Cartoonista António nega antissemitismo e defende o direito à crítica
O cartoonista António, há décadas a publicar no semanário Expresso, viu o seu trabalho envolvido em polémica depois de o New York Times ter publicado e logo de seguida “despublicado” um trabalho seu com uma nota a lamentar o alegado teor anti-semita do cartoon. António rejeita a ideia de antissemitismo, reafirmando antes a ideia de uma crítica expressa à política expansionista de Telavive.
O seu trabalho de 19 de Abril está, contudo, sob os holofotes internacionais por alegada carga anti-semita. À RTP, António rejeitou essa ideia, sublinhando que o trabalho é antes uma crítica à política de “um Estado expansionista” que há muito cultiva esta estratégia, “muito conveniente”, de alimentar a confusão entre o que é antissemitismo e anti-sionismo.
Num tweet, Trump Jr. afirma: “Não tenho palavras para o flagrante antissemitismo aqui exposto. Imaginem se isto não estivesse num jornal de esquerda?”; e reproduz outros tweets que criticam o trabalho de António.
Amazing!!! This is what these incredible men and women do every day (even carrying while off duty) and despite being vilified non stop by the leftists and the media.
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) 28 de abril de 2019
A good guy with a gun yet again stops a piece of garbage. https://t.co/agslOkgjCF
Foi um dia até que o próprio presidente abrisse a sua conta para também ele atacar a decisão do NYT de publicar o trabalho do cartoonista português. Donald Trump refere-se ao episódio como “o ponto mais baixo do jornalismo” do New York Times, dizendo tratar-se de um “terrível cartoon anti-semita”.
The New York Times has apologized for the terrible Anti-Semitic Cartoon, but they haven’t apologized to me for this or all of the Fake and Corrupt news they print on a daily basis. They have reached the lowest level of “journalism,” and certainly a low point in @nytimes history!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 29 de abril de 2019
Confrontado com o tweet de Donald Trump, António desvalorizou a crítica do presidente norte-americano, “um comentário que é de quem o faz”, com um conceito de jornalismo assente nas “fake news”.
An Editors' Note to appear in Monday’s international edition. pic.twitter.com/1rl2vXoTB3
— New York Times Opinion (@nytopinion) 27 de abril de 2019
O cartoonista lamenta a polémica, mas em particular o que considera uma tentativa de silenciar as críticas ao que – reafirma – são políticas erradas do Estado de Israel e essa estratégia montada (por Telavive e Washington) para que não se fale desses assuntos incómodos da ocupação sionista na Palestina e nos Montes Golan.
O cartoonista António não é alheio a polémicas. É conhecido o cartoon do papa João Paulo II com um preservativo no nariz, na altura uma crítica mordaz contra as ideias defendidas pelo Vaticano de que a abstinência era a melhor arma contra a propagação da sida.