"Olhos em bico": Governo chinês suspeita Comissão Europeia de racismo

por RTP
O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi Jason Lee, Reuters

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês não gostou duma piada do comissário europeu Günther Oettinger sobre "olhos em bico" e deu-lhe um público e exemplar puxão de orelhas. Na Comissão Europeia, a piada do ex-comissário alemão também não caiu nada bem.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês emitiu um comunicado, citado no site de Der Spiegel , com o reparo em termos glaciais: "Esperamos que aprendam a olhar-se a si próprios e aos outros de forma objectiva, a respeitar os outros e a tratá-los como tendo direitos iguais".

Não há uma trancrição na íntegra do discurso, mas um vídeo colocado no YouTube pelo editor Sebastian Marquart mostra um excerto das declarações de Oettinger referindo-se a "orelhas em bico e olhos em bico". O comissário europeu da Economia Digital, membro do partido democrata-cristão de Angela Merkel, tinha lançado perante uma plateia de empresários de Hamburgo uma diatribe em que disparava para todos os lados: contra os chineses, contra as mulheres, contra os casamentos homossexuais.

Na sequência da reacção chinesa, Oettinger retractou-se imediatamente, afirmando que "foi uma declaração informal, que de modo algum pretendia faltar ao respeito à China". A sua correligionária Manuela Schwesig, igualmente membro da CDU e ministra da Família, por seu lado, reagira indignada: "As afirmações do sr. Oettinger são homofóbicas e racistas e não correspondem ao que é de esperar de um comissário da UE".

Oettinger está na short list para substituir a actual comissária europeia para o Orçamento, Kristalina Georgiewa, quando esta sair para o seu novo posto no Banco Mundial.

A secretária-geral do SPD, reflectindo sobre o incidente dos "olhos em bico", pôs em dúvida a competência de Oettinger para a promoção que estava na forja, de um comissariado menor para um mais importante: "Alguém que cultiva ressentimentos racistas e homofóbicos desqualifica-se para uma responsabilidade política de topo".
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