Partido muçulmano francês integra coligação eleitoral europeia pró-Palestina

por Lusa

A União dos Democratas Muçulmanos Franceses (UDMF) revelou hoje que planeia concorrer às eleições europeias de junho integrada numa coligação de vários partidos europeus que apoia o movimento "Palestina Livre".

O objetivo é "fazer ouvir a voz do povo palestiniano" e "lutar contra a contaminação das ideias de extrema-direita que visam os cidadãos de religião muçulmana", explicou à AFP o presidente e fundador da UDMF, Nagib Azergui, que espera apresentar a sua lista "no início de maio".

Esta coligação, que apresentou o seu programa em Bruxelas em 19 de março e se define como "anti sionista e anti imperialista", reunirá "partidos independentes que partilham a mesma ética muçulmana" em França, Espanha (Partido Andaluz), Alemanha (BIG Partei), Bélgica (liderado por Fouad Ahidar), Países Baixos (Nida) e Suécia (Partiet Nyans).

No seu site, a UDMF apela a "uma mudança radical na diplomacia francesa e europeia", com a introdução de sanções contra Israel, incluindo a proibição de venda de armas, um embargo comercial e a exclusão de todas as competições desportivas internacionais.

"A UE é o principal instrumento para resolver este conflito", defendeu Sydney Anders, do partido sueco Nyans, apoiando a aplicação de sanções a Israel a fim de forçar uma solução negociada para o conflito em Gaza.

Questionados sobre os ataques por parte do movimento islamita Hamas contra o território israelita em 07 de outubro de 2023, a representante sueca e o presidente do partido alemão Aliança para a Inovação e Justiça (BIG, sigla em alemão), Haluk Yildiz, responderam que os condenam, mas defendem que "estas ações resultaram de setenta e cinco anos de opressão".

"Temos de estar do lado da justiça e, especialmente na Alemanha, não se quer falar sobre o que aconteceu antes destes ataques", afirmou Yildiz.

Azergui referiu ainda que, embora a França Insubmissa (LFI, coligação de partidos de esquerda e extrema-esquerda) também dê ênfase à situação em Gaza na sua campanha, a UDMF quer "trabalhar de forma diferente", e não fazer apenas "grandes declarações".

Embora pretenda "defender os direitos dos muçulmanos", a UDMF "não é um partido confessional, porque não fizemos do Corão a base do nosso programa", explicou Azergui.

Para além da Palestina, o partido enumera no seu site propostas sobre ambiente, mobilidade, luta contra a evasão fiscal e a discriminação, para tornar a Europa "consistente com as suas promessas de paz no continente e no mundo", acrescentou.

Para além dos resultados das eleições europeias, o dirigente garante que a "verdadeira ambição é 2026", com as eleições autárquicas às quais a UDMF pretende concorrer em três cidades francesas.

A UDMF, criada em 2012, teve menos de de 29.000 votos nas eleições europeias de 2019 e conta atualmente com 650 membros.

O partido pretende compensar a falta de recursos financeiros com uma campanha de base, que começará em meados de maio com uma digressão de autocarro pelos bairros populares de Estrasburgo até à região da Île-de-France.

As eleições para o Parlamento Europeu ocorrem de 06 a 09 de junho de 2024.

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