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Lista de Epstein vira fiéis do MAGA contra Trump
Na campanha presidencial de 2024, Trump prometeu aos apoiantes revelar a lista de nomes envolvidos no escândalo sexual de Jeffrey Epstein. Agora, a Administração republicana nega a existência de tal lista e os eleitores voltam-se contra o presidente, acusando mesmo a Casa Branca de esconder informações.
Após semanas de pressão crescente para que sejam tornadas públicas todas as informações do processo Epstein, o presidente dos Estados Unidos vem agora dizer “sim”. A procuradora-geral deve divulgar as informações do caso, “aquilo que ela considerar credível", afirmou Trump sobre o agressor sexual Jeffrey Epstein.
No passado fim de semana, Trump pediu aos apoiantes do seu movimento Make America Great Again (MAGA) que não "perdessem tempo e energia" com a polémica. Mas aliados do presidente, incluindo o presidente do Congresso, Mike Johnson, exigem "transparência". "Devemos colocar tudo em cima da mesa e deixar o povo decidir", defendeu o republicano.
Na terça-feira, Trump elogiou a abordagem da procuradora-geral, dizendo que "ela lidou muito bem com isso e vai depender dela. O que ela achar credível ela deve divulgar". Questionado sobre se o seu nome aparecia em algum dos registos, Trump respondeu: "Não, não."
Mais tarde voltou a pedir a divulgação de informações "credíveis", mas questionou o interesse pelo caso Epstein, considerando-o "sórdido".
No entanto, várias vozes do Partido Republicano não desistem. Para além do presidente do Congresso, a congressista Marjorie Taylor Greene elogiou o trabalho de Pam Bondi como procuradora-geral, mas defendeu que líderes e autoridades que foram eleitas devem cumprir as promessas que fizeram aos eleitores. "Apoio totalmente a transparência nesta questão", afirmou a congressista.
A procuradora-geral, Pam Bondi, foi criticada pela base política de Trump após afirmar, na semana passada, que não havia evidências de que Epstein mantivesse uma "lista de clientes" ou tivesse chantageado figuras poderosas.
Gonçalo Costa Martins - Antena 1
Durante anos, os apoiantes de Trump defenderam que foram omitidos detalhes dos crimes de pedofilia de Epstein para proteger figuras influentes ou agências dos serviços secretos.
Durante anos, os apoiantes de Trump defenderam que foram omitidos detalhes dos crimes de pedofilia de Epstein para proteger figuras influentes ou agências dos serviços secretos.
Mais tarde voltou a pedir a divulgação de informações "credíveis", mas questionou o interesse pelo caso Epstein, considerando-o "sórdido".
"Só pessoas mesmo más, incluindo as fake news, querem manter algo assim", disse Trump.
Outra voz republicana conservadora, Lauren Boebert, do Colorado, avisou que, se não forem divulgados mais arquivos de Epstein, deve ser nomeado um procurador especial para investigar os crimes do financeiro.
Também o senador John Kennedy defende que é "perfeitamente compreensível que o povo norte-americano queira saber para quem ele [Epstein] traficou aquelas mulheres", disse Kennedy à NBC News.
Há mais de um mês, no início de junho, quando a "amizade" com Trump se desfez, Elon Musk afirmou que o presidente dos EUA está incluído nos arquivos do criminoso sexual Jeffrey Epstein, razão pela qual estes não foram divulgados.
"É hora de lançar a grande bomba: Trump está nos arquivos de Epstein. Esta é a verdadeira razão pela qual não foram tornados públicos", escreveu Musk na sua rede social, X.
Donald Trump e Jeffrey Epstein tiveram uma relação social próxima nos anos 1990 e início dos 2000, frequentando os mesmos círculos de luxo em Palm Beach e Nova York.
"Conheço Jeff há 15 anos. Um tipo incrível", disse Donald Trump à revista New York para um perfil de Epstein em 2002. "É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens".
"Sem dúvida — Jeffrey gosta da vida social".
Anos mais tarde, Trump tentou distanciar-se de Epstein após a prisão do “tipo incrível”.
"Sem dúvida — Jeffrey gosta da vida social".
Anos mais tarde, Trump tentou distanciar-se de Epstein após a prisão do “tipo incrível”.
Epstein morreu em 2019 numa prisão em Nova Iorque, enquanto aguardava julgamento pelas acusações de pedofilia, tráfico de menores e abuso sexual.
Investigações posteriores concluíram ter-se tratado de um suicídio.
Nos últimos anos, Trump e os aliados alimentaram a teoria, sem provas, que Epstein teria sido assassinado para proteger figuras poderosas.