Missão Darwin200 aprofunda sete projetos ambientais em Cabo Verde

por Lusa

A missão marítima e científica Darwin200 está em Cabo Verde a estudar o comportamento de raias e tubarões, um dos sete projetos em carteira envolvendo jovens cientistas de diferentes países, a bordo da escuna Oosterschelde, um navio restaurado.

A missão tem a duração de dois anos, refazendo o percurso que Charles Darwin fez há quase 200 anos e tem como objetivo "melhorar o mundo", referiu à Lusa o responsável pela coordenação científica do projeto, Rolf Schreuder. 

A iniciativa de um grupo de ambientalistas vai atracar em 32 portos, passando por algumas das principais paragens do HMS Beagle, de Darwin.

Pelo caminho, está previsto o encontro com 2000 líderes da próxima geração na área de conservação.

É o caso da jovem brasileira, Larissa Melo, 21 anos, estudante de Biologia que chegou ao Mindelo para fazer parte do percurso e conhecer outra realidade, trabalhando com tubarões e raias para ganhar conhecimento e aplicá-lo nos projetos com que trabalha, no Rio de Janeiro.

"Aqui existem várias espécies de tubarões e raias, muitas em perigo de extinção, só que temos muito poucos dados sobre estes animais em Cabo Verde", explicou a jovem, numa visita guiada ao navio.

O trabalho em curso consiste em recolher dados a partir de câmaras dissimuladas em iscas remotas "para gravar as espécies debaixo de água".

Outro dos trabalhos de investigação em curso consiste em avaliar a vida de tartarugas nas praias, alimentadas por turistas e pela população.

"Isso traz consequências negativas a longo prazo, porque as tartarugas ficam acostumadas a receber comida", limitando as suas aptidões naturais para caçar, elucidou a jovem estudante.

"Sinto-me muito honrada porque é como se estivéssemos a fazer parte da história", recriando os passos que levaram Darwin a escrever o seu livro A Origem das Espécies, base da biologia evolutiva.

A embarcação Oosterschelde chegou na segunda-feira para ficar uma semana no arquipélago.

Além de São Vicente, estão previstas paragens nas ilhas de Santo Antão, Santa Luzia e no ilhéu Raso.

"Iremos nesta semana produzir três filmes, dois relatórios, sendo um só de fotos, com base no que vivemos e aprendemos com os especialistas em cada um dos projetos", acrescentou Larissa Melo.

No navio viajam jovens reconhecidos pelo trabalho ambiental em países como Gana, Países Baixos, Áustria e Reino Unido.

Depois de Cabo Verde, rumarão ao Brasil, incluindo dois jovens cabo-verdianos como parte do intercâmbio promovido pelo projeto Darwin200.

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