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Nobel da Paz. Corina Machado denuncia "terrorismo de Estado" na Venezuela e apela à "luta pela liberdade"
María Corina Machado estará em Oslo esta quarta-feira e poderá reunir-se com a família após mais de um ano em parte incerta. A sua filha recebeu o Nobel da Paz e leu o discurso em seu nome.
Num discurso proferido esta quarta-feira pela sua filha durante a entrega do Nobel da Paz em Oslo, a laureada María Corina Machado vincou que as democracias devem estar preparadas para lutar pela liberdade de modo a sobreviverem. A opositora denunciou ainda o “terrorismo de Estado” do Governo liderado pelo presidente Nicolás Maduro.
“Estou aqui em nome da minha mãe, María Corina Machado, que uniu milhões de venezuelanos num esforço extraordinário”, começou por dizer a filha de María Corina Machado, Ana Corina Sosa Machado, ao subir ao palanque.
“Graças a todos vós, a luta pela verdade, pela democracia, e pela paz de todo um povo é reconhecida mundialmente”, vincou.
Visivelmente emocionada, a filha da opositora anunciou que a mãe estaria em Oslo dentro de algumas horas e que poderia finalmente abraçá-la após 16 meses separadas, já que Corina Machado entrou na clandestinidade após a última eleição presidencial da Venezuela, em agosto do ano passado.
A vencedora do Nobel da Paz estará "de volta à Venezuela muito em breve", assegurou a sua filha.
“A minha geração nasceu numa democracia vibrante e nós tomávamos isso como garantido. Presumíamos que a liberdade era tão permanente quanto o ar que respirávamos”, continuou.
“Quando percebemos o quão frágeis as nossas instituições se tinham tornado, um homem que outrora liderara um golpe militar para derrubar a democracia foi eleito presidente. Muitos pensavam que o carisma poderia substituir o Estado de Direito”. Corina Machado lamentou que, “hoje, nove milhões de venezuelanos tenham sido forçados a fugir do país”.
“Já passaram três décadas de luta contra uma ditadura brutal e já tentámos tudo: os diálogos foram traídos, os protestos de milhões foram esmagados, as eleições foram engendradas. Acreditar-se num futuro parecia impossível”.
No entanto, em outubro de 2023 “a Venezuela acordou” e “reclamou o seu direito de votar” nas eleições primárias, que uniram “uma rede de cidadãos”.
Renasceu então “a confiança de uma nação”, apontou Corina Machado, lembrando que nessa altura o regime a proibiu de se candidatar à Presidência. “Foi um duro golpe, mas os mandatos pertencem ao povo”, declarou, pela voz da filha.
Referindo-se aos sequestros, torturas e perseguições a opositores, Machado condenou "crimes contra a humanidade documentados pelas Nações Unidas" e denunciou "um terrorismo de Estado utilizado para sufocar a vontade do povo". "Para ter democracia, temos de estar prontos para lutar pela liberdade", acrescentou.
Enquanto a filha lia o discurso, María Corina Machado estava representada na Câmara Municipal de Oslo através de um grande retrato.
Esta manhã, o Instituto Nobel norueguês indicou que a opositora venezuelana "está em segurança" e estará em Oslo esta quarta-feira, apesar de não participar nas cerimónias de entrega do prémio.
Num áudio divulgado ao final da manhã pelo instituto, a laureada indicou que estava "a caminho" da capital norueguesa. Ausente das cerimónias, fez-se representar pela filha Ana, que leu o seu discurso e recebeu o prémio.Na clandestinidade há mais de um ano
Em agosto de 2024, Corina Machado, de 58 anos, entrou na clandestinidade poucos dias depois da última eleição presidencial, em que foi impedida de se candidatar.
A última aparição pública foi a 9 de janeiro, numa manifestação em Caracas contra a tomada de posse de Nicolás Maduro.
O Prémio Nobel da Paz foi atribuído no dia 10 de outubro pelos esforços de Corina Machado para promover uma transição democrática na Venezuela.
