líbano.

Israel afirma estar a visar as infraestruturas e as posições do Hezbollah, mas milhares de casas foram parcial ou totalmente danificadas, segundo as autoridades locais. 

Os bombardeamentos visaram igualmente os meios de subsistência das populações e os campos agrícolas. 

O Líbano acusa Israel de utilizar fósforo branco -- armas incendiárias cuja utilização contra civis é proibida -- no conflito.

As autoridades libanesas estão à espera de um cessar-fogo para poderem avaliar os danos, mas o processo de compensação ainda não é claro, num país que está a braços com uma crise económica sem precedentes desde 2019.

Em sete meses de violência transfronteiriça, pelo menos 390 pessoas, incluindo 255 combatentes do Hezbollah e 77 civis, foram mortas no Líbano, de acordo com uma contagem efetuada pela AFP.

Por seu lado, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, admitiu hoje a possibilidade de um aumento dos combates na fronteira norte com o Hezbollah.

"Poderá ser um verão quente. Afastámos o Hezbollah das linhas de contacto a distâncias significativas, mas isso não significa que tenha desaparecido", disse Gallant a um grupo de militares, citado pelo diário Times of Israel.

"Para que os residentes [israelitas] regressem em segurança, é necessário um acordo ou uma operação. Estou determinado a levar os residentes de volta às suas casas em segurança e a reconstruir as coisas que foram destruídas", prometeu Gallant, frisando que o exército dispõe de um poder de armamento "muito significativo" que será ativado "se disso houver necessidade".

O exército israelita renovou os seus confrontos com o Hezbollah na fronteira norte com o Líbano, coincidindo com a sua sangrenta ofensiva militar na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques do Hamas em 07 de março. 

As milícias xiitas pró-iranianas, bem como os rebeldes Huthis, afirmaram ter intensificado as ofensivas contra Israel e aliados em solidariedade com os palestinianos.

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