Palestinianos "morrem de frio" em Gaza por falta de ajuda denuncia ONU

O chefe da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente, Philippe Lazzarini, alertou hoje para as condições adversas em que vive a população da Faixa de Gaza devido a tempestades de inverno.

Lusa /

"Com as fortes chuvas e o frio trazidos pela tempestade `Byron`, as pessoas na Faixa de Gaza estão a morrer de frio", afirmou Lazzarini nas redes sociais, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.

Lazzarani disse que "as ruínas inundadas" onde os palestinianos se refugiaram, após mais de dois anos de uma ofensiva militar de Israel, "estão a desabar, provocando uma maior exposição ao frio".

O chefe da UNRWA, a sigla inglesa por que é conhecida a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente, denunciou novamente as dificuldades dos trabalhadores humanitários face às restrições na ajuda.

"Estão a lutar para satisfazer as necessidades no meio de contínuas restrições à entrada de tendas e outros materiais de abrigo em Gaza", lamentou.

Lazzarini disse que os fornecimentos da UNRWA "estão há meses à espera de entrar" no enclave palestiniano governado pelo grupo extremista Hamas desde 2007.

Apelou para que seja permitida "a entrada de ajuda em grande escala e sem demora para evitar que mais famílias deslocadas corram grave perigo".

Além de mais de 70.600 mortos, segundo o governo do Hamas, a ofensiva israelita causou a destruição de grande parte das infraestruturas do território de 365 quilómetros quadrados e mais de dois milhões de habitantes.

A ofensiva seguiu-se a um ataque de milícias palestinianas extremistas lideradas pelo Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

A porta-voz do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) em Gaza, Olga Cherevko, reconheceu que as necessidades ultrapassam a velocidade com que é possível "responder e prestar ajuda".

"Ainda não chegam fornecimentos suficientes", justificou Cherevko, referindo sobretudo materiais para abrigos e para reparar infraestruturas e os sistemas que "existiam antes da destruição".

"Continuamos a enfrentar muitíssimos impedimentos, incluindo o facto de ainda termos um número limitado de rotas", afirmou.

A porta-voz disse que "ainda há um número limitado" de vias para transportar mercadorias, apesar de as agências humanitárias solicitarem "constantemente que se abram passagens adicionais, e que operem de forma sistemática e fiável".

Cherevko disse que todos os obstáculos "devem ser eliminados" para que os trabalhadores humanitários possam continuar a responder em grande escala "o mais rapidamente possível".

"Porque temos capacidade, mas estamos limitados a acelerar o processo e a satisfazer realmente as necessidades das pessoas, já que estas aumentam a um ritmo superior ao que podemos", afirmou.

Cherevko explicou que o OCHA se tem focado no apoio para o inverno, porque cerca de 1,3 milhões de pessoas necessitam de abrigo devido às numerosas tempestades das últimas semanas, que inundaram várias zonas do enclave.

"Prestámos-lhes ajuda (...) porque quando as tempestades chegaram, muitas pessoas perderam tudo", relatou.

Em apenas três ou quatro dias, as agências da ONU distribuíram cerca de 3.800 tendas, mais de 4.500 lonas e milhares de artigos de cama, entre outra ajuda, a cerca de 4.800 famílias.

"E continuamos a fazê-lo diariamente", assegurou Cherevko, alertando para o aumento do risco de hipotermia por as condições de vida em Gaza serem "muito difíceis".

Israel e o Hamas concordaram com um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, que entrou em vigor em 10 de outubro, embora o grupo palestiniano acuse as forças israelitas de continuarem os ataques.

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