Multinacionais importam madeira ligada a massacre na Amazónia

por Jorge Almeida - RTP
Nacho Doce - Reuters

Mais de uma dúzia de empresas norte-americanas e europeias estão alegadamente a importar madeira de um proprietário brasileiro implicado num massacre que fez nove mortos, denuncia a Greenpeace.

Em causa está a empresa madeireira Cedro Arana, cujo fundador, Valdelir João de Sousa, foi acusado pela polícia brasileira de ter mandado torturar e matar nove pessoas em Colniza, no Estado de Mato Grosso, a 19 de abril deste ano.

Segundo uma investigação levada da organização não-governamental Greenpeace, os assassinatos foram perpetrados para que a empresa tivesse acesso à floresta onde viviam as vítimas, que eram pequenos proprietários.

O alegado mandante do massacre encontra-se fugido às autoridades desde 15 de maio, data em que foi conhecida a acusação.Comércio ilegal
Na lista do relatório elaborado pela organização de defesa do ambiente, encontramos nomes de empresas como Lacey Wood Products, Mid-State Lumber Corp, South Florida Lumber, Wood Brokerage International, Vogel Import & Export Nv.

Para a Greenpeace, as empresas envolvidas não deviam ter realizado negócios com a Cedro Arana, visto a madeireira ter acumulado multas federais de milhares de euros por comercialização de madeira ilegal.

Vastas áreas da Amazónia estão a ser desflorestadas de forma ilegal. Foto: Nacho Doce - Reuters

Também existem indícios de fraude generalizada, lavagem de dinheiro e assassinatos de defensores ambientais.

A Greenpeace pediu às autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia para terem em conta que a madeira importada do Brasil pode ser de proveniência ilegal e que os negócios só sejam realizados com empresas legalizadas.Desflorestação da Amazónia
A desmatação do pulmão do mundo continua a um ritmo acelerado. Segundo dados da Greenpeace, a desflorestação aumentou 29 por cento em 2016 - nos últimos quatro anos, foi a terceira vez que este número aumentou na região.

Os ambientalistas acusam o Governo Federal de Michel Temer de “meter gasolina nas motosserras que destroem a floresta”.

No início do ano o ministro Eliseu Padilha diminui as áreas protegidas e o Conselho de Defesa Nacional decidiu retirar da ONU a candidatura do Parque Nacional da Serra do Divisor, na fronteira do Acre com o Perú, a património natural da humanidade.
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