Minneapolis. Esquadra incendiada em protesto contra morte de afro-americano

por Mário Aleixo - RTP
Uma esquadra de polícia foi incendiada em Minneapolis e a cidade do estado de Minnesota viveu horas de violência e caos Nicholas Pfosi - Reuters

Manifestantes indignados com a morte de George Floyd, um afro-americano que morreu sob custódia policial, invadiram uma esquadra da polícia em Minneapolis e incendiaram o local, disseram as forças de segurança. Donald Trump ameaça destacar a Guarda Nacional para a cidade.

Um porta-voz da polícia daquela cidade do Minnesota confirmou que a terceira esquadra, situada perto do local onde Floyd morreu, foi evacuada "no interesse da segurança do pessoal". O incidente deu-se pouco depois das 5h00 desta sexta-feira em Lisboa.

Num vídeo divulgado "online", um grupo de pessoas entrou no edifício, fazendo disparar os alarmes de incêndio e os aspersores usados no combate às chamas.

A cidade do Estado do Minnesota registou ainda três dezenas de incêndios noutros locais e o saque de várias lojas, a maioria perto do local onde Floyd morreu. Num centro comercial em frente à terceira esquadra, as montras de quase todas as lojas foram estilhaçadas, com manifestantes a atirarem manequins de uma loja saqueada para dentro de um automóvel em chamas, em cenas de violência que se multiplicaram noutras partes da cidade.

Dezenas de empresas em Minneapolis entaiparam as montras na quinta-feira, num esforço para evitar pilhagens, com a cadeia de lojas Target a anunciar o encerramento temporário de duas dúzias de estabelecimentos na zona. As autoridades da localidade encerraram a maioria dos transportes no domingo passado, por razões de segurança.

Os protestos contra a morte de George Floyd, que entraram no terceiro dia consecutivo, alastraram-se também a St. Paul, capital do estado do Minnesota, com a polícia a tentar impedir o saque de lojas e os bombeiros a serem chamados para combater incêndios.

Na quinta-feira à noite, em St. Paul, nuvens de fumo pairavam no ar, enquanto a polícia, armada com bastões e máscaras de gás, vigiava os manifestantes na maior rua comercial da cidade. As forças de segurança tentaram impedir manifestantes de saquear um armazém Target, havendo registo de muitas montras partidas.

Ao terceiro dia, os manifestantes indignados com a morte de George Floyd invadiram uma esquadra da polícia em Minneapolis e incendiaram-na. A cidade do Estado do Minnesota registou ainda três dezenas de incêndios noutros locais e o saque de várias lojas, a maioria perto do local onde Floyd morreu.

Os protestos espalharam-se também a outras zonas do país. Em Nova Iorque, apesar da epidemia da Covid-19, manifestantes organizaram concentrações públicas na quinta-feira, em alguns casos com confrontos policiais. Em Denver, manifestantes bloquearam o trânsito no centro da cidade.Morte de George Floyd condenada
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu na noite de segunda-feira em Minneapolis, após uma intervenção policial violenta, cujas imagens se tornaram virais. Floyd foi detido por suspeita de ter tentado pagar com uma nota falsa de 20 dólares num supermercado. Num vídeo filmado por transeuntes e divulgado nas redes sociais, é possível ver um dos agentes pressionar o pescoço da Floyd com o joelho durante vários minutos.

A polícia alegou que o homem resistiu à prisão, mas novas imagens, captadas pelas câmaras do restaurante em frente ao qual ocorreu a detenção, mostraram Floyd a ser conduzido para a viatura policial, de mãos algemadas nas costas e sem oferecer resistência.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos e as autoridades locais e federais estão a investigar o incidente, mas ainda não houve acusações.

Na quinta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, condenou o caso, apelando às autoridades para adotarem “medidas sérias” para pôr termo a estas mortes de afro-americanos.

“Esta foi a última de uma longa série de mortes de afro-americanos não armados cometidas por polícias norte-americanos e autojusticeiros (…). As autoridades norte-americanas devem tomar medidas sérias para pôr termo a estas mortes e assegurar que seja feita justiça quando ocorrem”, indicou Michele Bachelet em comunicado.
A reação de Trump: "O tiroteio"
Na rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos reagiu a esta vaga de protestos e violência em Minneapolis com acusações ao mayor da cidade, Jacob Frey.


"Não posso ficar quieto e ver isto a acontecer a uma grande cidade americana, Minneapolis. Uma total falta de liderança. Ou o muito fraco mayor de esquerda radical, Jacob Frey, se organiza e controla a cidade, ou enviarei a Giarda Nacional para fazer o trabalho bem feito", escreveu Donald Trump.

Num outro post, entretanto censurado pelo Twitter, que o considerou um incitamento à violência, o Presidente foi ainda mais longe.

“Esses bandidos estão a desonrar a memória de George Floyd, e eu não deixarei isso acontecer. Acabei de falar com o governador Tim Walz e disse-lhe que o Exército está com ele o tempo todo. Qualquer dificuldade e assumiremos o controlo, mas, quando o saque começar, o tiroteio começará. Obrigado!”, escreveu.
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