Estragos ambientais causados pela invasão russa da Ucrânia estimados em 71 mil milhões de dólares
"A natureza é uma vítima silenciosa desta guerra", disse a ministra da Proteção do Ambiente e dos Recursos Naturais ucraniana, Svetlana Grinchuk, durante a realização da 29.ª Conferência das Partes (COP29) da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
O impacto sobre o clima, em particular a destruição de florestas que equilibram naturalmente as emissões de dióxido de carbono, mostra que as consequências da guerra "não afetam apenas a Ucrânia, mas todo o mundo", disse a jornalistas.
Segundo o governo ucraniano, o custo ambiental da guerra eleva-se a 71 mil milhões de dólares. O conflito levou também à emissão de 180 milhões de toneladas de dióxido de carbono, acrescentou.
Em 2023, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento quantificou em 56 mil milhões de dólares de estragos ambientais causados pela guerra à Ucrânia.
Segundo Grinchuk, a invasão russa danificou três milhões de hectares de florestas.
EUA vão enviar 260 milhões de euros em armamento para Kiev antes de Trump tomar posse
A administração de Joe Biden, prosseguiram as fontes, está a apressar-se para fazer o máximo que puder para ajudar Kiev a combater a Rússia nos dois meses que restam ao atual residente norte-americano, pois o pacote de ajuda está ainda por aprovar.
A última parcela de ajuda em armamento surge num momento em que crescem as preocupações sobre uma escalada no conflito, com ambos os lados a pressionar para obter qualquer vantagem que possam explorar se Trump exigir um fim rápido para a guerra, tal como o Presidente eleito prometeu fazer.
Segunda-feira, Biden autorizou a Ucrânia a disparar mísseis de longo alcance na Rússia, com o Presidente russo, Vladimir Putin, a aumentar a parada e a decretar a possibilidade de o exército da Rússia a utilizar armas nucleares.
As autoridades norte-americanas afirmaram que a mudança de estratégia da Rússia na doutrina nuclear era esperada.
No entanto, Moscovo alertou hoje que o novo uso do Sistema de Mísseis Táticos do Exército, conhecido como ATACMS, pela Ucrânia, dentro da Rússia poderá desencadear uma resposta forte.
Sob anonimato, fonte norte-americana, citada pela agência noticiosa Associated Press (AP), disse que os Estados Unidos não veem indicações de que a Rússia se esteja a preparar para usar armas nucleares na Ucrânia.
As autoridades norte-americanas falaram sob condição de anonimato porque o pacote de ajuda ainda não foi tornado público.
Questionado hoje se um ataque ucraniano com mísseis norte-americanos de longo alcance poderia potencialmente desencadear o uso de armas nucleares, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu afirmativamente.
Peskov apontou para a disposição da doutrina que mantém a porta aberta após um ataque convencional que levanta ameaças críticas à "soberania e integridade territorial" da Rússia e da sua aliada Bielorrússia.
Uma autoridade dos EUA, também sob anonimato, disse que a Ucrânia disparou hoje oito mísseis ATACM contra a Rússia e que apenas dois foram intercetados, estando em curso uma avaliação aos danos provocados num armazém de munições em Karachev, na região de Bryansk.
As armas do novo pacote de ajuda à Ucrânia incluem uma mistura de armamento de defesa aérea, incluindo Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS), bem como cartuchos de artilharia de 155 milímetros (mm) e 105 mm, munições perfurantes de blindados Javelin e outros equipamentos, bem como peças sobressalentes, disseram as mesmas autoridades norte-americanas, sempre sob anonimato.
As armas serão fornecidas com base na chamada "autoridade de retirada presidencial", que permite ao Pentágono enviar rapidamente armamento para a linha da frente da Ucrânia antes da tomada de posso de Trump.
Portugal entre dezenas de países que reafirmam na ONU apoio a Kiev
"Esta guerra tem de parar", instou o embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, ao ler um comunicado em nome de cerca de cinquenta Estados e que assinalava o milésimo dia da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Reafirmamos o nosso apoio à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia", frisou o diplomata, rodeado por representantes de vários aliados de Kiev, incluindo dos Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, França, Japão, Austrália, Canadá, Suíça, Argentina, Coreia do Sul ou da União Europeia.
No comunicado, lido em Nova Iorque, foi repetida a exigência para que Moscovo cesse o uso da força contra a Ucrânia e retire "imediata, completa e incondicionalmente as suas forças militares do território ucraniano dentro das suas fronteiras internacionais reconhecidas".
