Nagorno-Karabakh. Hostilidades entre Azerbaijão e Arménia agravam-se

por Inês Geraldo - RTP
Região de Nagorno-Karabakh vive constante tensão entre Arménia e Azerbaijão Reuters

A região de Nagorno-Karabakh tem sido palco de ataques por parte do Azerbaijão, que diz estar a levar a cabo uma ação “anti-terrorista”. Mais de 20 pessoas, incluindo uma criança, morreram durante os ataques e o presidente azeri afirmou que as hostilidades só terminarão quando o governo separatista arménio se render e for desmantelado.

O enclave é território azeri, os seus habitantes são arménios. Este é o cenário que leva a uma nova guerra entre Azerbaijão e Arménia, que se acusam mutuamente de não respeitarem as diretivas do último acordo de paz assinado em 2020 entre as duas partes.

Desde a queda União Soviética, os dois países já se envolveram em duas guerras. Em 2020, o Azerbaijão recuperou algumas áreas da região de Nagorno-Karabakh antes de ser assinada uma trégua, monitorizada por forças russas de manutenção de paz.

A comunidade internacional apela a um cessar-fogo e que sejam iniciadas negociações
. No entanto, os arménios que vivem em Nagorno-Karabakh acusam o Azerbaijão de querer conquistar o enclave e o primeiro-ministro Nikol Pashinyan afirmou que os azeris estão a levar a cabo uma operação cuja finalidade é uma “limpeza étnica”.Os ataques já levaram à morte de 27 pessoas e outras 200 ficaram feridas.

Tanto a Rússia como os Estados Unidos vieram a público pedir um cessar-fogo ao Azerbaijão, numa zona onde vivem perto de 120 mil arménios.

Nos últimos meses, os azeris têm bloqueado a única estrada que liga Nagorno-Karabakh à Arménia, o corredor Lachin, em resposta à morte de seis pessoas (quatro polícias) após explosões em território azeri.

Stepanakert, capital da região, está a ser atacada de forma intensiva de acordo com os arménios que vivem no local, usando artilharia, sistemas de mísseis e drones. Os habitantes da região dizem ter-se escondido em caves e abrigos, sem acesso a eletricidade e a ajuda humanitária.

Baku disse que até agora já tomou 60 postos militares e destruiu perto de 20 veículos.

Também o secretário-geral da ONU pediu um cessar-fogo imediato e a União Europeia, incluindo a França e Alemanha, condenaram a ação militar levada a cabo pelo Azerbaijão.O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, revelou ter estado em contacto com as duas partes e pediu que a situação humanitária na região não piore.

O Departamento de Estado norte-americano adiantou ter recebido indicações de que o presidente do Azerbaijão quer parar os ataques e ter reuniões com os representantes de Nagorno-Karabakh. Washington afirma apoiar a 100 por cento a Arménia nesta situação.

Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, apelou, por sua vez, para que as hostilidades terminassem de forma imediata, evitando-se assim mortes de civis.
Novos ataques

O Azerbaijão explicou ter começado novos ataques na terça-feira para neutralizar as posições militares arménias, apesar da garantia das autoridades da Arménia de que não existem forças armadas na fronteira, e pediu uma intervenção pronta das Nações Unidas e das forças russas de manutenção de paz.

A falta de ação destas forças tem levado a um afastamento entre a Arménia e a Rússia, com os arménios a queixarem-se da incapacidade das forças russas em manterem o acordo de 2020 e o corredor Lachin aberto para a Arménia.A tensão entre os dois países também se deve aos exercícios militares que a Arménia aceitou fazer em conjunto com os Estados Unidos este mês, num país onde existem bases militares russas.

Em Yerevan, capital da Arménia, um grande número de manifestantes saiu à rua a pedir às autoridades do país que protejam os arménios de Nagorno-Karabakh. Houve confrontos com a polícia e um total de 34 feridos, entre 16 polícias e 18 civis.
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