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"Mundo de fantasia". Juiz considera Trump responsável por fraude ao sobreavaliar património

por Joana Raposo Santos - RTP
O antigo inquilino da Casa Branca e os restantes réus negaram ter cometido qualquer fraude. Eduardo Munoz - Reuters

Um juiz de Nova Iorque considerou na terça-feira que o ex-presidente Donald Trump e a sua família foram responsáveis por fraude ao inflacionarem o valor das suas propriedades e de outros bens. A posição do tribunal nova-iorquino pode prejudicar novos negócios do republicano nesse Estado norte-americano.

Segundo o juiz Arthur Engoron, Trump e os seus filhos Donald Junior e Eric, assim como outros membros da empresa Trump Organization, manipularam avaliações e inflacionaram o valor do património do ex-presidente para seu benefício.

“É um mundo de fantasia, não o mundo real”
, declarou Engoron, que também sancionou os advogados dos réus por apresentarem argumentos jurídicos “absurdos” e alimentarem a conduta “descontrolada” dos seus clientes.O juiz ordenou ainda o cancelamento dos certificados empresariais que permitiam a alguns dos negócios de Trump, incluindo a Trump Organization, operarem em Nova Iorque.

O antigo inquilino da Casa Branca e os restantes réus negaram ter cometido qualquer fraude e anunciaram que vão recorrer da decisão de Arthur Engoron.

“Esta decisão escandalosa está completamente desligada dos factos e da lei governativa”, considerou um dos advogados de Trump, Christopher Kise, em comunicado. “O presidente Trump e a sua família vão usar todos os recursos disponíveis para retificar este erro judiciário”.
“Caça às bruxas”
O ex-presidente já reagiu na sua rede social, a Truth Social, classificando de “ridículas e falsas” as acusações de fraude e chamando “louco” ao juiz Arthur Engoron, que acredita estar “ao serviço da democrata Letitia James, procuradora-geral de Nova Iorque".

James processou Donald Trump e três dos seus filhos em setembro de 2022, acusando-os de mentirem durante uma década acerca sobre o valor do seu património para burlar bancos e seguradoras, fazendo com que estes lhes oferecessem condições mais vantajosas.

Segundo o juiz Engoron, a procuradora-geral apresentou “provas conclusivas” de que o antigo líder norte-americano tinha sobreavaliado o seu património entre 812 milhões de dólares e 2,2 mil milhões de dólares.

“Isto é uma guerra política democrata e uma caça às bruxas a um nível nunca antes visto. Se podem fazer isto comigo, podem fazê-lo com vocês!”, escreveu Trump.

Já para Arthur Engoron, “mesmo no mundo das altas finanças o tribunal não pode apoiar o argumento de que uma distorção de pelo menos 812 milhões de dólares é imaterial”, como referiu a defesa de Trump.
Apartamento na Trump Tower sobreavaliado em 207 milhões
Segundo o juiz, as falsas avaliações de património incluem a propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, o seu apartamento na Trump Tower, em Manhattan, e vários edifícios de escritórios e campos de golfe.

Uma das principais acusações diz respeito ao apartamento de Manhattan, que Trump disse possuir 2.787 metros quadrados, quase três vezes mais do que o seu verdadeiro tamanho. O excesso resultou numa sobreavaliação de aproximadamente 207 milhões de dólares.

“Uma discrepância desta magnitude, com um empresário do ramo imobiliário [como Trump] a aumentar o seu próprio espaço de habitação durante décadas, só pode ser considerada fraude”, vincou Arthur Engoron.

“Além disso, [Trump] também dá a entender que os números não poderiam estar inflacionados porque conseguia encontrar um ‘comprador da Arábia Saudita’ disposto a pagar qualquer preço que lhe fosse pedido”, acrescentou.

A procuradora-geral Letitia James aplaudiu a decisão do juiz e disse estar “ansiosa por apresentar o resto do caso em julgamento”, marcado para o próximo dia 2 de outubro.

c/ agências
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