Os Estados condenaram ainda os contínuos ataques indiscriminados da Rússia a áreas residenciais densamente povoadas e a infraestruturas civis críticas na Ucrânia, que fazem elevar o número de mortos, deslocamentos e destruição diariamente.
"Mil dias de guerra são um lembrete trágico da necessidade de continuarmos empenhados em garantir que o direito internacional prevaleça não apenas na Ucrânia, mas onde quer que seja desafiado", acrescentaram os signatários.
Questionado por jornalistas sobre a escalada do conflito nas últimas horas, o embaixador ucraniano advogou que a única forma de fazer com que Moscovo concorde com negociações é através da "força".
"Temos de fazer com que os russos se sentem à mesa de negociações e a única maneira de fazer isso é pela força", defendeu Kyslytsya.
"Temos que estar unidos para evitar a guerra. Não acredito que alguém na liderança russa seja corajoso o suficiente para cometer suicídio. As pessoas são muito fracas na Rússia", acrescentou o diplomata, ao comentar a escalada da retórica sobre uso de armas nucleares.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington.
A guerra na Ucrânia começou há mil dias com a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.
O conflito provocou a maior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial.
Macron chama Putin "à razão" e pede a Xi Jinping que exerça "todo o seu peso" sobre Moscovo
“Estes últimos dias e estas últimas horas marcaram uma evolução do conflito de forma preocupante, com uma postura de escalada e, portanto, particularmente belicosa por parte da Rússia”, disse Emmanuel Macron aos jornalistas após a cimeira do G20 no Rio de Janeiro.
“Eu realmente quero chamar a Rússia à razão. Ela tem responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou, acusando Moscovo de se estar a tornar “uma potência de desestabilização global”.
“Que a paz chegue em 2025 é o que todos queremos. Depende antes de tudo da Rússia, que tem de parar de atacar, de bombardear, de matar, de invadir. E depende também da solução que os protagonistas deste conflito conseguirem encontrar”, afirmou
Emmanuel Macron, que se encontrou esta terça-feira com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem da cimeira do G20, disse ainda que pediu ao presidente chinês para exercer a sua influência sobre Moscovo, de quem Pequim continua a ser aliado.
“Apelei ao presidente Xi Jinping para usar todo o seu peso, a sua pressão, a sua capacidade de negociação sobre o presidente Putin para que ele pare com os ataques”, disse Macron.
Kiev pede que se mantenha a "cabeça fria" perante "chantagem" nuclear de Moscovo
“A sua doutrina nuclear revista e a sua retórica sobre a utilização de armas nucleares não são mais do que uma chantagem", afirmou Andrii Sybiga esta terça-feira a uma comissão do Congresso dos Estados Unidos.
“Devemos manter a cabeça fria, as ideias claras e não ceder ao medo", apelou.
Durante uma conferência de imprensa, uma porta-voz do Pentágono afirmou que a revisão da doutrina nuclear russa “não é surpreendente".
"Isto é algo que continuamos a monitorizar, mas não há indicação de que a Rússia esteja a preparar-se para usar uma arma nuclear na Ucrânia", disse Sabrina Singh.
"Esta é a mesma retórica irresponsável que vimos antes e que vimos, francamente, nos últimos dois anos", acrescentou.
Montenegro lembra direitos fundamentais para apelar à contenção no uso do nuclear
Pentágono reage com naturalidade à nova doutrina nuclear do Kremlin
Armamento nuclear. Bluff de Vladimir Putin ou último recurso?
Zelensky falou ao Parlamento Europeu e foi aplaudido de pé no hemiciclo
Rússia acena com armas nucleares após ataque com mísseis de longo alcance
Ataque da Ucrânia à Rússia dominou final da Cimeira do G20 no Brasil
Josep Borrell critica ameaça russa de recorrer a arsenal nuclear
Moscovo promete resposta a mísseis norte-americanos lançados por Kiev
Rússia diz que abateu `drones` na mesma região alvo de mísseis ATACMS
De acordo com a nota militar, os onze drones foram destruídos entre as 18:00 e as 19:00, horas locais (15:00 e 16:00 de Lisboa).
O ataque de drones` ucranianos surge depois de Moscovo ter confirmado a primeira ofensiva com mísseis ATACMS contra Bryansk.
