Número de migrantes a cruzar o Mediterrâneo atinge marca histórica

por RTP
Migrantes chegam de barco à ilha grega de Lesbos; o mau tempo no Mediterrâneo fez diminuir as chegadas diárias, de 5.500 para 1.500 em poucos dias Dimitris Michalakis - Reuters

Cerca de 168.000 migrantes e refugiados atravessaram em setembro o Mediterrâneo, rumo à Europa. É um novo recorde mensal, anunciou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

A organização espera a chegada de cerca de 700.000 pessoas à Europa através do Mediterrâneo até finais de 2015 e o mesmo número, se não mais elevado, em 2016.

Além de um recorde mensal para setembro, o número de chegadas é cinco vezes superior ao registado no mesmo período em 2014.

"Em setembro, cerca de 168.000 pessoas atravessaram o Mediterrâneo", revelou o porta-voz da ACNUR numa conferência de imprensa em Genebra.

Para a organização da ONU, a manutenção do nível alto de chegadas prova a necessidade de colocar em prática um plano de distribuição de 120.000 refugiados acordado a 24 de setembro pelos Estados-membros da União Europeia.
Mau tempo afeta migração
O ACNUR exortou ainda a Europa a criar verdadeiros centros de acolhimento, de recenseamento e de triagem de migrantes, concebidos nomeadamente para identificar entre eles os mais suscetíveis de obter asilo.

Desde o início de 2015 já chegaram às costas europeias mais de 520.000 migrantes, essencialmente sírios e afegãos. Cerca de 3.000 pessoas morreram ou desapareceram durante a travessia do Mar Mediterrâneo.

Cerca de 400.000 entraram na Europa pela Grécia (dos quais 153.000 em setembro) e 131.000 por Itália.

As más condições meteorológicas do inverno poderão fazer abrandar as chegadas. Foi o que sucedeu nos últimos dias, na Grécia. As chegadas caíram de 5.000 por dia para 3.300 e 1.500 na quinta-feira.
Críticas de Tsipras
O ACNUR mostra-se inquieto pela insuficiência das "capacidades de receção" na Grécia, receando que possa vir a comprometer o programa europeu de partilha dos refugiados.

Na quinta-feira o primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, garantiu no seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, que o seu país "faz tudo o que pode" para acolher dignamente os migrantes, criticando aqueles que querem "erguer muros ainda mais altos" para deter o fluxo.
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