Mundo
Papa preocupado com "Médio Oriente sem cristãos"
Francisco reuniu-se no Vaticano com os patriarcas e arcebispos-mores das Igrejas Orientais católicas e apelou ao direito à liberdade religiosa. "Não nos resignemos a pensar no Médio Oriente sem os cristãos", disse o Papa, manifestando "grande preocupação" pela situação dos fiéis naquela zona. As comunidades cristãs, presentes no Iraque, Síria, Irão e Egito desde o início da cristandade, estão em riscos de desaparecer, fugindo e exilando-se devido à perseguição religiosa e à guerra.
A Assembleia Plenária da Congregação para as Igrejas Orientais tem como título "As igrejas Orientais Católicas 50 anos depois do Concílio Vaticano II", mas o tema central acabou por ser a ameaça de extinção vivida pelas comunidades cristãs na região, cujos números têm vindo a diminuir de forma drástica.
A Assembleia reúne, de 19 a 22 de novembro, no Vaticano, os principais prelados das Igrejas Orientais, representantes do rito bizantino, siríaco oriental ou caldeu, siríaco ocidental e maronita, arménio e alexandrino, com o prefeito da Congregação, o cardeal Sandri e outros prelados do Dicastério.
Quinta-feira de manhã, o Papa Francisco participou dos trabalhos, reunindo-se com os patriarcas e arcebispos-mores das Igrejas do oriente na Sala do Consistório e depois com todos os participantes da Assembleia Plenária, na Sala Clementina.
Apelo à liberdade religiosa
Francisco pediu no encontro que lançassem juntos "um apelo a fim de que seja respeitado o direito de todos a uma vida digna e a professar livremente a própria fé". Além disso, invocou a oração comum, pois ela "desarma a insipiência e gera o diálogo, onde está aberto o conflito".
"O Bispo de Roma", afirmou o Papa, "não terá paz enquanto existirem homens e mulheres, de qualquer religião, atingidos na sua dignidade, desprovidos do necessário para a sobrevivência, privados do futuro, obrigados à condição de prófugos e refugiados".
Preocupado com todos os crentes, o Papa garantiu contudo uma proximidade especial aos católicos do Oriente, durante o encontro na Sala do Consistório. "Através dos vossos rostos vejo as vossas Igrejas e gostaria, em primeiro lugar, de garantir a minha proximidade e a minha oração pelo rebanho que o Senhor confiou a cada um de vós", disse Francisco.
Apelo do patriarca
A situação mais crítica das comunidades cristãs orientais verifica-se na Síria, onde pelo menos 57 mosteiros e igrejas, muitas com quase dois mil anos de história ininterrupta, foram destruídos em dois anos e meio de guerra.
Calcula-se ainda que mais de 450 mil cristãos sírios, um quarto dos cerca de dois milhões de cristãos sírios ortodoxos, católicos e de outras denominações, estejam deslocados devido ao conflito e que pelo menos 40 mil se tenham refugiado no Líbano e noutros países vizinhos.
De acordo com o patriarca sírio da Igreja greco-católica Melquita, os rebeldes jihadistas vindos de fora do país são os principais perseguidores dos cristãos e de outros crentes. "Todos os sírios estão a ser vítimas, xiitas e sunitas e druzos e cristãos de todas as denominações", afirma Gregório III.As comunidades cristãs sírias têm de pagar pela própria segurança mas, mesmo assim, prelados e fiéis têm sido raptados e mortos. Muitos cristãos têm também sido forçados a abandonar as suas casas sob ameaça de conversão forçada.
No início da semana, antes de viajar para Roma, Gregório III apelou mesmo aos fiéis para que permanecessem no país, apesar da guerra brutal.
"Digo aos meus filhos, fiquem no país, o futuro vai ser difícil, mas irá melhorar, se Deus quiser," afirmou numa entrevista, apelando igualmente aos países ocidentais que "não incentivem os cristãos sírios a emigrar."
Gregório III acusou também os Estados Unidos e outros países ocidentais de prolongarem o conflito por "armarem os rebeldes".
Oração pela Síria
No início dos trabalhos da Assembleia Plenária, quinta-feira de manhã, o cardeal prefeito da Congregação, Leonardo Sandri celebrou missa na capela do Coro da Basílica de São Pedro, rezando especialmente pela população síria.
"No coração floresce a súplica premente para que a paz seja logo restabelecida e seja segura em todos os lugares. Sejam finalmente serenos os dias e as noites, especialmente para os muitos inocentes, envolvidos num turbilhão de sofrimentos sem fim. Aos santos do Oriente, ao apóstolo Pedro e também a Paulo, o qual no caminho de Damasco recebeu a luz da fé cristã, confiemos a nossa oração pela angustiada população síria", disse Sandri.
Ameaçados de extinção
Noutros países vizinhos, como o Iraque, comunidades cristãs florescentes há dez anos perderam milhares de fiéis, a maioria dos quais fugiram ou foram mortos, em atentados especificamente contra igrejas.