Segundo os militares russos, cinco mísseis foram abatidos e fragmentos de um sexto atingiram o complexo de uma instalação militar em Bryansk sem causar vítimas ou danos.
Anteriormente, o Estado-Maior ucraniano tinha revelado, sem fornecer detalhes sobre o tipo de armamento utilizado, um ataque bem-sucedido contra um arsenal do Exército Russo em Bryansk.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou hoje que o Ocidente procura uma escalada do conflito na Ucrânia e insistiu que, sem a participação de especialistas norte-americanos, é impossível utilizar os mísseis balísticos que atingem o território russo.
Lavrov voltou a referir as palavras do Presidente russo, Vladimir Putin, que anteriormente falou do envolvimento direto da NATO na guerra em caso de autorização de ataques ao território russo com armas ocidentais de longo alcance.
Da mesma forma, lembrou que a nova doutrina nuclear russa foi hoje aprovada e confiou que os líderes ocidentais irão "estudá-la bem".
No sentido contrário, as autoridades ucranianas informaram hoje que pelo menos uma pessoa morreu e quase vinte ficaram feridas, vítimas de um novo ataque das forças russas na região de Kherson, no sul do país.
"O Exército Russo voltou a bombardear localidades na região de Kherson, utilizando aviões, artilharia, morteiros e drones", disse a Procuradoria Regional no Telegram.
Hoje assinalam-se mil dias do conflito na Ucrânia, iniciado com a invasão da Rússia em 24 de fevereiro de 2022, numa fase em que as forças ucranianas perdem território na frente leste do país e que tentam manter as posições ocupadas desde agosto na região fronteiriça russa de Kursk.
No domingo, os Estados Unidos autorizaram o uso sem precedentes de mísseis norte-americanos de longo alcance em solo russo, como forma de tentar inverter o curso da guerra, antes da chegada do inverno e do republicano Donald Trump, crítico do apoio militar de Washington a Kiev, à Casa Branca.
EUA dizem não ter razões para ajustar postura nuclear
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano disse não estar surpreendido com a decisão russa, mas pediu a Moscovo para que pare com a “retórica irresponsável”.
Matthew Miller disse que Washington está “muito preocupado” com a guerra híbrida conduzida pela Rússia e garantiu que os EUA continuam em “contacto próximo” com os parceiros europeus sobre o assunto.
Zelensky prevê que vencedor da guerra será conhecido em 2025
"Nos momentos decisivos, que chegarão no próximo ano, não devemos permitir que ninguém no mundo duvide da resiliência de todo o nosso Estado e este passo determinará quem prevalecerá", declarou Zelensky, num discurso muito aplaudido pelos deputados do parlamento ucraniano.
O líder da Ucrânia sublinhou que "a guerra decidirá o destino de toda a nação" e reafirmou o direito da Ucrânia à sua independência, que é negada por Moscovo.
"Para exercer este direito, devemos manter-nos fortes. Não podemos entrar em colapso agora, deve ser o ocupante a entrar em colapso, não nós", insistiu, deixando um apelo para que não se traia os ucranianos mortos no campo de batalha.
A Ucrânia, acredita Zelensky, pode derrotar a Rússia: "É muito difícil, mas temos força interior para o fazer".
Perante a Verkhovna Rada (parlamento), o Presidente ucraniano apresentou o seu Plano de Resiliência Interna, reiterando o compromisso de defender a soberania e integridade territorial face à ameaça russa e a pressões crescentes para negociar a paz com Moscovo.
"Não estamos a negociar a soberania, a segurança ou o futuro da Ucrânia. Não abdicaremos dos nossos direitos sobre qualquer parte do nosso território. Nem permitiremos que o nosso Estado seja utilizado em batalhas eleitorais na Europa. Ninguém ganhará à custa da Ucrânia", advertiu.
Volodymyr Zelensky sublinhou que não existe alternativa à NATO para a Ucrânia ou para qualquer país da Europa, num momento em que "o mundo está à procura de novos formatos de cooperação e a Ucrânia introduziu o seu próprio", recordando a sua Fórmula da Paz, que reuniu no verão na Suíça cerca de uma centena de países e organizações internacionais.
Num mês marcado pela eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, levantando dúvidas sobre a continuação do apoio militar de Washington a Kiev, e que o Presidente cessante, Joe Biden, autorizou o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia, o líder ucraniano anunciou uma nova meta para a produção própria de armamento.
