Navalny. Corpo do opositor russo vai ser examinado por "mais 14 dias"

por Andreia Martins - RTP
Dawid Zuchowicz, Agencja Wyborcza.pl via Reuters

Os investigadores indicaram que vão realizar uma perícia aos restos mortais do opositor russo durante pelo menos 14 dias e só depois deverão entregar o corpo à família. A informação foi avançada esta segunda-feira pela equipa de Alexei Navalny.

"Os investigadores disseram aos advogados e à mãe de Alexei que não vão devolver o seu corpo, sobre o qual será realizada uma 'perícia química', por mais 14 dias", escreveu no X a porta-voz da Navalny, Kira Iarmich.


Esta informação surge três dias após o anúncio da morte de Alexei Navalny, de 47 anos, principal opositor do regime russo que estava detido numa prisão no Ártico, na região de Yamal, onde cumpria uma pena de 19 anos.

"O corpo de Navalny está escondido para esconderem os vestígios de assassinato. Os 14 dias de 'testes químicos' são uma fantochada e uma mentira descarada", acusou a porta-voz.

Já esta segunda-feira, os investigadores russos tinham indicado à mãe e advogados de Alexei Navalny que a investigação sobre a sua morte tinha sido "prolongada" e negaram, pelo terceiro dia consecutivo, o acesso da família ao corpo do opositor russo.

"Não sabemos quanto tempo isto vai durar. A causa da morte ainda é 'indeterminada'. Estão a mentir, a ganhar tempo e nem estão a esconder isso mesmo", afirmou Kira Iarmich na rede social X.

Hoje mesmo, a mãe do principal opositor de Vladimir Putin foi impedida de entrar na morgue e o advogado terá sido "literalmente empurrado" do edifício onde se localiza o necrotério, acrescentou ainda a porta-voz.

Alexei Navalny era há vários anos a principal figura da oposição a Vladimir Putin. Estava detido desde janeiro de 2021, altura em que regressou a Moscovo depois de vários meses de internamento na Alemanha após ter sido envenvenado, uma ação que os opositores atribuem ao Kremlin.

Nos últimos dias, várias cidades russas foram palco de homenagens à principal figura da oposição na Rússia com protestos e monumentos improvisados, muitos dos quais junto a memoriais de outras vítimas de repressão.

Na sequência destes protestos, pelo menos 400 pessoas foram detidas e 150 foram mesmo condenadas a penas de prisão nos últimos três dias, segundo revelam organizações de Direitos Humanos citadas pela agência France Presse.

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