Antes de 2003, a população cristã no Iraque rondava o milhão de pessoas. Atualmente, existem cerca de 400 mil, de acordo com o patriarca caldeu D. Luis Sako, líder de uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo.
Na cidade de Dura, perto de Bagdade, de 150 mil cristãos de três denominações (assírios, caldeus e siríacos) em 2003, distribuídos por sete igrejas, restam dois sacerdotes para cerca de dois mil fiéis, afirma por seu lado o arcediago Temathius Esha da igreja assíria.
A Assembleia reúne, de 19 a 22 de novembro, no Vaticano, os principais prelados das Igrejas Orientais, representantes do rito bizantino, siríaco oriental ou caldeu, siríaco ocidental e maronita, arménio e alexandrino, com o prefeito da Congregação, o cardeal Sandri e outros prelados do Dicastério.
Quinta-feira de manhã, o Papa Francisco participou dos trabalhos, reunindo-se com os patriarcas e arcebispos-mores das Igrejas do oriente na Sala do Consistório e depois com todos os participantes da Assembleia Plenária, na Sala Clementina.
Apelo à liberdade religiosa
Francisco pediu no encontro que lançassem juntos "um apelo a fim de que seja respeitado o direito de todos a uma vida digna e a professar livremente a própria fé". Além disso, invocou a oração comum, pois ela "desarma a insipiência e gera o diálogo, onde está aberto o conflito".
"O Bispo de Roma", afirmou o Papa, "não terá paz enquanto existirem homens e mulheres, de qualquer religião, atingidos na sua dignidade, desprovidos do necessário para a sobrevivência, privados do futuro, obrigados à condição de prófugos e refugiados".
Preocupado com todos os crentes, o Papa garantiu contudo uma proximidade especial aos católicos do Oriente, durante o encontro na Sala do Consistório. "Através dos vossos rostos vejo as vossas Igrejas e gostaria, em primeiro lugar, de garantir a minha proximidade e a minha oração pelo rebanho que o Senhor confiou a cada um de vós", disse Francisco.
Apelo do patriarca
A situação mais crítica das comunidades cristãs orientais verifica-se na Síria, onde pelo menos 57 mosteiros e igrejas, muitas com quase dois mil anos de história ininterrupta, foram destruídos em dois anos e meio de guerra.
Calcula-se ainda que mais de 450 mil cristãos sírios, um quarto dos cerca de dois milhões de cristãos sírios ortodoxos, católicos e de outras denominações, estejam deslocados devido ao conflito e que pelo menos 40 mil se tenham refugiado no Líbano e noutros países vizinhos.
De acordo com o patriarca sírio da Igreja greco-católica Melquita, os rebeldes jihadistas vindos de fora do país são os principais perseguidores dos cristãos e de outros crentes. "Todos os sírios estão a ser vítimas, xiitas e sunitas e druzos e cristãos de todas as denominações", afirma Gregório III.As comunidades cristãs sírias têm de pagar pela própria segurança mas, mesmo assim, prelados e fiéis têm sido raptados e mortos. Muitos cristãos têm também sido forçados a abandonar as suas casas sob ameaça de conversão forçada.
No início da semana, antes de viajar para Roma, Gregório III apelou mesmo aos fiéis para que permanecessem no país, apesar da guerra brutal.
"Digo aos meus filhos, fiquem no país, o futuro vai ser difícil, mas irá melhorar, se Deus quiser," afirmou numa entrevista, apelando igualmente aos países ocidentais que "não incentivem os cristãos sírios a emigrar."
Gregório III acusou também os Estados Unidos e outros países ocidentais de prolongarem o conflito por "armarem os rebeldes".
Oração pela Síria
No início dos trabalhos da Assembleia Plenária, quinta-feira de manhã, o cardeal prefeito da Congregação, Leonardo Sandri celebrou missa na capela do Coro da Basílica de São Pedro, rezando especialmente pela população síria.
"No coração floresce a súplica premente para que a paz seja logo restabelecida e seja segura em todos os lugares. Sejam finalmente serenos os dias e as noites, especialmente para os muitos inocentes, envolvidos num turbilhão de sofrimentos sem fim. Aos santos do Oriente, ao apóstolo Pedro e também a Paulo, o qual no caminho de Damasco recebeu a luz da fé cristã, confiemos a nossa oração pela angustiada população síria", disse Sandri.
Ameaçados de extinção
Noutros países vizinhos, como o Iraque, comunidades cristãs florescentes há dez anos perderam milhares de fiéis, a maioria dos quais fugiram ou foram mortos, em atentados especificamente contra igrejas.
Antes de 2003, a população cristã no Iraque rondava o milhão de pessoas. Atualmente, existem cerca de 400 mil, de acordo com o patriarca caldeu D. Luis Sako, líder de uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo.
Na cidade de Dura, perto de Bagdade, de 150 mil cristãos de três denominações (assírios, caldeus e siríacos) em 2003, distribuídos por sete igrejas, restam dois sacerdotes para cerca de dois mil fiéis, afirma por seu lado o arcediago Temathius Esha da igreja assíria.