Partido de Bolsonaro expulsa deputado por críticas a Trump

O partido do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro expulsou hoje um deputado por ter criticado os Estados Unidos pela imposição de sanções ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo da tentativa de golpe de Estado no Brasil.

Lusa /

"Antônio Carlos Rodrigues acaba de ser expulso do Partido Liberal", escreveu, numa nota divulgada pela imprensa, o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.

De acordo com o líder do partido de Bolsonaro, os "parlamentares entendem que atacar o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma ignorância sem tamanho" já que "Trump é o presidente do país mais forte do mundo".

"O que precisamos é de diplomacia e de diálogo, não de populismo barato, que só atrapalha o desenvolvimento da nossa nação. Chega de arrumar confusão. Temos que arrumar o Brasil", concluiu.

Esta decisão surge depois de, numa entrevista divulgada hoje pelo portal Metrópoles, o deputado Antônio Carlos Rodrigues ter afirmado que o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes "é um dos maiores juristas do país, extremamente competente".

"É o maior absurdo que já vi na minha vida política", disse, referindo-se às sanções ao juiz anunciadas na quarta-feira.

O deputado disse ainda que "Trump tem que cuidar dos Estados Unidos" e "não se meter com o Brasil como está se metendo".

Na quarta-feira, os Estados Unidos impuseram a Lei Magnitsky ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes, dispositivo que impõe sanções económicas por violações graves contra os direitos humanos ou corrupção. Poucas horas depois, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou o decreto que oficializa a imposição de tarifas de 50% a vários produtos brasileiros.

As duas decisões estão intimamente ligadas e têm como peça central Alexandre de Moraes, relator do processo no qual Jair Bolsonaro e o seu núcleo são acusados de tentativa de golpe de Estado contra Lula da Silva.

Além de ser considerado o `inimigo número um` do Bolsonarismo, foi também relator do caso no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as plataformas de redes sociais são responsáveis pelo conteúdo ilegal partilhado pelos utilizadores.

Plataformas norte-americanas como X, Instagram ou Facebook devem agora remover imediatamente conteúdo ilegal, como, por exemplo, aquele que defende terrorismo, pornografia infantil, atos antidemocráticos, ou incita ao ódio, sem esperar pela decisão de um juiz.

Estes dois casos foram usados como justificação dos EUA para as sanções tarifárias e contra o próprio juiz.

As sanções anunciadas bloqueiam os possíveis bens e propriedades de Alexandre de Moraes nos Estados Unidos e proíbem os cidadãos norte-americanos de realizarem com ele qualquer transação e surgem depois do juiz ter decretado várias medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de pulseira eletrónica, a proibição de utilizar redes sociais e ainda recolher obrigatório noturno.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-Presidente brasileiro, que se encontra nos Estados Unidos a articular e fazer `lobby` para a imposição de sanções contra o Brasil, reagiu nas redes sociais declarando que estas sanções representam "um marco histórico e um alerta: abusos de autoridade agora têm consequências globais".

Tópicos
PUB