Obama e McCain centram atenções nos números do desemprego

Os últimos dados do Departamento do Trabalho norte-americano revelam que em Setembro 159 mil pessoas perderam o emprego nos Estados Unidos. Os números começam a marcar a cadência da campanha eleitoral para as eleições presidenciais de Novembro: Barack Obama e John McCain esgrimem argumentos sobre as suas ideias para a política fiscal e prometem estancar a hemorragia na economia.

Carlos Santos Neves, RTP /
Obama promete "reconstruir a classe média" e McCain propõe-se "limpar a confusão criada pela ganância" Shawn Thew, EPA

A taxa de desemprego nos Estados Unidos cifra-se em 6,1 por cento da população activa, o que corresponde ao nível mais elevado dos últimos cinco anos.

Os números relativos a Setembro, libertados esta sexta-feira pelo Departamento do Trabalho, suplantaram em 59 mil postos de trabalho as estimativas que haviam sido avançadas pela generalidade dos analistas norte-americanos.

Desde o início do ano, a economia dos Estados Unidos já perdeu 760 mil empregos. Num contexto de crise do sistema financeiro, os mais recentes dados do desemprego vêm acentuar a pressão sobre os ramos legislativo e executivo no sentido de resgatar os Estados Unidos ao espectro da recessão.

A Casa Branca, pela voz do porta-voz Tony Fratto, não se coíbe de traçar um quadro em tons sombrios: “Todos têm de compreender que a nossa economia vai precisar de algum tempo para recuperar da correcção imobiliária, dos preços elevados da energia e da crise do crédito”.

No campo da campanha eleitoral, os tickets republicano e democrata apressaram-se a levar o tema para a primeira linha da contenda.

Se o republicano John McCain promete ir “à raiz da crise”, o adversário democrata, Barack Obama, alerta os norte-americanos para o que considera ser o perigo de ver prorrogadas por mais quatro anos as políticas da actual Administração.

Economia “no trilho errado”

Na perspectiva de John McCain, os mais recentes dados do Departamento do Trabalho vieram demonstrar que a economia norte-americana está hoje “no trilho errado”.

“É imperativo que o Congresso actue para atender à crise financeira, protegendo os contribuintes e sendo bons guardiões dos seus dólares”, sustentou o senador republicano do Arizona, em comunicado difundido após a publicação do relatório da Administração.

McCain afirma que a solução para o abalo na economia dos Estados Unidos passa por “reformar Wahington e limpar a confusão criada pela ganância e pelo capitalismo de intimidade de gigantes das hipotecas apoiados pelo Governo – Fannie Mae e Freddie Mac”.

“Ao contrário do senador Obama, não acredito que possamos criar um único emprego americano com um aumento de impostos, avançando para uma vertigem de despesa em massa e fechando mercados”, frisa ainda o senador veterano.

“A nossa nação não pode suportar os impostos mais altos do senador Obama”, remata.

”Reconstruir a classe média”

Também Barack Obama foi lesto na reacção aos números do desemprego, passando de imediato à ofensiva contra as propostas do adversário republicano.

“Com três quartos de um milhão de empregos perdidos este ano e milhões de famílias em dificuldades para pagar as contas e conservar as casas, este país não pode aguentar o plano do senador McCain para dar à América mais quatro anos das mesmas políticas que devastaram a nossa classe média e a economia nos últimos oito”, propugnou Obama.

O comunicado do senador do Illinois sintetiza as promessas do ticket democrata no capítulo da economia: “Ao invés do plano do senador McCain para conceder benefícios fiscais aos gestores e companhias que deslocalizam empregos, vou reconstruir a classe média e criar milhões de novos empregos através do investimento nas infra-estruturas e em energias renováveis, o que vai reduzir a nossa dependência do petróleo do Médio Oriente”.

“Chamarei também o Congresso a aprovar um plano de resgate imediato para a nossa classe média que irá trazer um alívio fiscal, salvar um milhão de empregos e salvar as nossas comunidades locais de cortes orçamentais nocivos e aumentos de impostos dolorosos”, afirma Obama.
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