"Nino" Vieira - dados biográficos

Derrotado e humilhado no conflito militar de 1998/99, João Bernardo "Nino" Vieira regressou à Guiné-Bissau e, em pouco mais de três meses, mudou a sua imagem, impondo-se novamente na presidência guineense.

Agência LUSA /

Segundo os resultados provisórios hoje divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), "Nino" Vieira obteve na segunda volta das presidenciais, realizada no passado domingo, 52,35 por cento dos votos, enquanto o seu adversário, Malam Bacai Sanhá, recolheu 47,65 por cento.

Seis anos depois de ter sido obrigado a exilar-se em Portugal, "Nino" Vieira deverá regressar ao poder, onde se manteve ao longo de 19 anos, entre 1980 e 1999, derrotando precisamente aquele que lhe tinha sucedido, embora interinamente, na chefia do Estado e que, a 19 de Junho, venceu a primeira volta do escrutínio.

A vida de "Nino" Vieira, 66 anos, de etnia papel, general de divisão, embora na reforma desde 1994, confunde-se com os 32 de história da Guiné-Bissau, em cuja capital nasceu a 27 de Abril de 1939.

Um dos mais importantes comandantes da guerrilha do PAIGC contra o regime colonial português, foi "Nino" Vieira, quem leu a proclamação unilateral de independência da Guiné- Bissau, a 24 de Setembro de 1973, quando era presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento) nas então chamadas "zonas libertadas".

A proclamação, que só seria reconhecida por Portugal quase um ano depois, foi feita nas colinas de Madina do Boé, leste da Guiné-Bissau, numa altura em que o prestígio de "Nino" Vieira ainda estava longe de atingir o auge.

A ascensão foi, porém, fulgurante nos sete anos que se seguiram, e já sob a presidência de Luís Cabral, passa de líder da ANP para primeiro comissário (cargo equivalente ao de primeiro-ministro), tornando-se um dos principais promotores do golpe militar de 14 de Novembro de 1980 que depôs o então chefe de Estado.

Assumindo-se como presidente da Guiné-Bissau, "Nino" iria manter-se no cargo 18 anos, tendo aderido às liberalizações económica, em 1987, e política, em 1990, o que lhe permitiu legitimar o poder quando, em 1994, venceu as primeiras eleições gerais multipartidárias da História da Guiné-Bissau.

Quatro anos mais tarde, a 07 de Junho de 1998, é confrontado com um levantamento militar, que 11 meses mais tarde, a 07 de Maio de 1999, levaria "Nino" Vieira, substituído interinamente por Bacai Sanhá, a partir para o exílio em Portugal, onde se manteve seis anos.

Em Maio deste ano, regressou a Bissau para se recensear e candidatar às presidenciais, tendo obtido na primeira volta o segundo lugar, atrás de Bacai Sanhá, com pouco menos de 30.000 votos.

Na segunda volta e segundo os resultados provisórios avançados pela CNE, "Nino" conseguiu 216.167 votos, mais 19.408 do que Bacai Sanhá, que obteve 196.759.

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