Um estudo na posse da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que não há provas conclusivas de que o novo coronavírus se propague através das superfícies, contrariando tudo o que tem sido dito e defendido até agora. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou a existência desse trabalho que, caso se verifique, é "uma boa notícia porque permitirá o nosso retorno à normalidade mais à vontade". Mas alerta que ainda "é cedo" para tirar conclusões definitivas.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde mantém a recomendação de que objetos e superfíceis sejam desinfetados sempre que seja possível.
Este documento, a que o jornal espanhol El Mundo teve acesso, faz referência a um outro estudo em que se dizia que o vírus pode sobreviver até sete dias numa superfície. A OMS recorda no entanto que esses testes foram realizados em laboratório e não num ambiente do mundo real, o que pode alterar muita coisa.
"Não é um estudo conclusivo, não é um assunto encerrado", diz a Diretora-Geral da Saúde
A investigação alega, e isso é certo, que o novo coronavírus se transmite principalmente através da proximidade física pelo trato respiratório. "No momento da publicação deste documento não foi possível relacionar de forma conclusiva o contágio através de uma superfície contaminada", está escrito no documento da OMS.
Em março, a Organização Mundial da Saúde alegava que de acordo com os estudos disponíveis este coronavírus podia "persistir nas superfícies de algumas horas até vários dias".
"Se assim for é uma boa notícia"
Questionada sobre esta notícia, na habitual conferência de imprensa desta tarde, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, começou por alertar que se trata de "uma indicação". Mas confirmou que "a OMS refere de facto que parece que é mais difícil do que se pensava" a transmissão do vírus através das superfícies.
"Dito isto", continuou, "não é um estudo conclusivo, não é um assunto encerrado".
Graça Freitas afirmou que a OMS continua a recomendar como essencial a desinfeção e a limpeza das superfícies porque "há outros vírus que conhecemos melhor e que se transmitem por essa via".
Disse ainda a responsável portuguesa que a DGS vai continuar "a acompanhar" esses estudos. "Se assim for, obviamente é uma boa notícia porque permitirá o nosso retorno à normalidade mais à vontade. Mas creio que ainda é um pouco cedo".