Dez anos depois da morte pela polícia de 34 mineiros em greve na cidade de Marikana, na África do Sul, as famílias ainda aguardam por respostas e justiça. Os mineiros afirmam que, apesar das reivindicações, as condições de vida não melhoraram nesta última década.
Dez anos passados desde o episódio, que ficou conhecido como “massacre de Marikana”, os familiares das vítimas ainda aguardam por respostas e por justiça.
“Este incidente aconteceu quando o meu filho tinha um ano. Agora ele tem onze anos. Ele está sempre a perguntar-me: «Mãe, por que é que a polícia matou o pai?». Não tenho resposta para essa pergunta, especialmente em relação à verdadeira razão para o terem assassinado”, disse Nosihle Ngweyi à agência Reuters, viúva de um dos mineiros. “Dez anos depois, não houve justiça. Todos vimos os mineiros a serem mortos em plena luz do dia, mas ninguém foi preso por isso”, disse o secretário regional do sindicato dos mineiros, Phuthuma Manyathi, à emissora eNCA da África do Sul, citado pela Associated Press.
O massacre levou à instauração de uma comissão de inquérito para investigar a conduta da polícia. Embora a investigação oficial tenha encontrado os responsáveis pelos assassinatos, ninguém foi acusado pelas mortes.
O governo pagou mais de 170 milhões de rands (mais de dez milhões de euros) em indemnizações às famílias dos 34 mineiros, aos feridos e àqueles que foram detidos injustamente. Segundo o governo, ainda há 24 reclamações a serem atendidas até ao final deste mês.
"A vida continua, mas não há paz"
“A vida continua, mas não há paz. Não é fácil, pois não há perdão e ninguém foi preso. Estes homens morreram por causa da polícia com toda a gente a ver, mas ainda ninguém foi responsabilizado”, disse Zameka Nongu à Reuters, viúva de um dos mineiros.
“As pessoas vivem normalmente nas suas casas com as suas famílias. Os polícias que mataram continuam a andar por aí. O nosso governo não veio ter connosco e já passaram dez anos”, criticou.
“As pessoas vivem normalmente nas suas casas com as suas famílias. Os polícias que mataram continuam a andar por aí. O nosso governo não veio ter connosco e já passaram dez anos”, criticou.
Um sobrevivente do tiroteio, Mzoxolo Magidiwana, disse à Associated Press que se sente dececionado porque as condições de vida dos mineiros e das respetivas famílias em Marikana não melhoraram na última década, apesar das reivindicações.
“Todo o mundo pode ver que nada mudou muito neste lugar. As pessoas ainda vivem nas mesmas condições de anteriormente”, disse Magidiwana.
“Mesmo na colina [onde ocorreram os tiroteios], deveria haver um monumento, uma homenagem semelhante a outras que são feitas para episódios significativos neste país, mas não há lá nada”, lamentou.
Esta terça-feira, cinco mil pessoas reuniram-se no topo da colina onde ocorreram os tiroteios para assinalarem o 10.º aniversário do “Massacre de Marikana”.
O massacre é também agora relembrado através de uma representação artística com o espetáculo “Marikana, o musical”. Atores vestidos de mineiros e polícias reencenam a tragédia ao som de música sombria. Tanto para o público como para os atores, a crueldade da violência é incompreensível.
O escritor e realizador do musical diz que a peça proporciona uma outra dimensão à tragédia, permitindo uma oportunidade de refletir sobre a história.
Esta terça-feira, cinco mil pessoas reuniram-se no topo da colina onde ocorreram os tiroteios para assinalarem o 10.º aniversário do “Massacre de Marikana”.
O massacre é também agora relembrado através de uma representação artística com o espetáculo “Marikana, o musical”. Atores vestidos de mineiros e polícias reencenam a tragédia ao som de música sombria. Tanto para o público como para os atores, a crueldade da violência é incompreensível.
O escritor e realizador do musical diz que a peça proporciona uma outra dimensão à tragédia, permitindo uma oportunidade de refletir sobre a história.