Nesse sentido, a Ucrânia deverá produzir pelo menos 30 mil drones de longo alcance e três mil mísseis de cruzeiro e drones-mísseis em 2025, de acordo com o plano de resiliência apresentado na Verkhovna Rada.
"Tal como fizemos este ano, vamos cumprir plenamente as metas para a produção e fornecimento de todos os outros tipos de `drones` no próximo ano", afirmou.
Na sua intervenção, Zelensky levantou ainda a possibilidade de se esperar pela saída do Presidente russo, Vladimir Putin, do Kremlin para tentar recuperar todos os territórios ucranianos ocupados por Moscovo, numa rara abordagem a uma solução não militar.
"Não abandonámos uma perspetiva racional para garantir os direitos do nosso Estado. Temos de agir de forma inteligente. Talvez a Ucrânia deva sobreviver a uma determinada pessoa em Moscovo para atingir todos os seus objetivos", comentou.
A Ucrânia perdeu a iniciativa militar no terreno de combate há mais de um ano e está a perder território diariamente há vários meses na frente leste para as forças de Moscovo em superioridade numérica, enquanto tenta manter as posições na região fronteiriça russa de Kursk que ocupa desde agosto.
Vladimir Putin exige como condições para o fim do conflito a rendição da Ucrânia, a anexação dos territórios ucranianos parcialmente ocupados de Donetsk e Lugansk, no leste, e de Kherson e Zaporijia, no sul, além da península da Crimeia, anexada desde 2014.
O líder do Kremlin quer também a desmilitarização da Ucrânia e o abandono das suas ambições de aderir à NATO.
Kiev recusa todas estas condições, alegando que não se trata de uma negociação mas de uma capitulação, e exige a devolução imediata e incondicional dos territórios invadidos, à luz do Direito Internacional.
Zelensky quer autorização de Berlim para usar mísseis perante nova doutrina nuclear russa
"Penso que, depois destas declarações sobre armas nucleares, é altura de a Alemanha apoiar as decisões corretas", afirmou Zelensky numa conferência de imprensa conjunta, em Kiev, com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
Citado pelas agências noticiosas ucranianas, Zelensky avançou que está a trabalhar com os outros parceiros para que estes se juntem à decisão dos Estados Unidos da América, que após vários meses de hesitação autorizaram no fim de semana passado a Ucrânia a utilizar os mísseis de longo alcance norte-americanos ATACMS contra alvos no território russo.
Zelensky confirmou que detém os mísseis e que já os usou, como anunciou o Ministério da Defesa russo.
Agora o objetivo do líder ucraniano é conseguir que o chanceler alemão, Olaf Scholz, autorize o uso dos mísseis alemães Taurus.
Zelensky tem insistido que só permitindo que a Ucrânia dispare contra alvos militares e logísticos em território russo é que as capacidades das forças armadas da Rússia podem ser prejudicadas.
Putin assinou hoje um decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, permitindo o uso alargado deste tipo de armamento contra qualquer "agressão" por parte de um "Estado não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear".
A ratificação ocorreu no dia em que assinalam mil dias da ofensiva russa contra a Ucrânia.
"Entre as condições que justificam o uso de armas nucleares está o lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia", segundo o decreto.
Putin advertiu, no final de setembro, que Moscovo já poderia usar armas nucleares no caso de um "lançamento massivo" de ataques aéreos contra a Rússia e que qualquer ataque realizado por um país não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atómicas, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão "conjunta", exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.
Desde o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, Putin tem falado sobre a possível utilização de armas nucleares.
Na mesma conferência de imprensa em Kiev, Zelensky criticou a falta de reação dos líderes do G20 (grupo das 20 maiores e emergentes economias do mundo), atualmente reunidos no Brasil, à revisão da doutrina nuclear russa.
"Hoje, os países do G20 estão reunidos no Brasil. Já disseram alguma coisa? Nada", afirmou Zelensky, lamentando a ausência de uma "estratégia forte" por parte destes países.
Ucrânia. Marcelo diz não estar à espera que haja "perda de controlo"
Foto: Nuno Patrício - RTP
Sobre a autorização dos EUA à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance em território russo, Marcelo sublinha que "este é um apoio que vai mais longe em termos de capacidade de contraofensiva, mas mesmo assim é limitado".
