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ONU promete que investigação sobre assassinatos no Sudão levará culpados à justiça
Mais de 150 mil pessoas foram mortas desde o início da guerra civil. A ONU promete investigar os responsáveis pelo massacre em El-Fasher.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU apoiou por unanimidade uma nova
investigação independente sobre os assassinatos em massa em El-Fasher. A investigação pretende identificar aqueles que ordenaram e executaram o massacre.
"A comunidade internacional tem o dever claro de agir"
Durante uma reunião de emergência esta sexta-feira, em Genebra, o chefe dos Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, declarou que perante as atrocidades que estão a ocorrer em El-Fasher "a comunidade internacional tem o dever claro de agir".
"Os nossos alertas não foram ouvidos. As manchas de sangue no solo em
El Fasher foram fotografadas do espaço. A mancha no histórico da
comunidade internacional é menos visível, mas não menos prejudicial", afirmou Volker Türk, indicando que assinou mais de 20 declarações em que a sua equipa documentou repetidamente a situação em El-Fasher no último ano.
#Sudan: Atrocities in El Fasher were foreseen and preventable – but were not prevented.
— Volker Türk (@volker_turk) November 14, 2025
The international community must act now to protect civilians and prevent further crimes.
My speech to @UN_HRC: https://t.co/J9F2UXic5U pic.twitter.com/ZvoZ7ZWfup
Desde o início da guerra civil, há mais de dois anos, mais de 150 mil sudaneses foram mortos e cerca de 12 milhões foram forçados a fugir das suas casas.
"Ração animal e cascas de amendoim"
O alto comissário da ONU lamentou "o desprezo pela vida humana" no Sudão, onde as "pessoas foram reduzidas a ração animal e a cascas de amendoim", fruto do "cerco estrangulador e sufocante", e onde morrem de "inanição" por falta de alimentos.
"Nenhum de nós deve ficar surpreendido com as notícias de que, desde que
as RSF assumiram o controlo de El-Fasher, tem havido assassinatos em
massa de civis, execuções por motivos étnicos, violência sexual,
incluindo violação em grupo, raptos para obtenção de resgate, detenções
arbitrárias generalizadas, ataques a instalações de saúde, pessoal
médico e trabalhadores humanitários, e outras atrocidades terríveis", constatou.
"Estão envolvidos inúmeros países da região"
Sem referir casos específicos, Volker TürK avançou que neste conflito "estão envolvidos inúmeros países da região". Os Emirados Árabes Unidos são acusados de enviar armas para as Forças de Apoio Rápido (RSF), enquanto o Irão é acusado de fornecer algumas armas ao exército sudanês.
Numa declaração conjunta, o G7 condenou no início da semana a violência crescente no Sudão, afirmando que o conflito entre o exército sudanês e o grupo paramilitar das Forças de Apoio Rápido (RSF) desencadeou "a maior crise humanitária do mundo".
As conclusões da investigação independente serão remetidas para o Tribunal Penal Internacional (TPI) que está a acompanhar situação de perto, disse Volker TürK.