Manifestações anti-Trump explodem em várias cidades dos EUA

por RTP
"Not my Presidente" gritam milhares de norte-americanos nas ruas horas depois da eleição de Donald Trump Noah Berger - Reuters

Milhares de pessoas estão a manifestar-se nas ruas de dezenas de cidades nos Estados Unidos, contra a eleição de Donald Trump como Presidente dos EUA. À exceção de Seattle, onde se deu um tiroteio que feriu cinco pessoas, não há ainda notícia de incidentes.

Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, Oakland na Califórnia, Chicago, Filadélfia, Portland e Boston. Os protestos centram-se em cidades-bastião do Partido Democrata, onde Hillary Clinton ganhou na terça-feira a Trump.

Em cada cidade, os manifestantes, na sua maioria jovens, foram convocados por grupos sociais e políticos de Esquerda, em choque com a escolha de Donald Trump como novo Presidente, para rejeitar a eleição.
 
Em resposta, milhares de pessoas invadiram as ruas e bloquearam o trânsito. Nalguns locais foram incêndiados caixotes de lixo mas os protestos têm decorrido de forma geralmente pacífica, apesar de alguns incidentes.

Em Nova Iorque pelo menos 30 manifestantes foram detidos por perturbações à ordem pública. E em Richmond, Virgínia, uma dezena de manifestantes foi detida depois de partir montras.

Em algumas manifestações foram queimadas bandeiras norte-americanas.

A polícia mantém-se à distância na maioria dos casos, intervindo apenas em caso de distúrbios violentos.

Em Seattle, um tiroteio durante uma manifestação anti-Trump fez cinco feridos, dois dos quais com gravidade. O incidente está a ser investigado mas a polícia já disse que não esteve relacionado com o protesto.

"Not my President" (Não é o meu Presidente) é o estribilho comum. Muitos manifestantes empunham cartões com frases contra as palavras de ordem de Trump - que durante a campanha estigmatizaram imigrantes, muçulmanos e outros grupos.

A eleição de Donald Trump deixou o país - e o mundo - em choque e as manifestações expressam nas ruas a rejeição de muitos que preferiam a candidata democrata, Hillary Clinton e receiam o que poderá Trump vir a fazer enquanto Presidente.

Donald Trump adotou no seu discurso de vitória um tom muito mais conciliador do que na campanha, afirmando-se Presidente de "todos os americanos" e prometendo trabalhar por todos.

Hillary Clinton, embora só algumas horas depois, veio igualmente apelar à conciliação, referindo que Trump "é o meu Presidente".

Também Barack Obama afirmou no seu discurso após as eleições que, independentemente das diferenças, Donald Trump foi eleito e que a democracia exige agora que todos trabalhem para o seu êxito.

Donald Trump, que conquistou 289 mandatos eleitorais, contra 218 de Clinton, ultrapassando os 270 mandatos necessários para vencer a eleição, é esperado dentro de algumas horas na Casa Branca, convidado por Barack Obama, para iniciar o processo de transição.
Manifestações de costa a costa
Em Nova Iorque, cerca de 2.000 pessoas encheram as ruas de Manhattan a caminho da Trump Tower, na Quinta Avenida. Centenas de outras juntaram-se num parque de Manhattan a gritar "not my President".

Uma multidão de cerca de 6.000 pessoas bloqueou o trânsito em Oakland, Califórnia. Os manifestantes atiraram objetos à polícia de choque, incendiaram lixo no meio de um cruzamento, atiraram foguetes e estilhaçara montras.

A polícia respondeu com gases irritantes.

Na baixa de Chicago, cerca de 1.800 pessoas juntaram-se junto à Trump International Hotel and Tower, entoando frases como "no Trump! No KKK! No racist USA"."Estou realmente aterrorizada com o que está a suceder neste país" afirmou Adriana Rizzo, de 22 anos, empunhando em Chicago um cartaz que dizia "aproveite os seus direitos enquanto pode".

A polícia encerrou ruas na zona impedindo o progresso dos manifestantes mas sem relatos de violência.

Em Los Angeles, os manifestantes sentaram-se no piso da auto-estrada 101 Holywood, interrompendo o trânsito, observados por agentes da polícia de choque.

Antes, uma manifestação e marcha atraiu mais de 5.000 pessoas, muitas delas estudantes liceais.

Registaram-se protestos também em Filadelfia, em Boston e em Portland, Oregon. Em Austin, capital do Texas, cerca de 400 pessoas saíram à rua.
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