ONU receia repetição das atrocidades contra minoria rohingya perseguida na Birmânia

por Lusa
Cathal McNaughton - Reuters

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos disse hoje temer uma repetição das atrocidades cometidas em 2017 contra a minoria muçulmana rohingya, perseguida no Myanmar (ex-Birmânia).

Em comunicado, Volker Türk manifestou a sua grande preocupação com a acentuada deterioração da situação na Birmânia, em particular no estado de Rakhine, onde "centenas de civis terão sido mortos quando tentavam fugir dos combates".

Os confrontos têm abalado o estado de Rakhine desde que o Exército Arakan (AA), um grupo étnico rebelde armado, atacou as forças de segurança da junta em novembro, pondo fim a um cessar-fogo que tinha sido amplamente respeitado desde o golpe militar de 2021.

De acordo com o alto comissariado das Nações Unidas, nos últimos quatro meses, dezenas de milhares de pessoas, muitas das quais rohingya, fugiram de uma grande ofensiva do AA para assumir o controlo das cidades de Buthidaung e Maungdaw.

A 05 de agosto, ao longo do rio Naf, na fronteira com o Bangladesh, dezenas de pessoas terão sido mortas, incluindo por `drones` armados, segundo a ONU, que afirmou não saber qual a parte responsável pelo conflito.

"Milhares de rohingyas foram forçados a fugir a pé, uma vez que o exército de Arakan os tem empurrado repetidamente para locais com poucos refúgios seguros", afirmou Türk.

"Enquanto os pontos de passagem para o Bangladesh permanecem fechados, os membros da comunidade rohingya encontram-se encurralados entre o exército e os seus aliados e o Exército Arakan, sem qualquer meio de alcançar a segurança", salientou.

Türk lamentou os ataques a civis que fogem do estado de Rakhine e "teme uma repetição das atrocidades cometidas contra os rohingya em 2017".

Centenas de milhares de rohingyas fugiram do estado de Rakhine em 2017, perante a perseguição em larga escala do exército birmanês, que está a ser investigado pelas Nações Unidas por genocídio.

"Este mês marca o sétimo aniversário das operações militares que levaram 700.000 pessoas a atravessar a fronteira para o Bangladesh. Apesar de o mundo inteiro ter dito `nunca mais`, estamos mais uma vez a assistir a mortes, destruição e deslocações" no estado de Rakhine, denunciou o alto comissário.

O AA, que afirma lutar pela autonomia do grupo étnico rakhine, anunciou a sua intenção de assumir o controlo de todo o Estado. Foi acusado pela diáspora rohingya de expulsar os muçulmanos, saquear e incendiar as suas casas, o que o grupo descreveu como "propaganda".

 

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