Mundo
Oposição síria dá a Assad 48h para acabar com a violência
O Presidente do governo sírio, Bashar al-Assad, tem dois dias para acatar o plano de paz acordado com o enviado especial Koffi Annan ou enfrentará as consequências, ameaçou em comunicado, publicado no YouTube, o comandante do Exército rebelde Síria Livre. O coronel Qassim Saadeddine diz que Assad tem até às 12:00 de sexta-feira para se decidir.
"A liderança conjunta do Exército Síria Livre anuncia que dá ao regime um prazo final de 48h para implementar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. O prazo termina às 12:00 de sexta-feira (09:00 GMT) a partir do qual ficaremos livres de quaisquer compromissos e iremos defender e proteger os civis, as suas aldeias e as suas cidades", afirmou Saadeddine.
A ameaça surge quase em simultâneo com a exigência declarada esta tarde pela oposição síria de que só a partida de Assad poderá salvar o plano de paz.
Novo massacre em Deir al-Zour
Quatro dias depois do massacre de Houla, a missão de observadores da ONU na Síria anunciou a descoberta dos corpos de 13 homens, de mãos atadas atrás das costas e alguns aparentemente executados a tiro à queima-roupa.
O novo massacre deu-se em Deir al-Zour no leste da Síria e surge depois de em Houla terem sido mortas mais de 100 pessoas, entre elas dezenas de crianças. A maioria das vítimas de Houla terá sido igualmente executada e não morta por bombardeamentos.
O chefe da missão de observadores, o general norueguês Robert Mood, afirmou-se "profundamente perturbado" com o novo massacre de Deir al-Zour, que qualificou "ato aterrador e indesculpável".
Governo e rebeldes sírios culpam-se mutuamente pelas mortes e pelas execuções sumárias.
Assad tem de partir
"Um entendimento internacional para a partida de Assad é o único meio para salvar o plano de Annan e encontrar uma solução política, sem a qual a situação corre o risco de explodir e ameaçar toda a região", considerou em comunicado o Conselho Nacional Sírio (CNS), que agrupa quase toda a oposição.
O CNS acusou ainda a Rússia de encorajar o regime de Assad a cometer "crimes selvagens". A Rússia é um dos maiores fornecedores de armas de Damasco e, com a China, tem bloqueado sistematicamente as pressões da ONU sobre o regime de Bashar al-Assad.
Segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH), apesar das tréguas declaradas, deram-se hoje novos bombardeamentos, em Douma (arredores de Damasco) e em Homs, no centro da Síria. Os combates entre exército e rebeldes fizeram pelo menos 39 mortos."Abrir os olhos"
Em Nova Iorque, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU reuniram-se para ouvir, por videoconferência, Jean-Marie Guehenno, adjunto do Enviado Especial à Síria, Koffi Annan, e Hervé Ladsous, chefe das operações de manutenção de paz da ONU.
Ambos fizeram o relato dos recentes massacres, em Houla e em Deir al-Zour. Analisaram ainda a continuação da violência na Síria.
Antes da apresentação dos relatórios, o embaixador alemão afirmou esperar que "o massacre de Houla abra os olhos de alguns países membros" numa referência implícita à proteção que Moscovo e de Pequim continuam a dar a Damasco.
Peter Wittig defende igualmente que o Conselho de Segurança reforce o contingente de 300 observadores da ONU no terreno algo que Moscovo já classificou de "prematuro".
Ankara expulsa diplomatas sírios
Domingo passado, o Conselho de Segurança adotou por unanimidade uma declaração de condenação do governo sírio pelo massacre de Houla, na sequência da qual vários governos ocidentais, entre os quais a França, o Reino Unido e o Japão expulsaram terça-feira os representantes diplomáticos sírios.
Um gesto considerado "contraproducente" pela Rússia. Em retaliação, o governo sírio expulsou a encarregada de negócios da Holanda, uma das últimas diplomatas ocidentais ainda em Damasco. Mas sofreu novo revés esta quarta-feira, quando o governo de Ankara se juntou ao protesto ocidental e deu 72 horas aos representantes sírios na Turquia para abandonarem o país.
Estados Unidos e Qatar impuseram entretanto esta tarde novas sanções, desta vez financeiras, fechando os respetivos sistemas bancários ao Banco Islâmico Internacional Sírio, considerado uma "via de financiamento de primeira ordem" do Presidente Bashar al-Assad, conform um comunicado do Departamento de Tesouro norte-americano.
"Revolta não vai parar"
Em 14 meses de revolta, a violência na Síria fez mais de 13.000 mortos, 1,800 dos quais desde o início das tréguas acordadas por meio de Koffi Annan. O enviado especial da ONU e da Liga Árabe, considerou esta tarde na Jordania que "uma intensificação dos esforços internacionais é necessária para por fim à violência"
O seu adjunto Guéhenno sublinhou ao Conselho de Segurança a necessidade de "lançar um verdadeiro processo político" para interromper o ciclo de violência e avisou que sem negociações entre o governo e a oposição, a revolta que dura há 14 meses, não será suspensa.