Relativamente à notícia de que Vladimir Putin assinou uma nova doutrina de recurso alargado a armas nucleares, o presidente da República lembra que "não é a primeira vez" que a Rússia utiliza esta "terminologia tradicional" com ameaças de utilização de armamento nuclear, mas sublinha que Moscovo tem de ter consciência que "há patamares que não se podem ultrapassar".
"Os valores devem ser defendidos, mas há sempre uma ideia subjacente a tudo: afirmar esses valores, mas sempre construindo a paz", sublinhou.
EUA denunciam "retórica irresponsável" da Rússia sobre doutrina nuclear
"Esta é mais uma demonstração da retórica irresponsável que a Rússia tem demonstrado nos últimos dois anos", disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano à agência noticiosa francesa AFP.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington.
O "documento de planeamento estratégico" inclui a "posição oficial sobre a dissuasão nuclear", "define os perigos e ameaças militares contra os quais se pode atuar com dissuasão nuclear" e garante uma resposta à "agressão" de "um potencial inimigo", quer contra a Rússia, quer "contra os seus aliados".
Putin já havia advertido, no final de setembro, que a Rússia poderia usar armas nucleares no caso de um "lançamento massivo" de ataques aéreos contra o país e que qualquer ataque realizado por um país não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atómicas, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão "conjunta", exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.
Aumentam as suspeitas de sabotagem em cabos submarinos no Mar Báltico
Foto: Murat Usubali - Anadolu via AFP
Rússia diz que uso de mísseis dos EUA em solo russo é "nova fase do conflito"
Foto: EPA
Ucrânia a trabalhar com todos os aliados para ter luz verde ao uso de mísseis de longo alcance
EUA confirmam: Ucrânia usou mísseis ATACMS contra a Rússia
Alargamento de doutrina nuclear por Putin tem "significado simbólico", diz Borrell
Borrell considerou que a decisão do Kremlin de alargar o escopo de utilização do armamento nuclear “tem um significado simbólico”, mesmo sendo o milésimo dia de guerra na Ucrânia.
Ucrânia atacou a Rússia com mísseis ATACMS dos EUA, confirmou alto funcionário ucraniano à AFP
“O ataque à região de Bryansk foi realizado com mísseis ATACMS”, disse o responsável, falando sob condição de anonimato.
Questionado sobre o assunto, o presidente ucraniano não negou nem confirmou, limitando-se a dizer que o país tinha ATACMS à sua disposição e iria “utilizá-los”.
Países europeus prontos para assumir ajuda a Kiev se Washington reduzir apoio
O ministro polaco falava após uma reunião diplomática em Varsóvia que juntou os homólogos de mais quatro países da União Europeia (França, Alemanha, Itália e Espanha) e do Reino Unido, no dia em que são assinalados os mil dias de guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.
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Lavrov promete resposta "apropriada" após lançamento de míssil ATACMS contra a Rússia
No Rio de Janeiro, à margem da cimeira do G20, Lavrov disse que as armas nucleares serviriam como um impedimento para guerra nuclear.
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"Sem os americanos, é impossível usar estes mísseis de alta tecnologia, como Putin disse repetidamente", frisou Serguei Lavrov, para manifestar a expectativa de que a nova doutrina russa para a utilização de armas nucleares, agora assinada pelo presidente russo, seja "lida com atenção".
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Em relação à utilização de mísseis de longo alcance norte-americanos por parte das tropas ucranianas, o correspondente da RTP na Rússia alerta para a possibilidade de o Kremlin poder responder com mais força em território ucraniano.
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Sikorski esteve reunido, em Varsóvia, com os homólogos alemão, francês, italiano, espanhol e britânico.
