Merz descreve Trump como "pessoa-chave" para pôr fim à guerra na Ucrânia

O presidente norte-americano Donald Trump recebeu o chanceler alemão Friedrich Merz nesta quinta-feira, em Washington. Durante o encontro Merz apontou o presidente Trump como a "pessoa-chave" para pôr fim à guerra na Ucrânia.

RTP /
Chanceler alemão Friedrich Merz encontra-se com presidente norte-americano Donald Trump Kevin Lamarque - Reuters

Os lideres dos EUA e Alemanha reuniram-se na Sala Oval, o mesmo palco que registou hostilidade entre Donald Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. O chanceler alemão Friedrich Merz foi recebido calorosamente.
Trump é pessoa-chave
Durante o encontro, Friedrich Merz afirmou que o presidente Trump é a "pessoa-chave" para pôr fim à guerra na Ucrânia "pressionando a Rússia" e juntos afirmaram que estão "infelizes" com a invasão russa.

“Nós os dois concordámos como o quanto é terrível esta guerra, e estamos à procura de formas de pará-la muito em breve” disse Merz. 

“E eu disse ao presidente Trump que ele é a pessoa-chave no mundo que pode concretizar o fim do conflito ucraniano neste momento, fazendo pressão sobre a Rússia", acrescentou.

O líder alemão reiterou o “firme compromisso” da Alemanha com a Ucrânia, sublinhando que as “imagens horríveis do campo de batalha são causadas por armas russas contra a Ucrânia”.

“A Ucrânia está apenas a visar alvos militares, não civis, não infraestrutura de energia. Essa é a diferença, e essa é a razão pela qual estamos a tentar pressionar mais a Rússia”, acentuou Merz.
"Luta infantil"
Por sua vez, Trump evitou fornecer detalhes sobre novas sanções contra Rússia e comparou a guerra na Ucrânia com uma luta infantil.

"Seremos muito, muito, muito duros", disse Trump relativamente às penalizações dirigidas a Moscovo. Mas para acabar com a guerra “serão preciso dois para dançar tango”, continuou Trump.

“Algumas vezes parecem duas crianças a lutarem como loucas. Eles odeiam-se, lutam num parque, e tentamos separá-los. Mas eles não querem ser agarrados, às vezes é melhor deixá-los a lutar por um tempo e esperar para separá-los”, descreveu o presidente norte-americano.

Horas antes, o presidente norte-americano disse ter pedido ao presidente russo, Vladimir Putin, para não retaliar após os últimos ataques de drones da Ucrânia contra as bases aéreas russas.

"Eu disse-lhe: 'não faça isso, você não deve fazer isso, você deve parar'", explicou Trump aos repórteres, acrescentando que Putin respondeu que não tinha "outra escolha" que não fosse retaliar

Durante o encontro com Merz, Trump deixou ainda claro que continuar a apoiar a Ucrânia. “Sim, estou com a Ucrânia. Acabámos de assinar um grande negócio relativo à terra rara com a Ucrânia.”
Reunião amigável com conversas sobre comércio
Enquanto se mantém tensões sobre as negociações para chegar a um acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia, a Alemanha sabe que a sua economia pode pagar um preço alto nas exportações, mas Trump, em tom otimista, disse a Merz que ficaria agradado com um acordo.

"Vamos acabar por estabelecer um acordo comercial", afirmou Trump.

"Acho que isso será determinado principalmente pela União Europeia, mas você [Merz] é um parceiro muito importante nesse processo, você estará envolvido", disse Trump a Merz.

As principais taxas aduaneiras que Trump impôs às exportações da UE, foram adiadas até 9 de julho. A Alemanha ainda está a ser afetada por tarifas, como a taxa de 25% sobre automóveis, que se mantém em vigor.

O presidente Trump sublinhou que "esperançosamente" haverá um acordo comercial. "Quero dizer, estou bem com as tarifas, mas também podemos fazer um acordo comercial, e acho que é isso que estamos a discutir", rematou Trump.

Para já, Merz saiu ileso do encontro, pois optou por não desafiar Trump em alguns de seus comentários sobre a constantes alterações relativas ao apoio dos EUA e da Europa, concentrando-se sobretudo nas opiniões partilhadas por ambos.
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