Líderes europeus e Zelensky vão a Washington apresentar "frente unida"

Os líderes europeus e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reuniram-se este domingo em videoconferência um dia antes de seguirem para Washington para um encontro com Donald Trump. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o objetivo é apresentar “uma frente unida” entre a Ucrânia e os seus aliados europeus.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Bart Biesemans - Reuters

“O nosso objetivo para as conversações de amanhã é apresentar uma frente unida entre a Ucrânia e os seus aliados europeus”, disse Emmanuel Macron este domingo no final da videoconferência.

"Se demonstrarmos fraqueza face à Rússia, estaremos a preparar o terreno para conflitos futuros", alertou, assegurando que o homólogo russo, Vladimir Putin, "não quer a paz", mas sim a "capitulação" da Ucrânia.


Depois de o presidente norte-americano se ter reunido com o seu homólogo russo, na sexta-feira, sem a presença do presidente ucraniano, os líderes europeus têm redobrado os esforços para demonstrar o apoio a Kiev.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que esteve este domingo em Bruxelas para a videoconferência, pediu aos europeus que demonstrem a mesma unidade do que em 2022, após o início da invasão russa, sinalizando também que é necessário um cessar-fogo.

"É crucial que a Europa permaneça tão unida como em 2022. Essa unidade contribui para aproximar uma paz justa e deve permanecer firme", disse Zelensky na rede social X, após o encontro em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

"Essa unidade contribui para aproximar uma paz justa e deve permanecer firme. Concordamos com a necessidade de um cessar-fogo para novas medidas diplomáticas, garantias de segurança eficazes para a Ucrânia e a continuação da pressão de haver sanções sobre a Rússia para limitar seu potencial no futuro. Agradeço pessoalmente a Ursula e a toda a Europa por nos apoiarem na procura por um fim justo para esta guerra", acrescentou.

António Costa, presidente do Conselho Europeu, salientou que “a unidade transatlântica é fundamental neste momento para alcançar uma paz sustentável na Ucrânia” e sublinhou que se não for acordado um cessar-fogo, “os EUA e a UE deverão aumentar a pressão sobre a Rússia”.


O primeiro-ministro, Luís Montenegro, também participou na videoconferência. Numa publicação na rede social X, Montenegro disse que “passo a passo, atingiremos uma paz justa e duradoura”.
Garantias de segurança em cima da mesa
Depois da cimeira de sexta-feira, o presidente dos EUA passou a defender um acordo de paz como solução para a guerra na Ucrânia, iniciado pela invasão russa em fevereiro de 2022. Donald Trump afastou-se, assim, da posição da Europa, ao deixar de defender como prioridade um cessar-fogo na região.

As garantias de segurança para a Ucrânia estarão em cima da mesa no encontro de segunda-feira em Washington.

Macron disse que o grupo desafiará o presidente dos EUA sobre até onde ele está disposto a ir em termos de garantias de segurança para a Ucrânia.

“Se não formos fortes hoje, pagaremos caro amanhã”, advertiu.


O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, anunciou este domingo que o presidente russo concordou em permitir uma cláusula de defesa coletiva para a Ucrânia num futuro acordo de paz – uma mudança significativa da posição russa.

Witkoff explicou que esta cláusula — que seria semelhante ao acordo do "Artigo 5" da NATO, segundo o qual um ataque contra um país membro é um ataque contra todos os membros — era uma maneira de contornar a linha vermelha russa em relação à adesão da Ucrânia à aliança.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogiou já a proposta de Donald Trump de oferecer garantias de segurança à Ucrânia inspiradas na NATO e disse esperar uma cimeira tripartida "o mais rapidamente possível".

Volodymyr Zelensky desloca-se esta segunda-feira a Washington para se reunir com o presidente norte-americano. Zelensky estará acompanhado por Von der Leyen, pelo secretário-geral da NATO, Mark Rütte, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo presidente finlandês, Alexander Stubb, pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, e pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

c/agências
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