New York Times publica novo cartoon controverso

Depois do recente cartoon, desenhado pelo cartoonista português António, que gerou uma controvérsia mundial, o New York Times (NYT) volta a ser alvo de críticas por mais um cartoon acusado de antissemita.

RTP /
Donald Trump e Benjamin Netanyahu na Casa Branca, nos Estados Unidos da América, no passado mês de março. Leah Millis - Reuters

O desenho do cartoonista português, António Antunes, gerou polémica nos últimos dias por apresentar o Primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como um cão-guia que lidera e conduz um presidente americano cego.

Esta semana o NYT publicou outro cartoon “ofensivo” com tropos alegadamente antissemitas, segundo escreveu no Twitter Jonathan Greenblatt, o diretor da Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês).


O recente desenho mostra o primeiro-ministro de Israel com óculos escuros a tirar uma selfie com um tablet marcado com uma estrela de David. Segundo o Jerusalem Post, a imagem apresentava Netanyahu a ver-se como um Moisés dos tempos modernos.

Greenblatt referiu-se a este cartoon ainda como “insensível, inadequado e ofensivo”, realçando que o jornal americano “precisa de educar os seus funcionários sobre o antissemitismo”.
Cartoon controverso gera novas ilustrações
Num clima de agitação em volta do cartoon de António Antunes, surge uma nova versão de um ilustrador israelita.

Shay Charka, cartoonista israelita, publicou a sua própria versão do desenho controverso, depois de o NYT ser acusado de divulgar imagens antissemitas.

Na versão de Charka, a cabeça de Donald Trump é um jornal do NYT e a cabeça do cão, representando Benjamin Netanyahu foi substituída por uma cópia dos 'Protocolos' - uma referência aos chamados Protocolos dos Sábios de Sião, que se tornou uma ferramenta de propaganda antissemita.

A Estrela de David presente originariamente na coleira do cão também foi substituída pelas letras "BDS" - um golpe contra a campanha pró-palestina de boicote, desinvestimento e sanções que denuncia os colonatos judaicos na Cisjordânia e tem sido acusada pelos críticos de ser uma campanha anti-semita.





Após a reação global ao desenho, o NYT desculpou-se pelo cartoon “ofensivo”, como “erro de julgamento”. O desenho foi inicialmente publicado no jornal português Expresso, antes de ser reimpresso no New York Times.

O embaixador de Israel nos Estados Unidos da América, Ron Dermer, associou o jornal NYT ao "ódio aos judeus por partes crescentes da classe intelectual", num discurso durante as celebrações do Dia em Memória do Holocausto.

Dermer acrescentou ainda que os editores do jornal "decidem vergonhosamente, semana após semana, apresentar o Estado judeu como uma força do mal".

O cartoonista Zeev Engelmayer foi um dos poucos israelitas a defender publicamente o cartoon de António.

PUB