O Estádio Nacional do Zimbabué em Harare, completamente cheio, assistiu esta sexta-feira à tomada de posse de Emmerson Mnangagwa como novo Presidente do país. Depois de 37 anos, chegou ao fim a era Mugabe.
Ao tomar posse, num Estádio Nacional lotado, prometeu “ser fiel ao Zimbabué” e criar empregos.
"Queremos fazer crescer a nossa economia, queremos paz, queremos empregos, empregos, empregos...", clamou o novo Presidente perante a multidão.
Fátima Marques Faria, Marcelo Sá Carvalho - RTP
Mnangagwa era o vice-presidente de Robert Mugabe quando foi afastado há duas semanas. Foi o gatilho para a intervenção dos militares que conduziram um golpe de Estado pacífico, que culminou com a demissão do mais antigo líder de África.
O novo Presidente guarda um passado obscuro, já que está associado ao massacre de milhares de pessoas durante a guerra civil após a independência do país, na década de 1980.
Militares dão imunidade a Mugabe
Desde o passado domingo que não se sabe do paradeiro de Robert e Grace Mugabe. A sua ausência foi a mais notada na cerimónia de tomada de posse, à qual assistiram líderes de vários países africanos.
Na quinta-feira surgiram informações de que Robert Mugabe tinha conseguido a imunidade depois de recusar o exílio. O ex-Presidente disse aos militares que “queria morrer no seu país”.
Vários órgãos de comunicação avançaram que o casal Mugabe vai gozar de imunidade, manter a casa em Harare, bem como a casa de férias e ter direito a tratamentos de saúde e a viagens ilimitadas.
E agora, Zimbabué?
A ex-Rodésia, com cerca de 16 milhões habitantes e uma área quatro vezes superior a Portugal, enfrenta uma das maiores crises económicas da sua história.
A inflação não parou de crescer na última década, o que levou o país a abdicar da própria moeda. Estima-se que 90 por cento da população esteja desempregada.
O FMI advertiu o Zimbabué para a urgência de tomar medidas que evitem um pedido de ajuda monetária, o que já muitos consideram inevitável.
O principal partido da oposição, MDC, diz que o primeiro fator a mudar é "a cultura". “A cultura da violência, a cultura da corrupção. Precisamos mudar essa cultura", afirmou o líder Morgan Tsvangirai.
O novo Presidente, Emmerson Mnangagwa, não terá um caminho fácil pela frente.