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Mais de 130 mil deslocados no segundo dia de confrontos entre Tailândia e Camboja
Os confrontos entre a Tailândia e o Camboja por uma fronteira disputada entraram no segundo dia consecutivo, com mais de uma dúzia de mortos e mais de 130 mil civis tailandeses deslocados. Banguecoque alerta que o conflito pode "tornar-se numa guerra".
O conflito entre Tailândia e Camboja escalou esta quinta-feira depois de meses de tensão entre os vizinhos do sudeste asiático por causa de zonas disputadas da sua fronteira terrestre de 817 quilómetros, devido a desacordos sobre mapas da era colonial.
Ao segundo dia de confrontos retomados na madrugada desta sexta-feira, os combates entre as tropas tailandesas e as tropas cambojanas já se alastraram a 12 locais ao longo da fronteira disputada há mais de século, segundo um oficial militar tailandês.
"Este incidente de agressão está a escalar e pode
evoluir para uma guerra", alertou o primeiro-ministro interino da
Tailândia, Phumtham Wechayachai. Segundo Phumtham, "neste momento ainda estamos em nível de altercação, lutando com
armas pesadas. O que fizemos até agora foi proteger a nossa terra e a
soberania da nossa nação".
Ambos os lados acusam-se mutuamente de terem iniciado o conflito na
quinta-feira, que rapidamente escalou de tiros com armas de pequeno
calibre para bombardeamentos com artilharia pesada.
Na sequência do reacender do conflito, Banguecoque encerrou a fronteira com o Camboja, depois de a Embaixada da Tailândia no Camboja ter solicitado aos cidadãos tailandeses que abandonassem o país.
Tailândia rejeita mediação de terceiros
"Não creio que precisemos de qualquer mediação de um país terceiro", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores tailandês, Nikorndej Balankura, à Reuters. "Mantemos a nossa posição de que o mecanismo bilateral é a melhor saída, este é um confronto entre os dois países", argumentou Nikorndej, acrescentando que o Camboja deve cessar os ataques ao longo da fronteira.
Milhares de deslocados de áreas de alto risco
Na sequência do reacender do conflito, Banguecoque encerrou a fronteira com o Camboja, depois de a Embaixada da Tailândia no Camboja ter solicitado aos cidadãos tailandeses que abandonassem o país.
Cerca de 138 mil pessoas de quatro províncias fronteiriças foram deslocadas, enquanto o número de mortos do lado tailandês subiu para 15, incluindo 14 civis, de acordo com as autoridades tailandesas.
Já do lado cambojano, o Governo nacional não revelou dados sobre eventuais vítimas ou evacuações de civis, mas um funcionário da província de Oddar
Meanchey contou ao The Phnom Penh Post que cerca de cinco mil pessoas de 1.500 famílias foram deslocadas, um civil foi morto e cinco ficaram feridos.
Sara Araújo de Almeida - Antena 1
Tailândia rejeita mediação de terceiros
Os Estados Unidos, a China e a Malásia, que atualmente preside o bloco
regional da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), ofereceram-se para facilitar o diálogo entre Bangecoque e Phnom Penh mas a Tailândia rejeitou os esforços de mediação de países terceiros para pôr fim ao conflito em curso.
"Não creio que precisemos de qualquer mediação de um país terceiro", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores tailandês, Nikorndej Balankura, à Reuters. "Mantemos a nossa posição de que o mecanismo bilateral é a melhor saída, este é um confronto entre os dois países", argumentou Nikorndej, acrescentando que o Camboja deve cessar os ataques ao longo da fronteira.
Após o primeiro-ministro da Malásia e presidente da ASEAN, Anwar Ibrahim, ter anunciado na
quinta-feira que falou com os líderes dos dois países e os exortou a
encontrar uma solução pacífica, o Ministério dos Negócios Estrangeiros considerou que "se a família ASEAN quiser
facilitar o regresso a negociações bilaterais construtivas, isso também
será bem-vindo".
Também
a China disse estar "profundamente preocupada" com os confrontos e que
Pequim "tem feito e continuará a fazer, à sua maneira, o seu melhor para
promover a paz e o diálogo".
Olhos postos na escalada de mais um conflito
O
Conselho de Segurança da ONU deverá reunir-se esta sexta-feira para
discutir o reacender de mais um conflito no mundo, depois de o primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, ter pedido ao órgão das Nações Unidas na quinta-feira que convocasse uma reunião sobre o assunto, condenando o que chamou de "agressão militar não provocada e premeditada" da Tailândia.
Os Estados Unidos, um
aliado de longa data da Tailândia, afirmaram estar preocupados com a
escalada do conflito e apelaram ao fim imediato das hostilidades no sudeste asiático.
"Estamos
gravemente preocupados com a escalada da violência ao longo da
fronteira entre a Tailândia e o Camboja e profundamente tristes com as
notícias de danos a civis", disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Tommy Pigott, numa conferência de imprensa. "Os EUA instam à cessação imediata das hostilidades, à proteção dos civis e a uma resolução pacífica do conflito".
c/ agências