Líder de Hong Kong acusa ex-magnata pró-democracia de "glorificar violência"

O líder do Governo de Hong Kong disse hoje que se fez justiça ao condenar Jimmy Lai Chee-ying, o antigo magnata da comunicação social pró-democracia que acusou de "glorificar a violência".

Lusa /
Ammar Awad - Reuters

"Lai há muito que explorava o seu meio de comunicação, o Apple Daily, para fomentar deliberadamente conflitos sociais, incitar a divisão e o ódio, glorificar a violência e pedir abertamente sanções estrangeiras contra a China e Hong Kong", disse John Lee Ka-chiu aos jornalistas.

A justiça da região chinesa considerou hoje Jimmy Lai culpado do crime de "publicações sediciosas" relativas a 161 artigos, incluindo editoriais assinados com o seu nome no Apple Daily, jornal pró-democracia que fundou e atualmente está banido.

Lai foi ainda considerado culpado de conluio com entidades estrangeiras, também ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020 e revista em 2024, em resposta aos protestos antigovernamentais, por vezes violentos, de 2019.

John Lee disse que o ex-magnata "prejudicou os interesses fundamentais da nação e o bem-estar dos residentes de Hong Kong. As suas ações foram vergonhosas e as suas intenções, maliciosas".

Durante o julgamento, que começou em dezembro de 2023, Jimmy Lai declarou-se inocente e afirmou nunca ter defendido o separatismo ou a resistência violenta. Também negou ter apelado a sanções ocidentais contra a China e Hong Kong.

"Os valores fundamentais do Apple Daily são, na verdade, os valores fundamentais do povo de Hong Kong (...) [incluindo] o Estado de direito, a liberdade, a busca da democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de religião, a liberdade de reunião", argumentou Lai.

O chefe do Executivo defendeu hoje que a segurança nacional da China está acima de quaisquer `slogans`.

"A lei nunca permite que alguém - independentemente da profissão ou origem - prejudique abertamente o seu próprio país e os seus concidadãos em nome dos direitos humanos, da democracia e da liberdade", afirmou John Lee.

O líder do Governo acrescentou que a decisão do Tribunal Superior de Hong Kong é apoiada por "provas irrefutáveis", mas garantiu que o Governo irá analisar cuidadosamente a sentença antes de fazer mais comentários.

O tribunal marcou para 12 de janeiro uma audiência, com a duração máxima de quatro dias, onde a defesa de Lai, de 78 anos, poderá apresentar eventuais atenuantes, antes de a sentença ser conhecida.

Os três crimes de que o cidadão britânico foi considerado culpado podem acarretar a pena de prisão perpétua.

Lai foi julgado por três juízes, incluindo a lusodescendente Susana D`Almada Remedios, escolhidos pelo Governo para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional.

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