Moskva. Navio russo no Mar Negro danificado após alegado ataque de míssil

por RTP
Os danos no navio Moskva, da era soviética, poderão representar um golpe profundo nas forças militares russas no 50.º dia de guerra. Pavel Rebrov - Reuters

Um navio russo no Mar Negro terá ficado "gravemente danificado" e a sua tripulação foi retirada após uma explosão a bordo, avançou Moscovo esta quinta-feira. A Ucrânia garante que a explosão foi causada por um ataque de míssil como resposta à invasão de Moscovo, iniciada há 50 dias.

O navio em questão é o mesmo que, no início da guerra, surgiu num vídeo viral onde se ouviam guardas fronteiriços ucranianos numa pequena ilha no Mar Negro a responder com “vão-se f…” aos militares russos que exigiram a sua rendição.



Agora, a destruição do navio Moskva, da era soviética, poderá representar um golpe profundo nas forças militares russas naquele que é o 50.º dia de guerra e numa altura em que Moscovo aparenta estar a preparar um novo ataque na região do Donbass, a leste da Ucrânia.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, um incêndio a bordo do navio de 186 metros de comprimento provocou a explosão de munições. Não foi, porém, avançada a causa desse incêndio.
“O fogo no navio Moskva está sob controlo. Não há chamas visíveis. As munições já não estão a explodir”, escreveu o Ministério em comunicado. “O navio continua a flutuar e o principal arsenal de mísseis não foi danificado”.

Segundo Moscovo, “a tripulação foi retirada para outros navios da frota no Mar Negro e estão a ser tomadas medidas para levar o Moskva até ao porto”. “As causas do incêndio ainda estão a ser apuradas”, acrescenta o Ministério da Defesa.

A Ucrânia garante, por seu lado, ter lançado com sucesso um ataque de míssil sobre o Moskva. “Dois mísseis ucranianos Neptune [anti-navios] causaram graves danos enquanto guardavam o Mar Negro”, anunciou o ucraniano Maksym Marchenko, governador da região junto ao porto de Odessa, na costa do Mar Negro.

“Parece que o navio Moskva foi exatamente para o sítio onde os nossos guardas fronteiriços na Ilha das Serpentes os mandaram”, ironizou Marchenko.

Já o conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse ter “acontecido uma surpresa” com o navio russo. “Ardeu fortemente. Agora mesmo. E, com este mar agitado, não se sabe se irão receber alguma ajuda”, declarou pouco depois da explosão.
Forças russas aumentaram atividade a sul e leste, alerta Zelensky
O alegado ataque acontece depois de a marinha russa ter lançado vários mísseis de cruzeiro na Ucrânia.

A Rússia, cujas operações no Mar Negro são cruciais para o apoio às operações terrestres no país vizinho – onde continua a batalhar para assumir o controlo total da cidade portuária de Mariupol -, disse na quarta-feira que mais de mil fuzileiros ucranianos se renderam.

Caso Mariupol consiga ser tomada, será a primeira grande cidade ucraniana a cair nas mãos das forças russas desde que estas iniciaram a invasão, a 24 de fevereiro.

A captura permitiria a Moscovo criar um corredor terrestre entre a região da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e as regiões separatistas a leste da Ucrânia, facilitando as forças russas num ataque mais amplo em todo o território.

“As forças russas estão a aumentar as suas atividades nas frentes sul e leste, tentando vingar-se das suas derrotas”, afiançou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, na noite de quarta-feira.
Moskva foi encomendado pela Rússia em 1983
Segundo agências de notícias russas, o navio Moskva, na posse de Moscovo desde 1983, estava armado com 16 mísseis de cruzeiro Vulkan com um alcance de pelo menos 700 quilómetros.

Em dezembro de 1989, no rescaldo da queda do Muro de Berlim, o navio participou na Cimeira de Malta entre Mikhail Gorbachev e George Bush. Participou ainda numa conferência sobre desarmamento nuclear em Ialta, em agosto de 1990.

Foi rebatizado em 1995 e passou a chamar-se "Moskva" (Moscovo). Sofreu duas grandes remodelações e modernizações, a última entre os anos 2018-2020.

O navio tem sede em Sebastopol, base da frota russa no Mar Negro, na Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. O presidente Vladimir Putin recebeu vários líderes estrangeiros a bordo do Moskva e atribuiu várias honras militares às suas tripulações.
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