ONU. Israel comete "genocídio na Faixa de Gaza"

O relatório da Comissão de Inquérito da ONU sobre os direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados conclui que "Israel está a cometer genocídio na Faixa de Gaza". Os especialistas garantem que os israelitas tentaram aniquilar a capacidade reprodutiva palestiniana.

Cristina Santos - RTP /
Ebrahim Hajjaj - Reuters

No documento, divulgado esta manhã em Genebra, os investigadores garantem que Israel "cometeu genocídio em Gaza e continua a fazê-lo".

Chris Sidoti, um dos especialistas independentes que escreveu o relatório da ONU, acusa Israel de tentar, de forma deliberada, aniquilar a capacidade reprodutiva da população palestiniana.

O especialista revela que as forças israelitas levaram a cabo uma ação para destruir cerca de quatro mil embriões fertilizados de uma clínica na Faixa de Gaza.

A comissão da ONU concluiu que Israel cometeu quatro dos cinco critérios da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio: 

- matar; 
- causar danos físicos ou mentais graves; 
- impor deliberadamente condições de vida calculadas para provocar a destruição total ou parcial dos palestinianos; 
- e impor medidas destinadas a impedir os nascimentos.

O relatório cita como prova entrevistas com vítimas, testemunhas, médicos, análises de imagens de satélite desde o início da guerra.

O embaixador de Israel na ONU, Daniel Meron, considera o relatório "escandaloso", "falso" e que foi escrito por "representantes do Hamas". "Israel rejeita categoricamente o discurso difamatório publicado hoje por esta comissão de inquérito", afirmou o embaixador aos jornalistas.

Israel acusa a comissão de ter uma agenda política contra Israel e de se desviar do seu mandato, e recusou-se a cooperar com ela.

Antes, o porta-voz do MNE israelita tinha acusado os três peritos da comissão de confiarem "inteiramente em falsidades do Hamas, propagadas e repetidas por outros", que "já tinham sido completamente desmascaradas".

A Comissão de Inquérito da ONU é composta por três membros. A equipa foi liderada pela ex-secretária de direitos humanos da ONU, a sul-africana Navi Pillay.

A comissão foi criada pelo Conselho de Direitos Humanos, o principal órgão de direitos humanos da ONU, mas não fala pelas Nações Unidas.

Embora nem a comissão nem o Conselho de Direitos Humanos possam tomar medidas contra um país, estas conclusões podem ser usadas no Tribunal Penal Internacional (TPI) ou no Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), um órgão da ONU.

As conclusões da comissão são as mais recentes acusações de genocídio contra o governo de Netanyahu, enquanto Israel continua a guerra contra o Hamas.

Tal como os Estados Unidos de Donald Trump, Israel não reconhece o Conselho de Direitos Humanos da ONU como autoridade e frequentemente acusa o conselho e suas comissões de parcialidade.

Acusações de genocídio são especialmente sensíveis em Israel, um país fundado como um refúgio para judeus após o Holocausto. 

Este foi um dos piores episódios da História Mundial e é resumidamente explicado desta forma
num breve texto na página eletrónica da Direção-geral de Educação portuguesa: ”o Holocausto foi um genocídio sem precedentes, organizado, perpetrado pela Alemanha Nazi e pelos seus colaboradores, com o objetivo de apagar da face da Terra a cultura, as tradições, e o povo Judeu. A principal motivação do Holocausto foi a ideologia Nazi, racista e antissemita. Os Judeus não foram as únicas vítimas da Alemanha Nazi, mas foram o único povo ou grupo designado para um total extermínio – essa é a peculiaridade da Shoah (Holocausto).”
PUB