Netanyahu avisa que Israel não vai avançar com cessar-fogo em Gaza até receber lista de reféns

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Foto: Anadolu via AFP

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou este sábado que Israel não vai avançar com o cessar-fogo em Gaza até receber a lista dos 33 reféns que serão libertados pelo Hamas na primeira fase do acordo. Num discurso ao país este sábado, Netanyahu sublinhou que Israel mantém o direito de "retomar os combates" se a segunda fase do acordo for "infrutífera".

"Não avançaremos com o acordo até recebermos a lista de reféns que serão libertados, conforme acordado. Israel não tolerará violações do acordo”, disse Netanyahu num comunicado na rede social X, sublinhando que “a única responsabilidade é do Hamas".

Questionado pela AFP, um porta-voz do primeiro-ministro israelita disse que a lista em questão diz respeito aos reféns que serão libertados no domingo e que o Hamas deveria ter entregue a Israel 24 horas antes.

O acordo está planeado a entrar em vigor às 06h30 GMT (mesma hora de Lisboa) deste domingo, depois de ter sido aprovado pelo Governo israelita na sexta-feira à noite. De acordo com informações fornecidas por ambas as partes, a primeira troca de prisioneiros não deverá ocorrer antes das 16h30 locais (14h30).

A primeira fase do acordo, que se estenderá por seis semanas, prevê a cessação das hostilidades e a libertação de 33 reféns detidos em Gaza em troca de 737 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

O Governo israelita anunciou que os reféns seriam libertados já este domingo, sem especificar o número ou a que horas. O Hamas não divulgou nenhuma lista dos reféns a serem libertados. Fontes próximas do grupo militar palestiniano revelaram apenas que o primeiro grupo de reféns a ser libertado será composto por três mulheres israelitas.

Israel, por sua vez, divulgou uma lista de nomes dos 95 detidos palestinianos que serão libertados no domingo, a maioria dos quais são mulheres e menores.

Entre os presos que deverão ser libertados por Telavive encontra-se Zakaria al-Zoubeidi, responsável por atentados anti-israelitas e antigo chefe local das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, o braço armado do partido Fatah do presidente Mahmoud Abbas.

Segundo o Egito, "mais de 1.890 prisioneiros palestinianos" serão libertados por Israel durante esta primeira fase. Os restantes, incluindo soldados do sexo masculino, serão libertados numa segunda fase.
Netanyahu sublinha que tem o direito de “retomar os combates”
Num discurso ao país este sábado – o primeiro desde que o cessar-fogo foi acordado – Benjamin Netanyahu sublinhou que a primeira fase do acordo é "um cessar-fogo temporário” e que tanto Donald Trump como Joe Biden apoiam “o direito de Israel de retomar os combates” se a segunda fase for “infrutífera”.

“Se tivermos de voltar à luta, faremos isso de forma mais agressiva”, asseverou.

Benjamin Netanyahu diz que não vai ceder até que todos os reféns sejam libertados e confirmou que o acordo de cessar-fogo em Gaza foi alcançado com a cooperação do presidente dos EUA, Joe Biden, e do presidente eleito, Donald Trump.

Netanyahu apresentou o acordo como uma vitória de Israel, afirmando que foi alcançado “porque o Hamas mudou a sua posição”, depois de o exército israelita ter enfraquecido o eixo do Irão ao matar líderes do Hamas e do Hezbollah.

"Tal como vos prometi, mudamos a face do Médio Oriente e, como resultado, o Hamas continua derrotado e sozinho", acrescentou Netanyahu.

Netanyahu disse que o acesso ao corredor de Filadélfia - que separa a Faixa de Gaza da Península do Sinai - e a presença militar israelita ao longo da fronteira com Gaza eram pré-requisitos para aceitar o acordo.

“Aumentaremos nossa presença militar lá”, disse Netanyahu, acrescentando que Israel não permitirá “a chegada de nenhuma arma” para o Hamas.


O primeiro-ministro israelita esclareceu ainda que nenhum “prisioneiro cujas mãos estejam manchadas de sangue” será libertado como parte do acordo.

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