Moçambique. ONU alerta para mais 72 horas críticas com chuvas intensas

por Inês Geraldo - RTP
A preocupação agora prende-se com as descargas que poderão levar a grandes cheias no país Philimon Bulawayo - Reuters

O ciclone Idai deixou um rasto de destruição na cidade da Beira, naquele que é já considerado o pior desastre natural de sempre no Hemisfério Sul. O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, avançou esta terça-feira com um balanço de mais de 200 vítimas mortais e a ONU alerta para a previsão de chuvas intensas que torna críticas as próximas 72 horas.

“De acordo com a informação de que dispomos, já há mais de 200 vítimas mortais”. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, revelou a informação depois de uma reunião do Conselho de Ministros, na sequência da tempestade que destruiu quase na totalidade a cidade da Beira em que decretou o estado de emergência nacional.

Nesta cidade do centro de Moçambique, os estragos são em grande escala e as equipas de assistência médica pedem reforços para ajudar quem foi afetado pela tempestade.

Os balanços provisórios apontam para mais de 300 vítimas mortais em três países - Moçambique, Malawi e Zimbabué. Mais de um milhão de pessoas foram afetadas. A Cruz Vermelha avançou que mais de 400 mil pessoas estão desalojadas.

A Amnistia Internacional pediu, em comunicado, que os governos internacionais se juntem para prestar auxílio de forma rápida e os Médicos Sem Fronteiras alertam para a debilidade das infraestruturas na Beira, o que compromete também a chegada de assistência.

Com chuvas intensas e ventos fortes a ultrapassar os 170 quilómetros por hora, a ONU alerta agora para o perigo que Moçambique corre nas próximas 72 horas. Estão previstas chuvas muito intensas e as barragens moçambicanas estão a atingir os limites.

Durante a tarde, a Direção Nacional de Recursos Hídricos emitiu um alerta para os próximos três dias, devido ao nível das águas em albufeiras de norte e centro de Moçambique. A situação na albufeira em Nampula já alcançou os 100 por cento e em Cahora-Bassa está a 98 por cento.

A preocupação agora prende-se com as descargas que poderão levar a grandes cheias no país.
Portugal na linha da frente da ajuda
Vários portugueses foram afetados pelo ciclone Idai em Moçambique. Não existem vítimas mortais portuguesas, mas muitos perderam o que tinham. António Costa expressou solidariedade para com o povo moçambicano e revelou haver esforços para levar ajuda humanitária até ao “país irmão”.

O primeiro-ministro revelou que os ministérios da Defesa Nacional e da Administração Interna estiveram reunidos para apurar as capacidades da Proteção Civil e das Forças Armadas para apoiar as vítimas no terreno.

Augusto Santos Silva também falou sobre a situação e garantiu que Portugal vai estar “na linha da frente do apoio internacional”.

Em declarações à RTP, Maria Amélia Paiva, embaixadora portuguesa em Moçambique, disse que está a ser feito um levantamento das necessidades portuguesas na cidade de Beira e que muitos são os que querem sair, para regressar a Maputo ou voltar a Portugal.

“Estamos a coordenar com os competentes serviços em Lisboa uma resposta tão rápida quanto possível a essas necessidades da comunidade portuguesa”.
Comunidade internacional presta auxílio
Para além de Portugal, a comunidade internacional está a mostrar solidariedade e a enviar ajuda para os países afetados pelo ciclone Idai.

A União Europeia reagiu aos acontecimentos em África e anunciou que vai enviar um pacote de ajuda de emergência no valor de 3,5 milhões de euros. De acordo com Bruxelas, a verba "será usada para fornecer apoio logístico para as pessoas afetadas, como abrigos de emergência, higiene, saneamento e cuidados de saúde".

Do total, dois milhões serão alocados a Moçambique, um milhão ao Maláui e 500 mil euros ao Zimbabué.

O Reino Unido anunciou que vai doar sete milhões de euros e enviar uma equipa de emergência médica para o local. Penny Mordaunt, ministra para o Desenvolvimento Internacional, afirmou que as imagens vindas de África são chocantes e que urge ajudar quem foi afetado.

"Enviámos uma equipa do Reino Unido de peritos do DFID (Ministério para o Desenvolvimento Internacional) que estão agora no terreno em Moçambique, ajudando a coordenar a resposta do Reino Unido a esta catástrofe, e esperamos ter em breve provisões de ajuda do Reino Unido na região. Estamos prontos para reforçar o nosso apoio, se for necessário".
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