Lisboa acompanha situação. Irão apreende navio de bandeira portuguesa no Estreito de Ormuz

por Joana Raposo Santos - RTP
Um helicóptero da Guarda Revolucionária abordou a tripulação do navio MSC Aries e levou-o depois para águas iranianas. Reuters

A Guarda Revolucionária do Irão apreendeu este sábado um navio de carga com bandeira portuguesa, ligado a Israel, junto ao Estreito de Ormuz. A informação foi avançada pela agência iraniana IRNA, poucos dias depois de Teerão ter ameaçado fechar aquela área ao tráfego marítimo. O Governo português já confirmou o apresamento do navio e disse estar a acompanhar a situação.

Segundo a IRNA, um helicóptero da Guarda Revolucionária abordou a tripulação do navio MSC Aries e levou-o depois para águas iranianas. Esta força paramilitar iraniana promoveu assaltos semelhantes no passado.

As agências de segurança marítima tinham já informado que um navio fora abordado e apreendido pelas "autoridades regionais" na zona de Ormuz, situada entre os Emirados Árabes Unidos e o Irão.

O navio Aries foi alugado pela empresa de navegação MSC à Gortal Shipping, uma afiliada da Zodiac Maritime, explicou entretanto a Zodiac em comunicado, acrescentando que a MSC é responsável por todas as actividades do navio.

A Zodiac Maritime é parcialmente detida pelo empresário e bilionário israelita Eyal Ofer.

"Lamentamos confirmar que o MSC Aries, propriedade da Gortal Shipping Inc, afiliada à Zodiac Maritime, e fretado pela MSC, foi abordado pelas autoridades iranianas de helicóptero" e "há 25 tripulantes a bordo", adiantou a Mediterranean Shipping Company (MSC) à agência France-Presse.

Na terça-feira, o chefe naval da Guarda Revolucionária, Alireza Tangsiri, tinha avançado que o Irão poderia fechar o Estreito de Ormuz se tal fosse considerado necessário. Segundo este responsável, Teerão vê como uma ameaça a presença de Israel nos Emirados Árabes Unidos.
Não há portugueses a bordo
O Governo português também já confirmou o apresamento do navio, dizendo estar a acompanhar a situação e garantindo que não há cidadãos portugueses a bordo. O executivo disse ainda ter pedido esclarecimentos a Teerão.

Numa nota à imprensa, o Ministério português dos Negócios Estrangeiros confirmou tratar-se de um navio de carga, o MSC Aries, com pavilhão português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.

No comunicado é indicado que o acompanhamento da situação está a ser feito sob coordenação direta do gabinete do primeiro-ministro, envolvendo os ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Presidência, da Defesa Nacional e da Economia.

"Não há registo de cidadãos portugueses a bordo, seja tripulação ou comando. O Governo português está em contacto com as autoridades iranianas, tendo pedido esclarecimentos e solicitado informações adicionais", refere o Governo de Luís Montenegro.
Escalada de tensões
O incidente deste sábado ocorre num contexto de crescentes tensões regionais, nomeadamente desde o início da campanha israelita em Gaza, em outubro. Tanto Israel como os Estados Unidos, seu aliado, têm entrado em confronto com grupos alinhados com o Irão no Líbano, Síria, Iraque e Iémen.Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.

Teerão ameaçou, por sua vez, retaliar contra os ataques aéreos de Israel ao seu consulado em Damasco, capital da Síria, no passado dia 1 de abril, que mataram sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo dois comandantes superiores.

O presidente norte-americano, Joe Biden, avisou na sexta-feira que o Irão deveria atacar Israel "mais cedo ou mais tarde" e pediu a Teerão que não o fizesse.

Reagindo à apreensão do navio MSC Aries, Daniel Hagari, porta-voz militar de Israel, assegurou que "o Irão vai sofrer as consequências se optar por uma nova escalada desta situação".

c/ agências
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