Segundo diplomatas sob anonimato, o adjunto de Koffi Annan terá dito que "as pessoas perderam o medo" ao mesmo tempo que reconhecia que negociações "diretas entre o governo e a oposição são impossíveis neste momento".
A ameaça surge quase em simultâneo com a exigência declarada esta tarde pela oposição síria de que só a partida de Assad poderá salvar o plano de paz.
Novo massacre em Deir al-Zour
Quatro dias depois do massacre de Houla, a missão de observadores da ONU na Síria anunciou a descoberta dos corpos de 13 homens, de mãos atadas atrás das costas e alguns aparentemente executados a tiro à queima-roupa.
O novo massacre deu-se em Deir al-Zour no leste da Síria e surge depois de em Houla terem sido mortas mais de 100 pessoas, entre elas dezenas de crianças. A maioria das vítimas de Houla terá sido igualmente executada e não morta por bombardeamentos.
O chefe da missão de observadores, o general norueguês Robert Mood, afirmou-se "profundamente perturbado" com o novo massacre de Deir al-Zour, que qualificou "ato aterrador e indesculpável".
Governo e rebeldes sírios culpam-se mutuamente pelas mortes e pelas execuções sumárias.
Assad tem de partir
"Um entendimento internacional para a partida de Assad é o único meio para salvar o plano de Annan e encontrar uma solução política, sem a qual a situação corre o risco de explodir e ameaçar toda a região", considerou em comunicado o Conselho Nacional Sírio (CNS), que agrupa quase toda a oposição.
O CNS acusou ainda a Rússia de encorajar o regime de Assad a cometer "crimes selvagens". A Rússia é um dos maiores fornecedores de armas de Damasco e, com a China, tem bloqueado sistematicamente as pressões da ONU sobre o regime de Bashar al-Assad.
Segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH), apesar das tréguas declaradas, deram-se hoje novos bombardeamentos, em Douma (arredores de Damasco) e em Homs, no centro da Síria. Os combates entre exército e rebeldes fizeram pelo menos 39 mortos."Abrir os olhos"
Em Nova Iorque, os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU reuniram-se para ouvir, por videoconferência, Jean-Marie Guehenno, adjunto do Enviado Especial à Síria, Koffi Annan, e Hervé Ladsous, chefe das operações de manutenção de paz da ONU.
Ambos fizeram o relato dos recentes massacres, em Houla e em Deir al-Zour. Analisaram ainda a continuação da violência na Síria.
Antes da apresentação dos relatórios, o embaixador alemão afirmou esperar que "o massacre de Houla abra os olhos de alguns países membros" numa referência implícita à proteção que Moscovo e de Pequim continuam a dar a Damasco.
Peter Wittig defende igualmente que o Conselho de Segurança reforce o contingente de 300 observadores da ONU no terreno algo que Moscovo já classificou de "prematuro".
Ankara expulsa diplomatas sírios
Domingo passado, o Conselho de Segurança adotou por unanimidade uma declaração de condenação do governo sírio pelo massacre de Houla, na sequência da qual vários governos ocidentais, entre os quais a França, o Reino Unido e o Japão expulsaram terça-feira os representantes diplomáticos sírios.
Um gesto considerado "contraproducente" pela Rússia. Em retaliação, o governo sírio expulsou a encarregada de negócios da Holanda, uma das últimas diplomatas ocidentais ainda em Damasco. Mas sofreu novo revés esta quarta-feira, quando o governo de Ankara se juntou ao protesto ocidental e deu 72 horas aos representantes sírios na Turquia para abandonarem o país.
Estados Unidos e Qatar impuseram entretanto esta tarde novas sanções, desta vez financeiras, fechando os respetivos sistemas bancários ao Banco Islâmico Internacional Sírio, considerado uma "via de financiamento de primeira ordem" do Presidente Bashar al-Assad, conform um comunicado do Departamento de Tesouro norte-americano.
"Revolta não vai parar"
Em 14 meses de revolta, a violência na Síria fez mais de 13.000 mortos, 1,800 dos quais desde o início das tréguas acordadas por meio de Koffi Annan. O enviado especial da ONU e da Liga Árabe, considerou esta tarde na Jordania que "uma intensificação dos esforços internacionais é necessária para por fim à violência"
O seu adjunto Guéhenno sublinhou ao Conselho de Segurança a necessidade de "lançar um verdadeiro processo político" para interromper o ciclo de violência e avisou que sem negociações entre o governo e a oposição, a revolta que dura há 14 meses, não será suspensa.
Segundo diplomatas sob anonimato, o adjunto de Koffi Annan terá dito que "as pessoas perderam o medo" ao mesmo tempo que reconhecia que negociações "diretas entre o governo e a oposição são impossíveis neste momento".