Morreu o príncipe Filipe, marido da rainha Isabel II

por RTP
Reuters

Morreu o príncipe Filipe. Tinha 99 anos. O anúncio da morte do duque de Edimburgo, príncipe consorte da Rainha Isabel II, foi feito ao início da tarde desta sexta-feira pelo Palácio de Buckingham.

O duque de Edimburgo, como era oficialmente conhecido, esteve ao lado da rainha ao longo do reinado que dura há 69 anos, o mais longo da história da Inglaterra. "É com profunda tristeza que Sua Majestade a Rainha anuncia a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real o Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo", disse o palácio em comunicado.

"Sua Alteza Real faleceu pacificamente esta manhã no Castelo de Windsor. Mais comunicações serão realizadas atempadamente", lê-se.

Um príncipe grego, Filipe casou-se com Isabel em 1947, desempenhando um papel fundamental na modernização da monarquia no segundo período pós-guerra mundial.

Foi sempre dentro das paredes do Palácio de Buckingham uma figura fundamental em quem a rainha depositava confiança. "Ele tem, simplesmente, sido minha força todos esses anos", disse a rainha num raro tributo pessoal a Filipe num discurso que marcava o 50.º aniversário de casamento em 1997.

O príncipe, que ia completar 100 anos em 10 de junho, tinha saído recentemente do hospital, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica a problemas cardíacos, e regressado ao Palácio de Windsor.
Príncipe da Grécia e da Dinamarca
Conhecido pelo seu sentido de humor particular, Filipe de Mountbatten, nascido com o título de príncipe da Grécia e da Dinamarca, é o consorte mais antigo da história da monarquia britânica.

Após ter servido na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, casou-se a 20 de novembro de 1947 com a então princesa Elizabeth, filha do rei George VI, vindo a tornar-se no consorte mais antigo da Grã-Bretanha.

Filipe, que realizou mais de 22.000 compromissos públicos, descreveu-se de forma bem-humorada como "o inaugurador de placas mais experiente do mundo".

Afastou-se das funções públicas em 2017, ano a partir do qual se tornou cada vez mais raras as suas aparições públicas, à exceção dos grandes eventos familiares.Origens gregas

Filho único do Príncipe André da Grécia e da princesa Alice de Battenberg, aos 18 meses o Príncipe Filipe e a família tiveram de abandonar a Grécia devido à instabilidade política criada pela guerra com a Turquia, numa altura em que o tio, o rei da Grécia Constantino I, foi forçado a abdicar.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o príncipe Louis de Battenberg, avô do príncipe Filipe, mudou o nome da família para Mountbatten e seria este o nome que Filipe adotou quando se naturalizou britânico e renunciou ao título real para se casar com a princesa Isabel.

Após passar parte da infância em França, estudou em Inglaterra e na Escócia e ingressou na Marinha Real britânica como cadete em 1939, seguindo os passos do avô, o príncipe Louis, que foi almirante da frota e primeiro lorde do mar.

Em julho de 1947, foi anunciado o noivado do então tenente Filipe Mountbatten com a princesa Isabel, prima em terceiro grau. Quatro meses depois, a 20 de novembro, casaram-se na Abadia de Westminster.

Após o casamento, o príncipe Filipe foi agraciado com os títulos de duque de Edimburgo, conde de Merioneth e barão de Greenwich.Curta carreira na Marinha

O príncipe Filipe esteve embarcado em vários navios, incluindo durante a Segunda Guerra Mundial, e em 1952 chegou à patente de Comandante.

Mas a carreira militar ativa chegou ao fim com a morte do sogro, o Rei George VI, e a proclamação da rainha Isabel II a 6 de fevereiro.
O casal teve quatro filhos: o príncipe Carlos, príncipe de Gales, nasceu em 1948 e a Princesa Ana nasceu dois anos depois.

Depois de ascender ao trono, o casal teve mais dois filhos: o príncipe André, duque de York, nascido em 1960, e o príncipe Eduardo, conde de Wessex, nascido em 1964.

Após visitar a Antártida e o Atlântico Sul em 1956-57, o príncipe Filipe passou a desenvolver trabalho na sensibilização para as questões ambientais e a relação entre os humanos e a natureza, sendo um inovador no uso de um carro elétrico ainda na década de 1960.

Foi um praticante de desporto ativo, nomeadamente de pólo, atrelagem (carruagens de cavalos) e vela, e era também um piloto qualificado, tendo sido o primeiro membro da família real a descolar um helicóptero do jardim do Palácio de Buckingham.Consorte britânico mais tempo em funções

Em 2009, tornou-se o consorte britânico mais tempo em funções enquanto companheiro de um soberano, distinção anteriormente detida pela Rainha Carlota, consorte do rei Jorge III.

Foi mecenas, presidente ou membro de cerca de 780 organizações e acumulou títulos militares de vários regimentos militares britânicos, mas em 2017 deixou de ser ativo nestas funções e abandonou a vida pública.

Um dos principais legados que deixa é o Prémio do Duque de Edimburgo, criado em 1956 em colaboração com o educador alemão Kurt Hahn e John Hunt, líder da primeira escalada bem-sucedida do monte Everest, para desafiar jovens entre os 14 e 24 anos a fazer voluntariado, participar em expedições na natureza e adquirir conhecimentos fora da escola.
Funeral discreto a pedido do príncipe

A página eletrónica da Família Real, na qual foi anunciada a morte, encontra-se atualmente de luto, indicando que "novos anúncios serão feitos oportunamente". A morte do príncipe Filipe desencadeia a Operação "Forth Bridge", nome de código para os preparativos do funeral, que merece honras de Estado, mas que o duque de Edimburgo terá manifestado querer que fosse uma cerimónia discreta.

"A Família Real junta-se a pessoas de todo o mundo no luto pela sua perda", acrescenta a Família Real. De acordo com a tradição, o Reino Unido, que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, entrará num período nacional de luto que se prolongará até o funeral.

As bandeiras serão hasteadas a meio mastro, o bastão cerimonial que está na Câmara dos Comuns, atualmente suspensa para férias, será envolto em preto ou adornado com um laço preto e os deputados deverão usar braçadeiras ou gravatas pretas.

Enquanto príncipe consorte, o príncipe Filipe tem direito a um funeral de Estado, que envolve ficar em câmara aberta e ser sepultado no Castelo de Windsor, mas, segundo a imprensa britânica, o duque de Edimburgo deixou instruções para se fazer um funeral privado.

Assim, de acordo com os seus desejos, que ainda não foram oficialmente revelados, apenas a sua família e amigos mais próximos deverão comparecer no funeral.

c/ agências
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