Maior empresa de media da Nova Zelândia junta-se a boicote contra o Facebook

por RTP
Dado Ruvic - Reuters

A Stuff, maior empresa de media a operar na Nova Zelândia, anunciou esta segunda-feira que vai “parar” a relação com a empresa de Mark Zuckerberg de forma a juntar-se ao movimento global de boicote contra o discurso de ódio durante o mês de julho.

Depois de gigantes norte-americanos anunciarem a decisão de abandonarem a rede social Facebook, é agora a vez de várias empresas a nível mundial se juntarem ao boicote contra a rede social, pelo menos durante o mês de julho. A Stuff, que detém o maior site de notícias da Nova Zelândia, bem como nove jornais em papel e várias revistas e publicações regionais, anunciou na segunda-feira que vai “parar”, pelo menos temporariamente, a relação com o Facebook.

No e-mail interno enviado aos funcionários, a vice-editora, Janine Fenwick, explica que se trata de uma “experiência no contexto do movimento de boicote internacional ao Facebook” e que os resultados vão ser “controlados de perto”. A Stuff vai igualmente parar de colocar conteúdos no Instagram, rede social que também pertence ao grupo Facebook.

A mensagem interna lembra ainda que a Stuff já tinha interrompido a comunicação da empresa via Facebook “logo após o ataque à mesquita em Christchurch”, uma vez que não pretendiam “contribuir financeiramente para um plataforma que lucra com a publicação de discursos de ódio e violência”. O ataque terrorista, emitido em direto no Facebook, ocorreu em março de 2019 na Nova Zelândia e provocou a morte de 49 pessoas.

Nas últimas semanas têm sido várias as empresas a boicotar a rede social, num movimento que pretende pressionar a plataforma a melhorar o combate ao discurso de ódio. Pelo menos 500 empresas, algumas multinacionais como a Ford, Adidas, Honda e Unilever tinham já anunciado que se juntariam ao movimento que irá boicotar a rede social até ao final de julho, seguindo a ação iniciada pela Coca-Cola e a Starbucks.

De acordo com o jornal The Guardian quase um terço dos anunciantes que recorre ao Facebook equacionava, no final do mês de junho, juntar-se ao boicote “Stop Hate for Profit” (Parar o ódio por lucro, na tradução livre), que acusa a empresa de ser lenta ou mesmo de estar relutante em combater o discurso de ódio.

Ainda que se preveja que o boicote atual dure apenas até final de julho, há empresas que estão a anunciar a suspensão até ao final do ano ou mesmo “até novo aviso”, ou seja, indefinidamente. Mas na semana passada, durante uma reunião com trabalhadores do Facebook, Mark Zuckerberg, fundador e CEO da empresa, não antecipava mudanças significativas em resposta ao boicote.

“O meu palpite é que todos esses anunciantes vão regressar à plataforma em breve” disse o chefe-executivo, acrescentando que a empresa “não vai mudar a sua política ou abordagem com ameaças a uma pequena percentagem da receita, ou por qualquer percentagem da receita”.

Para além disso, de acordo com a Facebook, grande parte do rendimento em publicidade advém de pequenas e médias empresas, que não estão a aderir ao protesto da mesma forma que os negócios de maior dimensão. Mas, ao durar pelo menos durante um mês, este boicote global sem precedentes poderá afetar de forma significativa o lucro anual de 70 mil milhões de dólares que a rede social arrecada todos os anos em anúncios.
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