Madrid amplia restrições à mobilidade e passam a afetar mais de um milhão de habitantes

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Nacho Doce - Reuters

O Governo regional de Madrid anunciou esta sexta-feira a ampliação das medidas que restringem a mobilidade a oito novas áreas, passando a ser assim 45 as zonas da capital afetadas por estas medidas. A comunidade espanhola desconsiderou as recomendações do Governo central que pedia restrições para toda a cidade.

A partir de segunda-feira, as atuais 37 zonas sanitárias na área metropolitana de Madrid passam a ser 45 com restrições à mobilidade dos cidadãos, afetando mais de um milhão dos habitantes na região.

As medidas estipulam que não é permitida a entrada ou saída destas zonas, exceto para ter acesso a bens essenciais ou ir trabalhar, a lotação nos espaços fechados é reduzida para 50 por cento e os estabelecimentos comerciais e hoteleiros devem fechar às 22h00.

O critério principal para implementar as medidas restritivas da mobilidade está relacionado com a existência de mais de mil novos casos de covid-19 por 100.000 habitantes nas últimas duas semanas. Madrid é o epicentro da propagação da Covid-19 em território espanhol, com 210.768 casos confirmados de infeção por Covid-19 e 9.190 óbitos.

"Estas medidas têm uma base puramente técnica, procuram impedir a transmissão do vírus e, sobretudo, proteger os cidadãos", disse o conselheiro-adjunto regional da Saúde Pública, Antonio Zapatero, numa conferência de imprensa.

O ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, já comentou a decisão de Isabel Díaz Ayuso, a presidente do governo regional de Madrid, afirmando que esperava medidas mais ambiciosas e drásticas, como a limitação geral da mobilidade. Illa explicou que foram feitas várias recomendações à Comunidade de Madrid, mas sublinha que o Governo regional comunicou aquilo “que decidiu fazer”. Para Illa, as medidas anunciadas não são suficientes para impedir a propagação da pandemia de Covid-19 na região.

O Ministro da Saúde advertiu na quinta-feira que "estão a chegar semanas difíceis" para a Comunidade de Madrid e instou as autoridades regionais a agir "com determinação" para assumir o controlo da pandemia. “A situação em Madrid é má. Qualquer cenário é possível. Não se pode descartar um confinamento mais amplo, nem novas medidas”, alertava Salvador Illa.

O executivo de Días Ayuso não descarta, em todo o caso, tomar novas medidas nas próximas semanas. Segundo avança El País, o Governo de Madrid está a ponderar alargar a medida que obriga o encerramento dos estabelecimentos comerciais às 22h00 a toda a comunidade. As novas medidas e proibições não foram bem recebidas pela população madrilena, dando origem a confrontos entre manifestantes e polícia.

Na rede social Twitter, a presidente do governo regional de Madrid defende que as medidas anunciadas “são as adequadas”. “Mais do que confinar Madrid, a nossa missão é ajudar as pessoas”, sublinha Ayuso.

O Governo central espanhol disponibilizou recursos à comunidade autónoma, que assim como todas as outras é competente em matéria sanitária, para que esta os possa acrescentar aos seus meios de combate à pandemia.

Entretanto, as autoridades regionais estão à espera que o Tribunal Superior de Justiça de Madrid ratifique as limitações à mobilidade aprovadas, para que as forças de ordem possam começar a sancionar aqueles que não cumpram com a nova regulamentação temporária.

Na quinta-feira, Espanha registou mais de dez mil novos casos, ultrapassando o total de 700 mil infetados. O país contabilizou ainda mais 84 óbitos relacionados com a Covid-19, aumentando o total de mortes para 31.118.

c/agências
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