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Manuel Valls promete votar em Macron: "Não quero correr riscos"

por Andreia Martins - RTP
Manuel Valls e Benoît Hamon, acompanhados por Jean-Christophe Cambadelis, o secretário-geral do PS francês (ao centro) durante as eleições primárias do partido, em janeiro. Philippe Wojazer - Reuters

O antigo primeiro-ministro francês admitiu esta terça-feira que irá votar em Emmanuel Macron nas eleições presidenciais, devido ao risco de vitória de Marine Le Pen, a candidata da extrema-direita.

É até agora o maior nome entre os socialistas franceses a virar costas a Benoît Hamon, o candidato oficial escolhido pelo partido. Manuel Valls considera que está tudo em aberto nas eleições presidenciais francesas, e por isso tudo fará para impedir que a Frente Nacional chegue ao poder.

"Perante a ameaça do populismo e da extrema-direita, não quero assumir nenhum risco. Vou votar em Emmanuel Macron", afirmou o ex-primeiro-ministro francês, que abandonou o cargo em dezembro do ano passado para concorrer às primárias socialistas, vencidas por Hamon no mês seguinte. 

Valls explica que o apoio agora declarado ao candidato centrista, líder do movimento "En marche!" (Em Marcha!), é apenas "uma questão racional" e não significa que irá fazer campanha pelo seu antigo ministro da Economia, que agora se candidata ao Palácio do Eliseu.

"Não há nada para negociar e não estou a pedir nada, não me vou juntar à campanha", declarou esta manhã em entrevista à televisão francesa BFM TV.

Nas mais recentes sondagens, Marine Le Pen surge em segundo lugar nas intenções de voto, atrás de Emmanuel Macron. O candidato socialista surge atrás de François Fillon e Jean-Luc Mélenchon, em quinto lugar.
Apoio enviesado
Este apoio declarado de Valls - que está a ser amplamente criticado pelos socialistas - pode no entanto surtir efeitos indesejados na campanha do centrista, que tem procurado afastar-se de categorizações partidárias tradicionais entre esquerda e direita e, sobretudo, da atuação do Governo que integrou durante quase dois anos, um executivo que abandona o poder com indíces mínimos de popularidade.

Em conferência de imprensa na passada terça-feira - quando já se esperava para breve uma declaração de apoio por parte de Manuel Valls - o candidato presidencial que lidera as sondagens procurou afastar-se desde logo do voto que lhe foi entregue pelo antigo primeiro-ministro. "Desconfio da agenda oculta dos políticos", declarou.

O apoio declarado pelo antigo primeiro-ministro a Macron é justificado pelo próprio com o arredar categórico da extrema-direita, mas pode também ser lido como um ato de vingança pessoal contra Benoît Hamon. O candidato socialista apresentou no ano passado uma moção de censura contra o Governo de Valls, numa altura em que o Partido Socialista ficou fragmentado com a aprovação de uma controversa reforma do trabalho.

Além disso, a previsível derrota do candidato socialista nas eleições presidenciais, que se realizam a 23 de abril e a 7 de maio, poderá servir os interesses de Manuel Valls, um dos nomes proeminentes do PS francês e de quem seria esperada uma ação para reconduzir o partido após um redondo fracasso.

Hamon já veio desvalorizar o apoio de um co-partidário a um candidato adversário: "Não estou surpreendido. Esta novela tem apenas como objetivo enfraquecer a minha candidatura. A minha campanha deve servir para falar da vida dos franceses, não da vida de Valls", ripostou o candidato socialista em declarações à France 2.
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