Moscovo acusa Kiev de atingir território russo com mísseis de longo alcance
- A Ucrânia terá atacado instalações militares na região russa de Bryansk, durante a noite passada, com seis mísseis de longo alcance ATACMS fabricados nos Estados Unidos, avançam as agências de notícias russas, que citam o Ministério da Defesa do país;
- “Às 3h25, o inimigo atingiu um local na região de Bryansk” com “mísseis táticos ATACMS”, indica em comunicado o Ministério da Defesa da Rússia, que garante que cinco mísseis foram destruídos e outro foi danificado pelos mísseis antiaéreos russos;
- Detritos de um míssil caíram numa instalação militar na região, provocando um incêndio, é ainda acrescentado. Não há registo de vítimas nem estragos;
- No dia em que guerra na Ucrânia completa mil dias desde a invasão russa, o presidente russo assinou um decreto que abre caminho à utilização de armas nucleares em resposta a uma "agressão por qualquer Estado não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear". A decisão de Vladimir Putin foi conhecida depois da notícia da luz verde da Casa Branca a Kiev para o uso de armas de longo alcance contra alvos no país invasor;
- O presidente Ucraniano participou na manhã desta terça-feira, por videoconferência, numa sessão do Parlamento Europeu. Aos eurodeputados, Volodymyr Zelensky afirmou que Vladimir Putin "está concentrado na vitória. Ele não vai parar por si próprio. Quanto mais tempo tiver, mais as condições se deterioram";
- O apoio militar à Ucrânia é precisamente o tema quente da reunião desta terça-feira dos ministros da Defesa da NATO. Antes do início do encontro, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, reafirmou que os planos da expansão territorial da Rússia não se limitam à Ucrânia e felicitou o povo ucraniano pela capacidade de resistência.
Mil dias de guerra na Ucrânia. Putin assina nova doutrina de recurso alargado a armas nucleares
“Além disso, uma resposta nuclear da Rússia é possível no caso de uma ameaça crítica à sua soberania, mesmo com armas convencionais, no caso de um ataque à Bielorrússia como membro do Estado da União, [ou] no caso de um lançamento em massa de aeronaves militares, mísseis de cruzeiro, drones, outras aeronaves e a sua travessia da fronteira russa”, acrescenta o documento, citado pela Reuters.A assinatura do decreto ocorre quando se assinalam mil dias da ofensiva contra a Ucrânia.
O "documento de planeamento estratégico" inclui a "posição oficial sobre a dissuasão nuclear", "define os perigos e ameaças militares contra os quais se pode atuar com dissuasão nuclear" e garante uma resposta à "agressão" de "um potencial inimigo", quer contra a Rússia, quer "contra os seus aliados".
O decreto, publicado no portal de documentos legais das autoridades russas, visa "melhorar a política estatal no domínio da dissuasão nuclear" e contempla a entrada em vigor a partir da mesma assinatura de Putin.
Segundo Peskov, a Federação Russa considera o uso de armas nucleares uma medida extrema, mas que a atualização da doutrina era necessária para alinhar o documento à atual situação política. A "operação especial", continuou, está a ocorrer devido a uma guerra desencadeada pelo Ocidente contra a Rússia. Além disso, os militares russos estão a monitorizar de perto os relatórios sobre planos para usar mísseis de longo alcance dos EUA na região de Kursk, na Rússia.
No dia em que se assinala o milésimo dia da invasão russa da Ucrânia, a diplomacia de Kiev declara que nunca se vai submeter apesar das dificuldades no campo de batalha e da incerteza quanto à continuidade do apoio norte-americano, após a reeleição de Donald Trump.
"A Ucrânia nunca se vai submeter aos ocupantes e os militares russos vão ser punidos por violarem o direito internacional", garantiu a diplomacia ucraniana em comunicado, esta segunda-feira, afirmando que a segurança não pode ser restabelecida sem a restauração da integridade territorial e da soberania da Ucrânia.
Esta terça-feira, o Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros referiu que a Rússia, em quase três anos de guerra, aprofundou uma aliança militar com a Coreia do Norte e o Irão que representa uma ameaça crescente para a segurança e estabilidade globais.
"A crescente interação entre estes três regimes mostra que a agressão russa contra a Ucrânia é uma ameaça global que está a desestabilizar a Europa, o Sudeste Asiático e o Médio Oriente. Exige uma resposta global", refere a nota da diplomacia de Kiev.
"Precisamos de paz, não do apaziguamento", insiste o Ministério, referindo-se à "política de apaziguamento", um termo utilizado pelo Reino Unido no final dos anos 1930 para evitar a guerra com a Alemanha nazi, fazendo concessões a Berlim, e que acabaram por não resultar.
Os presidentes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu prometeram, também esta segunda-feira, à Ucrânia apoio da União Europeia “durante o tempo que for necessário” contra a agressão russa, num “dia de luto e de promessa”.
Quando se assinalam os mil dias de guerra da Ucrânia causada pela invasão da Rússia, Ursula von der Leyen partilhou numa mensagem em vídeo afirmando que “hoje é um dia de luto, mas também um dia de promessa”, com a UE a prometer a “continuar a estar ao lado [de Kiev], durante o tempo que for necessário”.
