Mísseis hipersónicos. Navio russo treina com marinhas chinesa e sul-africana

por Cristina Sambado - RTP
A fragata partiu dia 4 de janeiro do porto russo de Severomorsk Ministério da Defesa russo via Reuters

Um navio de guerra russo equipado com mísseis hipersónicos terminou um exercício no Oceano Atlântico, antes de realizar treinos conjuntos com as marinhas chinesas e sul-africanas previstos para fevereiro.

A fragata russa Almirante Gorshkov, armada com mísseis supersónicos Zircon, praticou “um ataque contra um alvo de superfície inimigo”, revelou o comandante do navio Igor Krokhmal num vídeo divulgada pelo Ministério da Defesa.

O exercício, descrito pela agência noticiosa estatal Tass como um “lançamento ou simulação virtual, confirmou as características concebidas do sistema de mísseis”, acrescentou Krokhmal, que apontou a suposta capacidade dos mísseis de atingir distâncias superiores a 900 quilómetros.

Os exercícios fazem parte de uma longa viagem da fragata Almirante Gorshkov lançada no início de janeiro, quando os meios de comunicação estatais russos revelaram que o navio de guerra foi despachado com os mísseis supersónicos.

Os destacamento vai incluir também um treino conjunto com as marinhas chinesa e sul-africana ao largo da costa da África do Sul, segundo Moscovo e Pretória. Os exercícios surgem numa altura em que se aproxima o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia e marcam tanto uma demostração de força – com os exercícios militares conjuntos – uma oportunidade para o Kremlin mostrar que não está isolado na cena mundial, apesar da ampla condenação internacional sobre a guerra.

Na segunda-feira, a Casa Branca afirmou que os EUA “têm preocupações com qualquer país, depois de a Rússia ter iniciado uma guerra brutal contra a Ucrânia”.

Em Pretória, no final de uma reunião conjunta, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o seu homólogo sul-africano, Naledi Pandor, defenderam os exercícios navais. Com o representante do Kremlin a afirmar que Moscovo “não quer nenhum escândalo com as movimentações”.

Naledi Pandor acrescentou ser “uma prática normal para todos os países a realização de exercícios militares”.

“Faz parte do curso natural das relações entre países”, acrescentou Pandor enquanto sorria e apertava as mãos a Lavrov.

A África do Sul tem sido criticada por se recusar em condenar a invasão russa da Ucrânia.


Numa declaração separada que detalha os exercícios conjuntos, que decorrem entre 17 e 27 de fevereiro, o departamento de Defesa da África do Sul afirmou que “ao contrário das afirmações dos críticos de Pretória, o país não estava a abandonar a sua posição neutra sobre o conflito russo-ucraniano e continua a exortar ambas as partes a empenharem-se no diálogo como solução para o conflito”.

A China ainda não confirmou a participação, mas o site do Ministério de Defesa publicou, na segunda-feira, uma nota na agência estatal Xinhua, na qual se referia ao anúncio de Pretória sobre os exercícios militares. A China está a celebrar uma semana de férias por ocasião do ano novo lunar.


Os EUA já advertiram por várias vezes a China - que tem uma estreita parceria estratégica com a Rússia – contra o fornecimento de apoio militar ao exército russo na guerra na Ucrânia.

Recentemente, Joe Biden manifestou a sua preocupação com a China com provas de que empresas chinesas tinham vendido equipamento não letal à Rússia para ser usado na Ucrânia, apesar de não ser claro que Pequim estivesse a par dessas supostas transições.

Prevê-se que o exercício marítimo conjunto inclua cerca de 350 elementos da Força de Defesa Nacional da África do Sul. Em 2019 as marinhas dos três países já tinham realizado um exercício.


No entanto, é a primeira vez que os exercícios militares vão incluir a fragata Almirante Gorshkov carregada com mísseis hipersónicos Zircon, que foram testados pela primeira vez no final de 2021.

As armas de longo alcance, que o Presidente russo Vladimir Putin afirmou no início deste mês que não havia “similares em nenhum país do mundo”, viajam mais de cinco vezes à velocidade do som e são mais difíceis de detetar e intercetar.
Tópicos
pub