Em novembro, o procurador-geral da Venezuela, alinhado com Nicolás Maduro, tinha afirmado à agência France-Presse que, em caso de saída do país, a opositora seria considerada "foragida".
“Estou aqui em nome da minha mãe, María Corina Machado, que uniu milhões de venezuelanos num esforço extraordinário”, começou por dizer a filha de María Corina Machado, Ana Corina Sosa Machado, ao subir ao palanque.
“Graças a todos vós, a luta pela verdade, pela democracia, e pela paz de todo um povo é reconhecida mundialmente”, vincou.
Visivelmente emocionada, a filha da opositora anunciou que a mãe estaria em Oslo dentro de algumas horas e que poderia finalmente abraçá-la após 16 meses separadas, já que Corina Machado entrou na clandestinidade após a última eleição presidencial da Venezuela, em agosto do ano passado.
A vencedora do Nobel da Paz estará "de volta à Venezuela muito em breve", assegurou a sua filha.
Ana Corina Sosa Machado passou então a ler o discurso da mãe, que começou por evocar “um povo e da sua longa caminhada para a liberdade”.
"Terrorismo de Estado"
“A minha geração nasceu numa democracia vibrante e nós tomávamos isso como garantido. Presumíamos que a liberdade era tão permanente quanto o ar que respirávamos”, continuou.
“Quando percebemos o quão frágeis as nossas instituições se tinham tornado, um homem que outrora liderara um golpe militar para derrubar a democracia foi eleito presidente. Muitos pensavam que o carisma poderia substituir o Estado de Direito”. Corina Machado lamentou que, “hoje, nove milhões de venezuelanos tenham sido forçados a fugir do país”.
“Já passaram três décadas de luta contra uma ditadura brutal e já tentámos tudo: os diálogos foram traídos, os protestos de milhões foram esmagados, as eleições foram engendradas. Acreditar-se num futuro parecia impossível”.
No entanto, em outubro de 2023 “a Venezuela acordou” e “reclamou o seu direito de votar” nas eleições primárias, que uniram “uma rede de cidadãos”.
Renasceu então “a confiança de uma nação”, apontou Corina Machado, lembrando que nessa altura o regime a proibiu de se candidatar à Presidência. “Foi um duro golpe, mas os mandatos pertencem ao povo”, declarou, pela voz da filha.
Referindo-se aos sequestros, torturas e perseguições a opositores, Machado condenou "crimes contra a humanidade documentados pelas Nações Unidas" e denunciou "um terrorismo de Estado utilizado para sufocar a vontade do povo". "Para ter democracia, temos de estar prontos para lutar pela liberdade", acrescentou.
Enquanto a filha lia o discurso, María Corina Machado estava representada na Câmara Municipal de Oslo através de um grande retrato.
Esta manhã, o Instituto Nobel norueguês indicou que a opositora venezuelana "está em segurança" e estará em Oslo esta quarta-feira, apesar de não participar nas cerimónias de entrega do prémio.
Num áudio divulgado ao final da manhã pelo instituto, a laureada indicou que estava "a caminho" da capital norueguesa. Ausente das cerimónias, fez-se representar pela filha Ana, que leu o seu discurso e recebeu o prémio.Na clandestinidade há mais de um ano
Em agosto de 2024, Corina Machado, de 58 anos, entrou na clandestinidade poucos dias depois da última eleição presidencial, em que foi impedida de se candidatar.
A última aparição pública foi a 9 de janeiro, numa manifestação em Caracas contra a tomada de posse de Nicolás Maduro.
O Prémio Nobel da Paz foi atribuído no dia 10 de outubro pelos esforços de Corina Machado para promover uma transição democrática na Venezuela.
Em novembro, o procurador-geral da Venezuela, alinhado com Nicolás Maduro, tinha afirmado à agência France-Presse que, em caso de saída do país, a opositora seria considerada "foragida".