Ministério Público sul-coreano acusa antiga primeira-dama de aceitar subornos
O Ministério Público (MP) da Coreia do Sul acusou hoje a antiga primeira-dama Kim Keon-hee de aceitar subornos num total de mais de 223 mil euros, além de interferir em assuntos de Estado.
A mulher do ex-presidente Yoon Suk-yeol foi detida em agosto sob uma série de acusações, incluindo manipulação do mercado bolsista, suborno e violações das leis eleitorais.
Num comunicado que encerrou uma investigação de seis meses, o procurador Min Joong-ki afirmou que as instituições sul-coreanas foram "gravemente prejudicadas por abusos de poder" cometidos por Kim.
A antiga primeira-dama (2022-2025) terá "interferido ilegalmente em assuntos de Estado nos bastidores, longe dos olhos do público", explicou outro procurador, Kim Hyung-geun.
O MP acusa Kim Keon-hee de aceitar subornos, incluindo obras de arte, joias e uma bolsa, que totalizam 377,25 milhões de won (223 mil euros) de empresários e políticos.
Kim terá ainda recebido duas malas Chanel e um colar Graff de Han Hak-ja, líder da Igreja da Unificação. Outros presentes incluíam joias de luxo, uma pintura do artista minimalista sul-coreano Lee Ufan, uma bolsa Dior e um relógio de pulso.
O ex-presidente Yoon Suk-yeol negou qualquer conhecimento destas transações quando questionado pelos investigadores, "uma alegação que muitos consideram difícil de aceitar", segundo o procurador Kim Hyung-geun.
No início de dezembro, o MP pediu uma pena de 15 anos de prisão e uma multa de dois mil milhões de won (1,19 milhões de euros) para a antiga primeira-dama, argumentando que esta se colocou "acima da lei" e "colaborou com uma organização religiosa, comprometendo assim a separação constitucional entre religião e Estado".
Kim Keon-hee negou todas as acusações, classificando-as como "profundamente injustas".
O tribunal deverá proferir o veredicto em relação à antiga primeira-dama no dia 28 de janeiro.
Em setembro, um tribunal sul-coreano emitiu um mandado de detenção para a líder da Igreja da Unificação, também conhecida como seita Moon, por suspeita de ter subornado Kim, já presa preventivamente.
A religiosa Han Hak-ja, de 82 anos, foi interrogada durante nove horas, no âmbito deste caso de indícios de fraude, corrupção e violação das leis eleitorais.
A Igreja da Unificação foi fundada em 1954 pelo falecido marido de Han, Moon Sun-myung, e diz ter três milhões de fiéis pelo mundo, contando com 300 mil "Moonies" na Coreia do Sul e 600 mil no Japão.
O procurador Park Sang-jin afirmou que as suspeitas que recaem sobre a líder da seita Moon prendem-se com alegada "violação da lei de financiamento dos partidos políticos e da lei anticorrupção" e também por suposta "destruição de provas e desvio de fundos".