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Macron, Putin, o encontro em Versailles e as linhas vermelhas de Paris

por Paulo Alexandre Amaral, Carlos Santos Neves - RTP
Emmanuel Macron descreveu a conversa com Vladimir Putin como “extremamente franca e direta” Stephane De Sakutin - Reuters

O Presidente francês recebeu esta segunda-feira o Presidente russo em Versailles, com o dossier sírio a dominar a conferência de imprensa que se seguiu ao encontro. Emmanuel Macron deixou uma advertência muito clara a Vladimir Putin: a utilização de armas químicas na Síria “será alvo de represálias e de uma resposta imediata” de Paris.

No encerramento de um périplo diplomático que o levou na quinta-feira a Bruxelas à reunião da cimeira da NATO e, no fim de semana, ao encontro do G7 na pequena localidade italiana de Taormina, Emmanuel Macron recebeu esta segunda-feira no Palácio de Versailles o Presidente russo, Vladimir Putin.

Durante a conferência de imprensa conjunta que s seguiu ao encontro, Macron abordou a questão síria para traçar aquilo que seria considerado uma linha vermelha para o Eliseu: novo ataque com armas químicas no território.

Apesar de reiterar o compromisso dos franceses na luta contra os extremistas da região, Macron afirmou que existe uma linha vermelha muito clara para Paris: “A utilização de armas químicas por quem quer que seja. Qualquer utilização de armas químicas será alvo de represálias e de uma resposta imediata, pelo menos da parte dos franceses”.

Apesar do aviso deixado a Putin, Emmanuel Macron fez questão de deixar claro o desejo francês de alinhar com o Kremlin na luta contra o terrorismo na Síria e assim “reforçar a parceria com a Rússia”.
Macron privilegia um Estado sírio
“A nossa prioridade absoluta é a luta contra o terrorismo e a erradicação dos grupos terroristas e, em particular, do Estado Islâmico”, declarou o recém-eleito Presidente francês.

Aludindo ao caos que se tem seguido em muitas das nações árabes que foram alvo da intervenção internacional, Emmanuel Macron fez saber que outra das preocupações da França é a promoção de “uma transição democrática (…) que preserve a existência de um Estado sírio”.

“Na região, os Estados falhados são uma ameaça para as nossas democracias e, vimo-lo uma e outra vez, levaram à proliferação dos grupos terroristas”, assinalou o sucessor de François Hollande no Eliseu.
Dossier Ucrânia e Direitos Humanos
O tom dos interlocutores pareceu menos tenso quando se abordou a Ucrânia. Se Putin repetiu a fórmula de condenação das sanções contra Moscovo, que “em nada” contribuem para resolver a crise regional, nas suas palavras, Macron tratou de recordar que haverá “uma discussão” em formato Normandia entre Rússia, Ucrânia, França e Alemanha “nos próximos dias ou semanas”. O objetivo: travar “uma escalada”.

A posição levada a Paris pela comitiva de Putin não é alheia ao sublinhado do G7 sobre a questão ucraniana. Os líderes dos países mais ricos sublinhavam na semana passada que um eventual levantamento das sanções aos russos continua condicionado à implementação dos acordos de Minsk, firmados em 2015.
Emmanuel Macron descreveu a conversa com Vladimir Putin como “extremamente franca e direta”.
Outro dos temas quentes sobre a mesa da reunião bilateral foi o dos Direitos Humanos, com Macron a prometer “vigilância constante” do currículo das autoridades da Rússia e da Chechénia. Desde logo no que diz respeito às comunidades homossexuais.

Na Chechénia - onde a homossexualidade é, para o aparelho do Estado, um tabu -, terão já sido detidos mais de 100 homossexuais, cujas famílias foram instadas a matá-los para “lavar a honra”.

O Presidente francês quis vincular Vladimir Putin a uma promessa de “completa verdade” sobre a política de repressão de homossexuais na Chechénia.
Pirataria: silêncio
Excluídas das conversações - pelo menos oficialmente - ficaram as suspeitas de ingerência de hackers russos na campanha presidencial em França.

“Não falámos disso e, por mim, isso não existe como problema”, resumiu Putin, que explicaria ainda a receção que reservou em março a Marine le Pen, rosto da extrema-direita francesa, com uma pergunta: “Porquê recusar um encontro com uma personalidade para nós interessante?”.

Por sua vez, Macron acusou abertamente dois órgãos de comunicação, Russia Today e Sputnik, de terem sido “agentes de influência” na corrida ao Eliseu.
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