"Matança disfarçada" em Gaza. Acusação dos Médicos Sem Fronteiras

A organização internacional médica-humanitária denuncia que o "esquema israelita e norte-americano de distribuição de alimentos em Gaza está a degradar a vida dos palestinianos, deliberadamente".

Cristina Santos - RTP /

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) denuncia que a situação em Gaza é uma “matança disfarçada de prestação de ajuda humanitária – mais de 500 pessoas foram mortas e quase quatro mil feridas quando tentavam obter comida”. Em comunicado, a organização lamenta que a comunidade internacional esteja "aparentemente resignada" e que permita "perpetuar uma campanha consistente com padrões de genocídio".
A MSF alerta para a forma como os mantimentos são distribuídos e que "obriga milhares de palestinianos, que estão famintos devido a um bloqueio israelita que dura há mais de 100 dias, a caminhar longas distâncias para chegar aos quatro locais de distribuição e a lutar pelos restos de comida", diz a MSF. "Estes locais impedem que mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência acedam a ajuda, e as pessoas são mortas e feridas neste processo caótico", conta a organização.
O coordenador de emergência da Médicos Sem Fronteiras em Gaza descreve os quatro locais de distribuição, todos localizados em áreas sob controlo total das forças israelitas. Estes centros têm o tamanho de campos de futebol e à volta há postos de observação, montes de terra e arame farpado.
Há apenas "um ponto de acesso para entrada ou saída. Os funcionários da FHG largam as paletes e as caixas de alimentos e abrem as vedações, permitindo que milhares de pessoas entrem de uma só vez para lutar até ao último grão de arroz", descreveu este elemento da MSF.

"Se as pessoas chegarem cedo e se aproximarem dos postos de controlo, são baleadas" e "se chegarem atrasados, não podem permanecer ali porque é uma `zona evacuada` e serão baleados", denuncia o coordenador de emergência da Médicos Sem Fronteiras em Gaza.

Um caos que "foi orquestrado pela organização representativa de Israel-EUA", acusa a Médicos Sem Fronteiras referindo-se à Fundação Humanitária de Gaza.
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