Macedónia acusa Europa de laxismo na segurança

por Graça Andrade Ramos - RTP
O Presidente da Macedónia, Gjorge Ivanov, com apoiantes à sua recandidatura à Presidência em março de 2014 Ognen Teofilovsk - Reuters

O Presidente da Macedónia, Gjorge Ivanov, fez um balanço severo e muito crítico do comportamento europeu sobre os refugiados, que, afirma, deixou todo o peso da crise sobre alguns Estados e foi mesmo laxista em termos de segurança.

Numa entrevista ao jornal diário alemão Bild, publicada esta sexta-feira, Ivanov diz, por exemplo, que o seu país quis disponibilizar dados sobre "potenciais terroristas," mas ninguém quis saber dessas informações.
"Nós não somos nada, nem membros da Europa, nem de Schengen, nem da NATO, ninguém nos quer. No entanto, nós protegemos a Europa de um país europeu (a Grécia) onde o controle dos refugiados é deficiente", afirma Gjorge Ivanov.


"Foi só depois dos atentados de Paris que nos interrogaram. E nessa altura pudemos dizer às autoridades que, no total, dez pessoas entraram na Europa", com a mesma identidade que um dos autores, explicou.

A Macedónia é o primeiro país na rota dos Balcãs para os refugiados vindos da Grécia e que tentam chegar à Europa central.

O Presidente da Macedónia aplaude a atitude humanitária alemã de abrir as portas aos refugiados, mas é duro nas críticas quanto à segurança. E sublinha a falta de solidariedade para com a Macedónia.

"Nós já gastamos 25 milhões de euros do dinheiro dos contribuintes, estamos em estado de emergência e que recebemos nós da Europa? Nada! Nem um cêntimo!", refere.
"Os erros da União"

"Na crise de refugiados, nós é que pagamos os erros da União Europeia," conclui Ivanov. Para quem a Alemanha "agiu muito bem numa lógica humanitária" ao abrir em setembro de 2015 as suas fronteiras à torrente de migrantes, mas que "falhou completamente" na questão da segurança.

O Governo da Macedónia, próximo de regimes como o russo e o chinês, foi dos primeiros a encerrar as suas fronteiras com a Grécia, obrigando os refugiados a procurar rotas alternativas.

Atualmente, guardas e soldados macedónios vigiam especialmente com os homólogos gregos a passagem fronteiriça junto à aldeia grega de Idomeni, onde milhares de migrantes ergueram um campo improvisado à espera de poder prosseguir viagem.
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