Operações de Israel em Rafah visam "obstruir" negociações de trégua - Hamas

por Lusa

O movimento islamita palestiniano Hamas defendeu hoje que a ofensiva israelita a Rafah, no sul da Faixa de Gaza, tem como objetivo "obstruir" as negociações dos mediadores no Cairo para uma trégua após sete meses de guerra.

As operações israelitas na cidade de Rafah e no seu posto de passagem fronteiriça "visam obstruir os esforços dos mediadores", declarou Ezzat al-Rishq, membro da direção política do Hamas, num comunicado, reafirmando o compromisso do movimento "em aceitar a proposta apresentada pelos mediadores".

A delegação enviada ao Egito pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) para prosseguir as negociações sobre um eventual acordo de cessar-fogo abandonou hoje o Cairo com destino ao Qatar, sem que até agora tenha havido indicação de possíveis avanços nas conversações.

Al-Rishq sublinhou novamente que o Hamas "mantém a sua posição", que transmitiu aos mediadores, depois de ter aceitado na segunda-feira a proposta do Egito e do Qatar, rejeitada por Israel, que na terça-feira iniciou uma incursão militar em Rafah, após emitir uma nova ordem de evacuação da parte oriental da cidade onde estão concentrados cerca de 1,2 milhões de palestinianos (metade da população daquele território palestiniano), deslocados devido à guerra de Israel contra o Hamas.

Além de considerar que a ofensiva israelita à cidade situada no extremo sul de Gaza e a tomada do lado palestiniano do posto de passagem na fronteira com o Egito pretendem dificultar os esforços dos mediadores, o responsável do Hamas sustentou igualmente que se destinam a "aumentar a agressão e a guerra de extermínio" na Faixa de Gaza, como noticiou o diário palestiniano Filastin, ligado ao movimento islamita.

Horas antes, Al-Rishq já tinha afirmado que a aceitação pelo grupo da proposta de cessar-fogo apresentada pelo Egito e o Qatar "confundiu" o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o colocou perante "um dilema".

"Israel não está a ser sério sobre alcançar um acordo e está a usar as negociações como cobertura para invadir Rafah", argumentou.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também 250 reféns, 128 dos quais permanecem em cativeiro e pelo menos 35 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

A guerra, que hoje entrou no 216.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 35.000 mortos, pelo menos 78.404 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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