“Há mil dias, a Rússia tentou varrer a Ucrânia do mapa e, durante mil dias, a Rússia falhou devido à resistência da Ucrânia e ao sacrifício dos vossos heróis”, assinalou a responsável, vincando que “a Rússia tem de pagar por mil dias de crimes e destruição”.
A Ucrânia tem vindo a recuar há vários meses em muitos setores da linha da frente contra um Exército russo bem armado e mais numeroso. A acrescentar a isso, a reeleição Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos leva a Ucrânia a recear que Washington venha a aceitar concessões territoriais, oferecendo à Rússia uma vitória militar, política e diplomática e alimentando as ambições geopolíticas de Vladimir Putin.Um alto diplomata ucraniano alertou também contra qualquer apaziguamento do presidente russo Vladimir Putin, dizendo que os últimos ataques à Ucrânia provam que o presidente russo não tem qualquer desejo de paz.
A Rússia atacou a rede elétrica da Ucrânia no maior ataque aéreo em quase três meses no domingo, ação que o embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas em Genebra considerou que demonstrava a determinação de Putin em continuar a guerra que já dura há mil dias e em "mergulhar a Ucrânia na escuridão e no frio".
"Estes ataques demonstram que Putin não quer paz. Ele quer guerra", disse Yevheniia Filipenko à Reuters numa entrevista.
Um ataque russo com drones fez sete mortos e 12 feridos na localidade de Hlújiv, na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, indicaram as autoridades locais. É o segundo ataque esta semana contra a mesma região.
Na madrugada de segunda-feira, 11 pessoas foram vítimas do disparo de um míssil que destruiu o edifício residencial onde se encontravam. Horas depois, um outro ataque russo fez 10 mortos na cidade de Odessa, sul da Ucrânia.
Volodymir Zelensky condenou o último ataque contra Sumy através de uma mensagem difundida pelas redes sociais.
"Hoje ocorreu um ataque com um drone contra Hlúji. Um estabelecimento de ensino foi atingido. Neste momento sabemos que morreram sete pessoas neste ataque, incluindo uma criança", escreveu o presidente da Ucrânia.
"Cada ataque da Rússia só confirma as verdadeiras intenções de Putin", escreveu Zelensky.
Entretanto, o Exército ucraniano atacou durante a madrugada um arsenal localizado na região russa de Briansk, junto à fronteira, disse o Estado Maior da Ucrânia, em comunicado.
Mil dias de guerra. Zelensky insiste que Putin "não vai parar sozinho"
“Putin trouxe 11 mil soldados norte-coreanos para as fronteiras da Ucrânia. Esse contingente pode vir a atingir 100 mil homens. Enquanto alguns líderes europeus pensam em eleições e outras questões, Putin está concentrado em ganhar esta guerra. E não vai parar por iniciativa própria”, realçou o Presidente ucraniano. Aos eurodeputados, Volodymyr Zelensky afirmou ainda que, mesmo com o apoio da Coreia do Norte, “Putin ainda é mais pequeno do que os Estados Unidos da Europa. Peço-vos que não se esqueçam disso e que não se esqueçam de tudo o que a Europa é capaz de fazer”, acrescentou.
O presidente ucraniano fez ainda um apelo velado às armas de longo alcance, afirmando que, sem “certos fatores-chave, a Rússia não terá motivação real para se envolver em negociações significativas”.
"Sabem muito bem que Putin não dá valor a pessoas ou regras. Só dá valor ao dinheiro e ao poder. E são estas coisas que temos de lhe tirar para restaurar a paz", sublinhou.
“Nos momentos decisivos, que ocorrerão no próximo ano, não devemos permitir que ninguém no mundo duvide da resiliência de todo o nosso Estado. E esta fase irá determinar quem irá prevalecer”, disse Zelensky, sublinhando que estava em causa o “destino de toda a nação”.
“Enquanto estes petroleiros operarem, Putin continua a matar”, vincou o Presidente ucraniano, considerando serem “essenciais sanções fortes”.
Portugueses que vivem junto à Rússia salientam atenção dos países nórdicos
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G20. Alemanha e França pedem maior condenação a Putin em declaração final
Foto: André Coelho - Lusa
O correspondente da RTP no Brasil, Pedro Sá Guerra, já teve acesso ao documento e revela os pontos essenciais desta declaração.