Mundo
Guerra no Médio Oriente
Militares israelitas têm ordem para disparar contra palestinianos desarmados, escreve jornal Haaretz
"É um campo de extermínio", garante um dos soldados entrevistados por um jornal israelita. Oficiais e soldados israelitas admitem que receberam instruções para atirar contra as pessoas que procuram ajuda em zonas de distribuição em Gaza. Apesar de estarem desarmadas e "não representarem qualquer ameaça".
É o jornal israelita Haaretz que revela várias declarações de elementos das Forças Armadas de Israel (IDF).
O jornal garante ainda que a Justiça militar israelita exigiu que o comando supremo das Forças Armadas iniciasse uma investigação sobre suspeitas de crimes de guerra nos centros de ajuda humanitária.
À reportagem do Haaretz, os militares descreveram como, em vez de usarem medidas não letais de controlo de multidões, dispararam contra palestinianos que pediam ajuda alimentar. Balas disparadas para impedir estas pessoas de se aproximarem ou para as dispersar. “É um campo de extermínio... onde eu estava, entre uma e cinco pessoas eram mortas todos os dias”, afirma um militar citado pelo jornal israelita.
“Disparam contra eles como se fossem uma força de ataque: não usam dispositivos antimotim, não atiram gás lacrimogéneo, disparam com tudo o que se possa imaginar – metralhadoras, lança-granadas, morteiros".
“Nós comunicamos com eles através de armas”, afirma um dos militares que o jornal israelita Haaretz entrevistou.
Os relatos desmentem os líderes israelitas e a Fundação Humanitária de Gaza (GHF) que têm negado ou desvalorizado a existência de vítimas mortais que procuram comida.
No entanto, as descrições que o Haaretz publica esta sexta-feira confirmam os relatos das Nações Unidas que descrevem os locais de distribuição de ajuda como “armadilhas mortais”.
A Agência da ONU de Apoio aos Refugiados Palestinianos (UNRWA) garantiu, no início desta semana, que os deslocados pela guerra de Israel têm de escolher entre “morrer de fome ou morrer enquanto procuram alimentos” distribuídos nos centros de distribuição administrados pela GHF.
Há um mês que a distribuição de ajuda em Gaza é feita pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e os EUA.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 549 pessoas foram mortas perto de centros de ajuda desde o final de maio.
Ainda na quinta-feira os Estados Unidos aprovaram um reforço de apoio financeiro à GHF no valor de 30 milhões de dólares.