Muitos deslocados por tufão só poderão voltar a casa em 2027, diz líder do Alasca

Os mais de dois mil deslocados pela tempestade tropical Halong não poderão regressar a casa durante pelo menos 18 meses, devido aos danos em aldeias remotas do estado norte-americano do Alasca, disse o governador.

Lusa /

O aviso do republicano Mike Dunleavy surgiu numa carta, enviada na sexta-feira pelos três representantes do Alasca no parlamento dos Estados Unidos, a pedir ao Presidente dos Estados Unidos a declaração com urgência do estado de calamidade.

O Governo federal já tem vindo a auxiliar os esforços de busca e salvamento do Alasca, assim como na avaliação os danos, resposta ambiental e apoio à evacuação dos afetados pela passagem do Halong, no fim-de-semana passado.

Mas a declaração de calamidade por parte de Donald Trump poderia permitir o acesso a programas federais de assistência a indivíduos e infraestruturas públicas, incluindo dinheiro para obras, tanto de emergência como permanentes.

As autoridades têm-se esforçado para retirar pessoas das aldeias inundadas. Mais de duas mil pessoas abrigaram-se em escolas, em comunidades maiores no sudoeste do Alasca ou foram levadas em aviões militares para Anchorage.

Os líderes de Anchorage, a maior cidade do estado, disseram na sexta-feira que esperam a chegada de até 1.600 pessoas, a maioria das quais membros das comunidades indígenas do Alasca.

Até ao momento, cerca de 575 foram transportados de avião para a cidade pela Guarda Nacional do Alasca e estão alojados numa arena desportiva ou num centro de convenções. Voos adicionais são esperados para hoje.

"Devido ao tempo, espaço, distância, geografia e clima nas áreas afetadas, é provável que muitos sobreviventes não consigam regressar às suas comunidades este inverno", disse Mike Dunleavy.

"As agências estão a dar prioridade a reparações rápidas (...) mas é provável que algumas comunidades danificadas não sejam viáveis para suportar a ocupação no inverno, no clima mais severo dos Estados Unidos, no Ártico", alertou.

Numa das aldeias mais atingidas, Kipnuk, uma avaliação inicial mostrou que 121 casas --- ou 90% do total --- foram destruídas, escreveu Dunleavy.

Em Kwigillingok, onde três dezenas de casas foram levadas pelo vento, pouco mais de um terço das casas estão inabitáveis.

O tufão Halong atingiu a área com a ferocidade de um furacão, disse Dunleavy. Uma pessoa morreu, duas continuam desaparecidas e as equipas de resgate retiraram dezenas de pessoas das suas casas, alguns salvas de telhados por helicóptero.

No início do ano, a Agência Federal de Gestão de Emergências dos Estados Unidos anunciou que iria encerrar um programa destinado a mitigar os riscos de catástrofes. A decisão está a ser contestada judicialmente.

Um relatório preparado para a tribo local em 2022 pelo Instituto de Justiça do Alasca afirmou que a frequência e a gravidade das inundações na região de baixa altitude aumentaram nos últimos anos.

O documento listou a deslocalização da comunidade como uma necessidade urgente.

A erosão e o degelo representam ameaças às infraestruturas e, em alguns casos, a comunidades inteiras do Alasca, que está a sofrer os impactos das alterações climáticas.

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